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Minha cabeça doía muito, mal conseguia me mexer, sentia um cheiro horrível de mau hálito, talvez eu tenha sido engolida. Abria meus olhos devagar recobrando meus sentidos aos poucos, tentava me apoiar em algo, mas era tudo tão mole e gosmento que sentia o retorno do meu almoço.

Minha memória estava intacta, lembro de ser pega por aquele titã sorridente, e, em seguida, sendo devorada. Eu não sabia em que parte do corpo estava, mas parecia o intestino, o suco gástrico aos poucos desintegrava partes dos corpos humanos que ainda estavam boiando por ali. Não ia demorar muito para que eu fosse a próxima a me afogar ali, aos poucos meu corpo estava afundando.

Fui sugada para baixo, e fica tudo escuro, vejo uma luz e tento me aproximar dela, mas algo me impede e sou jogada para fora. Um lugar que parecia um deserto, o seu estrelado e uma pequena garota mexia em meus cabelos.

— Licença... — A pequena garota não parecia me escutar, ela continuava mexer em meus cabelos, e sorria de forma mínima. — Menina...

— Como você é linda, seus filhos devem ser magníficos... — Ela para, e sentou-se naquele chão coberto de areia — Eu já tive filhos, eram meninas, foram três... O pai delas não foi alguém tão amável assim...

Eu tinha ficado maluca, uma garota que parecia ter, por volta, de seus treze anos, sozinha naquele imenso deserto, de alguma forma, isso me deixou triste. — Oh, eu não tenho filhos, ainda não encontrei alguém que me faça feliz. E desculpe, qual o seu nome?

— Humm... É Ymir... alguém especial? Me diga: o que é ser especial para você? — Eu paralisei por um momento, aquela menina poderia ser a Deusa Ymir?

— É uma pergunta bem complicada para que eu possa responder, desde criança, eu sempre fui à especial, sempre estava em primeiro e melhor do que qualquer um. Então, alguém especial para mim, é alguém melhor que eu.

— Oh... — Ela sorri, e levantava — Você é interessante, fiz bem em te escolher. [Nome], estamos em um lugar dentro de você, esse é a dimensão do nosso poder, tudo o que você sente, eu sinto, estamos conectadas.

— Espera. Você é a Deusa Ymir? Aquela que me escolheu para carregar seu poder? — Levantava assustada, e eu precisava fazer tantas perguntas. — Olha eu...

— Você é burra? Eu acabei de dizer que esse lugar é o nosso poder. E sente-se de volta, nós duas estamos em risco. — Apenas obedeço, e deixo ela falar. — Eu tive uma visão, onde alguém tentava tomar controle de nosso poder, causando uma destruição na humanidade, e infelizmente, ele consegue me silenciar usando o titã de comando, por isso, preciso que evite a "conexão", só que eu não posso específicar como vai ocorrer, mas sei que é o seu irmão o principal envolvido.

— Espera, acho que eu entendi essa "conexão", meu irmão, Zeke, há anos fala sobre um novo mundo que ele quer propôr, e tenta me obrigar a ter filhos, para que seu poder passe adiante. Mas como podemos detê-lo?

— Zeke? Tem certeza? Na minha cabeça só vem o nome: Eren. Ele não para de se repetir diversas vezes. Mas não é a minha voz que repete, e sim, uma garota. Precisamos descobrir quem é, e eu preciso que você se envolva com alguém, para engatilhar uma sensação de desconforto protetivo, já que é seu irmão, provavelmente irá fazer alguma coisa.

— Opa, calma aí, você também quer que eu me envolva com alguma pessoa aleatória? Mas com quem? — Cruzava os braços em indignação, porquê todo mundo queria que eu me envolvesse com alguém ali.

