Capítulo 32

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— Tudo começou quando voltei para Londres, ainda no vôo — a bruxa iniciou após bebericar o vinho que Bryana havia aberto — E ele me chamou, usando o recurso mais baixo que é os protocolos porque...

— E você foi? — a garota interrompeu.

— Fui. Não tinha como negar porque é meio que uma regra. Se chamar pelos protocolos, você deve ir, independentemente de onde esteja.

— Hm, continua.

— E ele pediu para que eu ajudasse a reconstruir um reino do qual me baniu, e sem um pedido de desculpas! Perdão! 

— E você?

— Falei que não! — retrucou a bruxa, bebendo mais do vinho que Bryana serviu — Só que ele foi um grande filho da puta, e usou outro recurso que automaticamente ligou comigo de novo.

— Então você ajudou ele — concluiu a ruiva.

— Não tive escolha — a bruxa choramingou, sabendo que havia sido derrotada pelo seu lado interno — Ajudei ele com a merda da areia, revi a Johanna, lembrei da Betty porque a ex da Johanna tava morrendo na minha frente exatamente como já tinha visto antes, e pra piorar — ela fez uma pausa dramática — Eu fui pro Inferno.

Os olhos de Bryana se arregalaram com a informação, principalmente porque ela não era a mais religiosa das garotas.

— E aí? Muito quente lá?

— Frio. Muito frio isso sim.

— Sério? — a ruiva não escondeu a careta — Nada como os filmes? É tipo Mundo Invertido então?

— Não sei como era na parte de baixo em outras áreas, mas onde eu estava era mais frio. Pensei que iria morrer lá, me senti muito confusa, estranha.

Bryana concordou, mesmo que não entendesse o sentimento.

— Teve uma disputa sobre o elmo, e ele quase perdeu. Sabia que se ele perdesse ia virar um escravo lá debaixo? 

— Ele é doido? 

— Aquela prisão mexeu com os neurônios dele — Agnes resmungou — Por sorte conseguimos sair, mas eu estava tão mal que só pensei em procurar ajuda.

Bryana encarou a bruxa na sua frente, sabendo que havia mais coisas que a Howe desejava contar mas lutava.

— E o que você sentiu quando viu ele?

— Como assim?

— Você entendeu — rebateu a ruiva — Você disse da última vez que gostava dele, e que estava lutando para não sentir mais isso. Só que agora vocês se reencontraram, e por mais clichê que seja, está sentindo algo por ele.

— Não sinto nada. Absolutamente nada por Morpheus.

— Agnes — a ruiva olhou descrente para ela — Quem você quer enganar? Esqueceu que eu sou sua irmã de outras vidas?

A bruxa suspirou derrotada e confessou o que negava por anos:

— Eu ainda gosto dele. Eu acho que nunca deixei de gostar em nenhum momento.

Bryana bebeu o resto do vinho.

— Não te culpo, você o ama. E faz isso por amor.

— Acha que é amor?

O Feitiço do Sonho - SandmanOnde histórias criam vida. Descubra agora