Leiam com atenção para que não fiquem confusos
VERO POV
A vida sempre me fudeu de todas as formas e eu não sei porque achei que seria diferente na hora da minha morte. Antes de me enterrar o homem pediu desculpas, ele disse que não era nada pessoal e o entendia, afinal ele era um capanga. Eu ouvia a terra sendo jogada em cima do caixão, o ar começava a fica escasso, meu coração batia acelerado, eu não sentia raiva de Cheryl, nem estava decepcionada, não queria que ela fizesse diferente. Só queria que as coisas tivessem sido diferentes, pelo menos entre Lucy e eu. Eu não sei se o homem havia terminado de me enterrar, mas estava tudo silencioso. O silêncio era cruel, me deixava mais nervosa e ansiosa, a sensação de afobamento era enorme. Sentia minha cabeça girar, mesmo não podendo enxergar nada.
- Quando será que minha vida começa a passar diante dos meus olhos? Pessoas cegas tem isso? Porque eu não tenho olhos funcionais para ver a vida passar diante deles. – Parei de falar quando ouvi um barulho. – Porra já tem verme tentando entrar aqui... – Eu estava nervosa, sempre quis ser cremada exatamente para os vermes não me comerem. Fechei a boca e tapei o nariz, mas não tinha como tapar os ouvidos. – Por favor Deus, me mata logo, não quero sentir esses bichos me comendo, sei que eu dizia que você não existia, mas por favor, se você existir me mata logo.
- VERO! – Ouvi a voz de Lucy.
- O ar deve estar acabando, estou tendo alucinações, ainda bem que é a voz da Lucy.
- VERO! – Ouvi uma batida forte na madeira do caixão.
- AHHHH! EU TO AQUI DENTRO! – Quando a tampa foi retirada o ar fresco invadiu meus pulmões e eu senti algum me abraçar.
- Você está viva... Eu consegui chegar a tempo. Me perdoa por não ter chegado antes, me perdoa, meu amor. – Era a voz de Lucy.
- Lucy, o que você está fazendo aqui? Tem um capanga deles aqui, você tem que tomar cuidado, você trouxe uma arma?
- Meu pai cuidou dele... – Senti os lábios dela tocarem os meus, eu não sei se eram lágrimas escorrendo pelo meu rosto, mas eu estava feliz, com muita dor, mas muito feliz. Mas logo a afastei de mim.
- Onde está Cheryl? Ela e Toni estão bem?
- Eu sinceramente não sei, não temos notícia delas.
- Eu espero que elas fiquem bem. – Suspirei.
LUCY POV
Eu andava de um lado para o outro, não sabia o que fazer, eu não podia deixar Vero morrer, mas eu devia esperar e seguir o plano, quando eles achassem a localização de Vero nós avisariam.
- Pai, eles estão demorando muito. – As lágrimas desciam como cachoeira pelos meus olhos. – Eu não sei o que vou fazer se ela morrer.
- Temos que esperar, não adianta sairmos sem nada. – Ele também estava nervoso mesmo não demonstrando, meu pai se aproximou e me abraçou.
- Se eu não fosse tão covarde as coisas poderiam ter sido diferentes.
- Não podemos mudar o passado, filha, mas podemos tentar melhorar o futuro, plantando boas sementes no presente.
Uma mensagem chegou no meu celular, era uma espécie de coordenadas, era um número desconhecido. Mostrei ao meu pai e fomos pesquisar no Google maps o local.
- Fica na construção daquele shopping atrás da rodovia. – Meu pai falou.
- Vamos! – Sai correndo e pude notar meu pai me seguindo. Não demoramos muito para chegar, mas antes que pudesse sair do carro e correr para procurar o local em que o homem estaria com Vero, meu pai me impediu.
- Eu chamei a polícia, mas temos que ter cuidado, os capangas do Reggie devem estar por aqui. – Meu coração abria a mil e eu só queria correr para ajudar a Vero. Fomos caminhando devagar pelo local, até que ouvimos passos, meu pai e eu paramos, um homem negro, alto, meio gordinho, que estava carregando uma pá, apareceu na nossa visão. – Hey, deita no chão! – Meu pai apontou a arma para ele. O homem pareceu se assustar, então apenas saiu correndo. – Eu vou atrás dele, vai atrás da Vero.