— O tal Ackerman que você precisa matar, crie um vínculo com ele, e mate o Kenny, seja o vilão desde acordo. Eu observo tudo através de seus olhos, e dos outros portadores, conheço aquele assassino e sua família, por grande coincidência, os Ackerman's sempre estiveram conosco, e o Rei Fritz, fez experiências com este clã, fazendo com que todo Ackerman protegesse um portador do titã com quem tivesse algum vínculo especial. Conquiste aquele homem, e faça-o te proteger, e ganharemos do Eren.

— Ok. Isso foi muito repentino, ainda estou tentando absorver algumas informações, mas se algo der errado, como faço para te contatar novamente?

— Beije o Levi. — Ela dá um sorriso atrevido, e logo, sinto meu corpo ser sugado, e acordo em cima da muralha. Estava de noite, as casas foram todas destruídas, uma pedra gigante tampava o buraco da muralha e estranhamente parecia que havia passado dias.

Andei por toda cidade, até chegar onde todos os cadetes dormiam, e estava muito barulhento, parecia que havia um grande festa no lado de dentro. Abro a porta, e um silêncio se estabelece quando toda a atenção é direcionada a mim, será que eu fui considerada morta?

— [Nome]!!! — Annie vem correndo até mim, e me abraça, estranhei porquê nunca vi ela mostrar algum afeto. — Onde você estava? Você está bem? Pensei que havia morrido.

— Verdade, te procuramos por toda a Trost, e você sumiu do mapa — Sasha dizia enquanto comia uma carne roubada do prato de Conne.

— Eu estava tão preocupado...— Betty dizia de modo quieto e simples, e Reiner não comenta nada. No fundo daquele salão, estava um baixinho carrancudo, uma ruiva de óculos e um cara loiro alto, ambos me cercavam com os olhos de modo não tão amigável.

— É bem complicado de dizer, eu fui engolida por um titã, mas não sei como saí de dentro dele. Estou muito cansada, preciso de uma boa noite de sono... — Para evitar mais perguntas, me afasto aos poucos, e iria direto pra o banheiro, e suspiro, mas senti que alguém estava me seguindo.

Trancava a porta do banheiro, e tirava minhas roupas e equipamentos, checo se havia toalhas no banheiro, entro em uma das cabines para começar a me banhar. Abria o chuveiro movido a gás, que era uma das piores invenções do ser humano em Paradis, pois nunca à uma temperatura definida ou está muito quente ou muito fria, nessas horas que sinto saudades do chuveiro elétrico.

Meu corpo estava aos poucos ficando cada vez mais relaxado, fecho meus olhos por um momento, e sinto uma sensação de massagem, parecia que alguém estava me apalpando, as mãos eram firmes, ásperas e cuidadosas. Infelizmente acordo daquela sensação de massagem quando acabo batendo a cabeça na parede acordando. Será que eu estava caindo na ideia de querer me relacionar com alguém?

Saia da cabine enrolada em uma toalha, indo direto ao espelho olhando meu reflexo no espelho, e no canto pude ver alguém atrás de mim, respirei fundo e dei duas batidinhas na cabeça.

— Isso é somente uma ilusão, você está cansada só.

— O que é uma ilusão?

— AAAAA!!!— Grito atacando o sabonete naquele possível fantasma, e me cubro ainda mais com a toalha.

— Ai. — Um cara nanico carrancudo que eu tinha visto no meio daquela comemoração, ele pegava o sabonete no chão e me ficava atento a qualquer movimento meu. — Me perdoe, achei que o banheiro estava vazio, só percebi quando você saiu. Me chamo Levi, sou capitão do 104° Esquadrão e você?...

— T-Tudo bem...— Continuava a observar ele daquele jeito, segurando outro sabonete atrás de mim, e percebo que ele tem o mesmo nome que a Ymir falou para mim. — Sou [Nome] Yeager, não sei em qual esquadrão eu estou, pelo visto, eu desapreci por alguns dias.

— Entendo. Vou colocá-la em meu esquadrão, está faltando alguém de qualquer forma. Yeager, né? Sinto que vou te detestar, boa noite. — