O mal sinal chegou muito antes do que Regulus esperava para ser sincero. É claro que ele esperava algum caos ligado a Potter, alguma estupidez vinda de seus ex amigos nunca estava acima do crível — afinal ninguém que segue o Lorde das Trevas depois de dez anos de silêncio é realmente inteligente, ou são mentalmente —, de qualquer forma ele esperava muita coisa, mas um roubo em Gringotes, apesar de tudo, estava um pouco fora da curva para ele.
Veja bem, se ele fosse o Lorde das Trevas que despedaçou sua alma em pelo menos cinco partes, e que foi dado como morto — provavelmente por ainda estar muito fraco para retornar — deveria ser no mínimo mais discreto quando se está tramando sua volta ao mundo bruxo. Mas novamente, Voldemort sempre foi muito egomaníaco para saber o significado real de ser discreto, apesar de tudo.
Então invadir o Gringotes, o maior e mais importante banco bruxo de toda a Europa, e tentar roubar os Duendes, bem isso não é uma boa coisa, mas também é um alarme muito grande para qualquer um que saiba o que havia no cofre invadido, que graças a Dumbledore foi esvaziada mais cedo no mesmo dia.
Quase como se o velho diretor soubesse o que iria acontecer, ou fosse avisado por alguém. Regulus não sabe qual desses dois é o caso, mas a invasão vai ser notícia por muito tempo, então se mais alguma coisa estranha acontecer, eles precisam ficar muito atentos.
Se, de alguma forma, o Lorde das Trevas invadiu ou mandou invadir aquele cofre, é óbvio para Regulus que ele está atrás da Pedra Filosofal, que aliás nem deveria estar nas mãos de Dumbledore, mas ele não está reclamando disso agora. Mas a pedra estava na escola agora, e não que ele questionasse as defesas e a segurança de Hogwarts, ele só aprendeu a não confiar tão cegamente em mais nada.
Pelo menos Hagrid não dirá nada sobre a tarefa que Dumbledore deu de esvaziar o cofre, e no fim, os problemas no ministério iriam atrás de Dumbledore e não de Regulus.
****
— Senhor Black — Regulus elevou os olhos do pequeno frasco de poção que estava examinando, a lição feita por seu quarto ano apenas dez minutos antes, para ver a professora Hooch em pé a sua porta.
— Madame Hooch, como posso ajudar? — ele diz se levantando, para só então notar seu sobrinho ao lado da professora, com um ar arrogante demais para o gosto dele — senhor Malfoy?
— Houve um problema em minha aula — ela começou já se pondo a frente da mesa dele — um acidente com um aluno, senhor Longbottom, ele está bem felizmente. No entanto, enquanto eu o estava levando para a enfermaria, o senhor Malfoy aqui — ela gesticulou para o menino loiro — percebeu que o senhor Longbottom havia deixado cair um objeto pessoal, ao invés de levá-lo para o menino, ele decidiu brincar com o objeto, desobedecendo minha ordem de que ninguém deveria voar sem que eu estivesse presente, e ainda arremessou o objeto para longe em prol de destruí-lo.
Regulus contou até dez em sua mente antes de dizer algo. Ele estava decepcionado, com certeza, mas — infelizmente — não ficou surpreso com isso.
— Tem alguma justificativa para seus atos, senhor Malfoy? — ele perguntou ao sobrinho, já não gostando da resposta quando o garoto estufou o peito para frente como seu pai faz quando quer parecer mais importante do que é.
— Eu só estava brincando — ele disse.
— Ele também entrou em um confronto no ar com Harry Potter — Madame Hooch disse antes que o menino tentasse se fazer de coitado.
— Longbottom não iria usar de qualquer forma, e Potter? — Draco disse agravado — ele me perseguiu.
— Ele teria feito isso se você apenas, não tivesse tocado em algo que não te pertencia ? — Regulus rebateu.
