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Mais uma noite de festividades em Delrey de Maria. Era a quinta noite que Naruto participava com a intenção de encontrar o Barão, mas parece que apenas os filhos desceram. Ainda dançou duas vezes com Rosa numa noite e passeou com ela em outra. E eles se beijaram, mas para Naruto não significou nada porque não sentiu nada. Se a sua experiência não lhe engana, Rosa Uchiha estava interessada em si. Porém não queria alimentar uma esperança numa menina que aparentemente só quer fugir das rédeas do pai. Seu contato com ela é apenas para se aproximar de Sasuke.

Essa que é a verdade.

Depois de transar com ele, acabou, mas parece que não vai dar certo.

Disse a si mesmo que não vai se prestar ao papel de palhaço para um cara arrogante que dança bem, Naruto ainda não está morrendo de frustração sexual para se prestar a esse papel.

Aquilo só podia ser palhaçada. Ele estava com grandes expectativas para uma coisa que nem tivera um arranjo prévio e nem nada. Até Sakura conseguira uns chamegos de festival, mas ele continuava empatado naquela situação. Tomava uma cerveja para esfriar, porque essa noite está um pouco mais quente e sua raiva deixa tudo pior. Ao acabar e jogar a lata amassada no lixo, decidiu ir embora. Não era dos homens o mais paciente, sobretudo a respeito do que não tem certeza.

E também não queria ter o desprazer de encontrar Humberto.

Vira-o de relance passando com um braço na cintura de uma colega de curso de Sakura, rindo e bebendo que nem o filho da puta que é de verdade. Pobre coitada. Subiu a rua, afastando-se do barulho musical e da multidão, que só aumenta a cada dia, e chegou à praça da igreja, um dos locais mais bonitos da cidade depois da decoração. A torre é o lugar que mais gosta de estar quando fica de folga do trabalho, porque enxerga e sente toda a cidade, toda aquela região e mais para além.

Estranhamente, Naruto ouviu o badalar do sino, mas não ninguém o balançando. É um som distante e agourento, como a sineta do coveiro chamando as pessoas para o cortejo fúnebre. Coisa de cidade pequena. E não vem do alto, vem de dentro. Da igreja. Segue para lá e antes de entrar naquela velha estrutura, mais antiga que a própria cidade, sobre a soleira sentiu um perfume.

Suave e incomum.

Uma mistura da dama-da-noite perto de uma fogueira.

Naruto faz o sinal da cruz na frente do corpo e percebe que a igreja não está vazia como deveria ser àquela hora e nem com suas centenas de velas apagadas.

O padre sempre as apaga após a última missa, a da oito da noite, porque 70% de tudo ali é madeira e já houve um incêndio terrível há mais de 50 anos que quase pôs tudo abaixo. E quase não houve meios convencionais de apagar suas chamas porque elas não eram naturais. Alguém acendeu aquelas velas. No meio do segundo banco à direita, do altar para a saída, tem um homem sentado e conforme Naruto chega mais perto enxerga que ele está debulhando um rosário de contas brancas.

É o Barão.

O chapéu está sobre o joelho, de modo que os espessos cabelos pretos caem por cima do rosto escondendo parte das suas feições, mas não os lábios pronunciando as orações em voz baixa. Sasuke suspirou ao fazer o último sinal da cruz, enrolou o rosário no braço, escondendo-o com a manga da camisa social, levantou-se e saiu pelo outro lado do banco sem olhar para Naruto. Nem parece que o notou. Só quando pisou fora da igreja, o chapéu voltou para a cabeça depois que o homem arrumou os cabelos e ele tirou do colete um cigarro de fumo bravo, porém não conseguia achar um isqueiro.

Naruto acendeu o seu da Bic na frente sem surpreendê-lo. Sasuke olhou-o por uns segundos antes de aproximar a ponta do cigarro da chama. Estão próximos de novo. Perigosamente próximos. E aqueles olhos pretos emoldurados pela idade e pela necessidade constante de erguer muralhas ao redor de si mesmo avaliaram Naruto, que sorriu de maneira amistosa. Este só pedia à santa da cidade para que Rosa Uchiha não aparecesse agora porque sente um comichão de ansiedade no estômago. É a chance que tanto esperou naqueles dias. Estar a sós com o Barão de Sombrero.

O Anjo e o Barão [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora