Capítulo 27

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Não precisava nem que Agnes ou Morpheus entrassem dentro do apartamento para sentir que a magia da areia estava intensa dentro do local, e quando a bruxa empurrou a porta aberta, viu que Johanna se encontrava dentro de um transe.

— Johanna, acorde — chamou o Perpétuo e então, a Constantine se virou para os dois, confusa e com o cenho franzido.

Aos olhos da humana, o local não estava como ela via minutos antes. Parecia sem vida, como se estivesse abandonado.

E Rachel não estava em nenhum lugar, sendo que instante atrás ambas estavam se beijando.

— O que vocês fizeram? 

Morpheus passou pela humana indo direto para onde sua algibeira estava, e Agnes notando a insensibilidade do Perpétuo, se dirigiu para a Constantine.

— Foi a areia. Ela é perigosa para mortais por muito tempo e, eu acho que ela não fez nenhum bem para Rachel.

— O que quer dizer?

A resposta ficou vaga e Johanna seguiu os olhos da bruxa, vendo que no quarto de sua ex, um corpo quase cadavérico poderia ser encontrado segurando a bolsa.

A mente de Johanna se encheu de lembranças quando as duas estavam juntas, e como aquela mulher não se parecia em nada em comparação a como havia visto ela pela última vez.

Morpheus retirou a bolsa de areia das mãos de Rachel e um pedido de devolução poderia ser ouvido, o que fez com que Agnes sentisse seus olhos se enchendo de água e lembrasse de alguém que havia perdido para estados similares ao que via.

— Podemos ir — Morpheus olhou para a bruxa.

— Não podemos — Agnes rebateu — Ela vai morrer.

— A areia não foi feita para mortais.

— Mesmo assim! — protestou a bruxa e Agnes não pensou duas vezes, agarrando a mão de Rachel e passando um feitiço que diminuiria sua dor — Não posso deixá-la sofrendo.

A forma como Rachel ofegava pela falta de ar, gemia em dor fez com que Agnes enchesse os olhos de água.

— Nem todos são o Roderick — disse Johanna, que até então estava calada olhando sua ex morrer e definhar bem na sua frente. Dando um beijo na testa de Rachel, a Constantine agradeceu com os olhos a bruxa por fazer algo que a impedisse de sofrer tanto, e saiu do apartamento sem olhar para trás.

Agnes observou a mulher semi morta novamente na sua frente e lembrou novamente de Betty, em uma cama de hospital há não muito tempo atrás na última noite que a viu com vida, e se lembrou da frase que foi a última que ouviu:

"Espero que você ame novamente."

Morpheus sentiu a dor da bruxa que revivia as memórias de alguém que ele não conhecia, mas que ela sofria, e pegando um punhado de areia da algibeira, jogou em cima de Rachel, fazendo com que ela tivesse bons sonhos e desta forma, partisse em paz.

Ao sentir que a mão não estava lhe segurando mais, Agnes soltou e deixou com que Rachel descansasse em paz.

— Obrigado — murmurou para Morpheus, que apenas não lhe disse nada e saiu do apartamento.

Olhando o corpo da mulher, Agnes cobriu ela com um lençol para não ficar tão exposta enquanto sabia que Johanna cuidaria dos procedimentos e assim, saiu também do local.

•─⊱✨⊰─•

Do lado de fora, Agnes chegou apenas a ouvir a conversa de Johanna com Morpheus a respeito de Matthew, quando Constantine olhou para a bruxa.

— Se cuida.

— Te visitarei em menos tempo — disse a Howe fazendo com que Johanna sorrisse de lado, ambas sabendo que poderia ser mentira — Se cuide também.

Abrindo o guarda-chuva, a Constantine foi em direção a chuva e andou alguns passos antes que Morpheus a chamasse, fazendo-a se virar.

— Aqueles pesadelos não vão mais lhe incomodar — decretou, e ela apenas assentiu, antes de desaparecer diante da chuva torrencial.

Morpheus percebeu que a bruxa ao seu lado estava quieta, e até mesmo mais pálida como se tivesse revivendo velhos fantasmas em sua mente.

— Você está bem? 

Agnes piscou e concordou, dando um leve sorriso antes de olhar para a algibeira em suas mãos, sentindo que Matthew pousou em seu ombro.

— Para onde vamos agora? Buscar seu elmo ou a joia?

— Buscar o elmo no Inferno.

A bruxa sabia que aquilo era um péssimo sinal, talvez um dos piores, porque se o elmo do Perpétuo estava nas terras do Portador da Luz não seria tão fácil de ser adquirido, podendo até mesmo ter a possibilidade de não ser.

— Espera… Inferno como Inferno mesmo ou algo mais metafórico? — questionou Matthew e pelo clima tenso que estava entre o casal na sua frente, o corvo percebeu que era no sentido literal da palavra.

Agnes apenas se aproximou enquanto viu que Morpheus pegava um punhado de sua areia, embora soubesse que ambos podiam ir com a magia da bruxa, mas seria sem grandes formalidades.

E ela sabia que ele era viciado em formalidades e regras.

— Segure-se — ela disse ao corvo, e pode sentir o pássaro ficar mais tenso ou mais preparado para a viagem ao seu lado.

— Ok, foda-se! Vamos ao inferno.

E um redemoinho de areia os envolveu, levando-os embora de Londres.

•─⊱✨⊰─•

Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Mais um capítulo e estamos indo para a parte do Inferno, ansiosos para algumas revelações que virão?

Falando em revelação, neste capítulo tivemos menções a Betty... acharam mesmo que a Agnes não teve seus amores mortais? Logo abrirei mais o jogo sobre eles.

Me digam o que estão achando, quero saber de tudo!

Até o próximo! ✨

O Feitiço do Sonho - SandmanOnde histórias criam vida. Descubra agora