Ele conhece o temperamento do menino, e sabe que nunca lhe foi ensinado ter respeito com outras pessoas fora de seu círculo. E Longbottom pode até ser um Puro-Sangue, e um dos Sagrados Vinte Oito — para o que o valha —, mas sempre foi desprezado pelos outros, principalmente depois de se posicionarem na guerra, com Frank Longbottom sendo um reconhecido auror poderoso.
— Eu achei que seria divertido.
— E foi? — Regulus perguntou.
Draco teve um pouco de bom senso em apenas fechar a boca e parar de cavar sua própria cova.
— Bem, eu agradeço por ter me informado Hooch, tenho certeza que já tem um bom castigo para o seu tempo de detenção — Regulus se virou para falar com a professora, ignorando o olhar assustado de Draco.
Oras, é claro que o pequeno não imaginou que poderia ser punido por seus atos. Consequência não foi algo realmente ensinado na mansão Malfoy. Três dias de detenção após a aula lhe faria algum bem, Regulus pelo menos esperava isso.
***
Ele teve a leve ilusão que esse seria o fim sobre esse assunto, Longbottom foi curado graças aos grandes talentos da Madame Pomfrey e já estava com o resto de sua casa no jantar daquela noite. Draco está infeliz e lhe lançando olhares de traição enquanto reclama com seus colegas, apenas os de sua idade parecem lhe dar algum crédito, os mais velhos sabem sobre a política clara contra bullying que existe na escola. E por mais que não gostem dos quinze pontos que lhe foram debitados logo na segunda semana de aula, eles não tentariam uma revolução inútil quando viram que um dos seus fez por merecer tal coisa. Suas crianças preferiam se esforçar para ganhar mais pontos, se mostrarem mais inteligentes realmente sendo, do que esperneando como bebês.
No entanto, houve uma reviravolta quando, ao se sentar para jantar, ouviu Flitwick e Quirrell comentando sobre o quadribol. Inicialmente Regulus só se surpreendeu por ter a impressão de que Quirrell não se interessava tanto assim pelo esporte, mas isso foi rapidamente ignorado quando eles falaram sobre a nova adição ao time da Grifinória.
Ainda faltam três dias para os testes de Quadribol, então não há um time realmente pronto. Ele se virou para olhar para McGonagall que estava extasiada — o que claro ela disfarçou sobre seu verniz de seriedade, mas depois de dez anos ele pode ver as sutilezas em algumas emoções dela — e quando ela se virou para ele, ela sorriu.
Novamente, não é como se eles não fossem cordiais um com o outro, eles eram, e muito respeitosos apesar dela ainda detestar sonserinos. Isso foi um pouco estranho.
Então veio a razão, e ele não pode parar de pensar que Dumbledore finalmente estava ficando senil — claro, Regulus achou que o velho tinha perdido a sanidade várias vezes, mas agora é diferente —, ele está deixando um primeiranista, uma criança de onze anos jogar quadribol, que não só é perigoso por si só, como o menino mirrado ainda estaria enfrentando outras casas, com alunos — todos os jogadores — pelo menos um ano mais velhos do que ele.
Se Harry Potter fosse como seu pai, talvez Regulus ignorasse isso, para seu particular ódio, James Potter era um grande jogador, ele está maduro o suficiente aos 32 anos para admitir isso para si mesmo sem magoa ou escárnio. Seu filho, no entanto, não era ele, ou sua reencarnação, o garoto mal parecia saber o que fazer no mundo mágico a maior parte do tempo.
Ele despejou suas preocupações com a segurança do menino sobre Dumbledore — para a sua total frustração, mas não realmente surpresa — ele foi ignorado, dispensado de seus pensamentos quanto ao menino.
Ele destrinchou seu desgosto em uma longa carta que queimou por fim, apenas para se livrar da vontade de amaldiçoar Dumbledore.
Esse homem realmente vai me enloquecer um dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pedra Filosofal: Regulus Black, O Mestre de Poções (Livro 1)
FanficEle deveria ter morrido naquela caverna em 1979. Quando pediu para seu elfo, Monstro, o levar até lá, Regulus sabia que estava caminhando em direção a sua morte, mas como tudo em sua vida, nem a morte o deixou escolher. Salvo por Monstro, e com a gr...