Capítulo 11

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Agnes encarava sua figura na frente do espelho, tentando-se convencer de não fazer uma loucura como fugir para longe daquele local e se esconder em uma caverna que ficava em um precipício.

Havia chegado o dia do eclipse, e por mais que ela tivesse se preparado, não sabia se estava pronta para tamanha responsabilidade. Quer dizer, como não ficar apavorada sabendo que o seu equilíbrio era o que também equilibrava o cosmos?

— Tarot, não posso mesmo fingir que estou doente? Sei lá, uma gripe ou uma febre da qual não me curarei nunca.

— Minha senhora — o gato pulou na cama dela — Sabe tão bem quanto eu que, no Sonhar, ninguém fica doente. E também, a senhorita não está tão vulnerável assim para se abater por uma gripe.

— É que — ela se olhou no espelho — E se for um engano? Nem parece ser eu neste reflexo, nesta roupa. Tem certeza que não sou a Agnes errada?

— Você é a Agnes correta, só existe uma que seria capaz de conquistar o lugar de direito e este alguém é você. O equilíbrio conquistará com o tempo, mas uma coisa eu lhe digo — o gato saltou da cama e foi até a frente do espelho, olhando ela pelo reflexo — Eu conheci grande parte das portadoras e ninguém, absolutamente ninguém é como você, senhorita. Portanto, levante essa cabeça que tem um ritual para realizar e ocupar seu lugar de direito.

•─⊱🦋⊰─•

Da forma como Morpheus havia falado, em torno do ciclo dentro do Verde do Violinista, diferentes seres se encontravam para ver Agnes ocupar o seu lugar de direito.

No momento exato, a garota começou a sentir os sinais de que o fenômeno estava se iniciando.

Agnes acendeu as velas e observou se as vasilhas com água, terra, fogo e uma vazia representando o ar estavam nas suas devidas posições. Uma agulha estava dentro do desenho talhado na mesa e, ao picar o dedo, desenhou os contornos com o sangue saindo de forma leve de seu dedo.

Apenas o suficiente para ela mostrar que era a primogênita herdeira.

O desenho das quatro fases da lua ficaram avermelhados, e foi quando a primeira sombra pode ser vista no satélite no céu.

Agnes começou a cantarolar enquanto começava o ritual, concentrando para que conseguisse lembrar de todas as suas ações envolvendo os elementos.

Ela molhou as mãos na água e sujou com terra em seguida, passando-as sobre o fogo.

Afastando-se da mesa, ela começou a desenhar no chão com os pés um círculo trançado, girando e girando enquanto cantarolava o feitiço de olhos fechados, foi quando ela ouviu uma risada perto de si.

Ao abrir os olhos, notou que sua mãe e irmã corriam com ela trancando o círculo, Agnes percebeu que outras mulheres se juntaram a ela antes que todas deixassem-a no meio e se ajoelhassem em seu entorno.

Naquele momento, a lua se escureceu completamente.

Um leve brilho, pálido, circulou a figura da garota que passou a se sentir forte e ilimitada. O reconhecimento de suas ancestrais sobre sua soberania foi feito, e quando a lua começou a aparecer novamente, os olhos de Agnes brilhavam em um mesclado de cinza com azul.

No topo de sua cabeça a coroa que lhe era de direito.

O brilho em torno de si foi se apagando aos poucos e os olhos voltando ao normal, até que a lua voltou a ser como antes, mas ao mesmo tempo diferente.

— Apresento a vocês — a voz de Morpheus quebrou o silêncio — A Senhora da Magia, Portadora do Equilíbrio, Primogênita das Primogênitas, Rainha dos Felinos, Imperatriz Lunar, Agnes Howe.

O Feitiço do Sonho - SandmanOnde histórias criam vida. Descubra agora