Tentei seguir a direção que o homem estava vindo, mas o chão era todo de terra, não sabia onde ele havia enterrado, além de estar escuro. Eu corria pelo local, me ajoelhava no chão e mexia na terra tentando achar algumas pista de ele podia tê-la enterrado.
- VERO! – Gritei desesperada. – VERO! CADÊ VOCÊ! – Continuava gritando e tentando achar algo. Até que em um determinado momento eu cai, porque tropecei numa parte do chão desnivelada, era ali, só podia ser ali. Comecei a cavar com as mãos mesmo, sentia a terra entrando pelas minhas unhas e machucava um pouco, mas eu não parava de cavar. – VERO! – Chamei mais uma vez, eu tinha esperanças que ela me responderia. – Por favor que seja aqui... – Eu implorava a Deus para que Vero pudesse estar ali, eu estava correndo contra o tempo, quanto mais demorasse menos chances ela teria, ainda mais com todos os ferimentos que ela tinha. A terra parecia estar começando a ficar menos macia e mais cheia de pedras e outras coisa duras, tanto que eu sentia minhas unhas sangrarem, eu acabei até perdendo uma unha, mas eu não podia parar. Quando finalmente avistei o caixão gritei mais uma vez – VERO! – Depois bati na tampa.
- AHHHH! EU TO AQUI DENTRO! – Ouvi sua voz abafada. Comecei a procurar onde abria o caixão, passei a mão pelos lados, foi quando finalmente achei e abri rapidamente a tampa. Pude notar ela tomar com urgência. Vero estava quase que irreconhecível, o rosto inchado de tanto apanhar, os olhos estavam vermelhos ao redor, denunciavam a química que jogaram neles. Eu a abracei, eu queria senti-la, tocar para saber que era real. Minhas mãos tremiam, mas a dor que sentia ali não se comparava com a dor que estava sentindo por ela ter se machucado daquela forma.
Depois de uma breve conversa com ela, os paramédicos chegaram, junto com a polícia, eles não retiraram do buraco, meu pai chegou com eles, estava com alguns hematomas, mas parecia bem. Seus olhos estavam vermelhos, cheio de lágrimas, sabia que era pelo alívio por Vero estar bem.
- Você sabe onde seu dedo possa estar? – O paramédico perguntou enquanto anotava algo no papel.
- Sim, tá ali oh. – Vero apontou e o homem olhou. – Ele olhou?
- Sim. – Ela riu, mas logo se encolheu pela dor. – Ela está cega e não temos o dedo. A polícia vai querer falar com vocês.
- Eu posso primeiro receber morfina?
- Eu já apliquei.
- Mas eu ainda estou sentindo dor.
- No hospital você recebe mais. Você vai ter que tomar algumas injeções, principalmente de tétano, não sabemos o que pode ter machucado sua mão e suas unhas.
- Você cavou com as mãos? – Vero perguntou.
- Sim.
- Como você ainda consegue falar?
- Esse é meu super poder.
- Estou vendo. – O que cuidava das minhas mãos falou. – Vamos logo para o hospital.
Estávamos a caminho do hospital, eu estava na ambulância com a Vero, meu pai e a polícia nós seguiam, eu fazia carinho nós cabelos de Vero mesmo com as mãos enfaixadas. De repente um som alto se fez presente, som de algo explodindo, o motorista da ambulância até se assustou e quase perdeu o controle, pouco depois ele parou no acostamento.
- Quer merda foi essa? Uma bomba nuclear?
- Eu não sei, respondi.
- Vocês estão bem?
- Sim, todos bem. – O outro que estava atrás com a gente respondeu.
Abriram a parte de trás da ambulância e um grande clarão no céu atraiu nossa atenção. Uma grande explosão havia acontecido e não era tão longe daqui.
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MASKS - Choni
Fiksi PenggemarDepois de oito meses de namoro, Antoinette recebe o tão esperado pedido de casamento, mas sua certeza começa a virar sua nova dúvida, após conhecer um par de olhos femininos parecidos com os de seu noivo e com as verdades que ela começará a descobri...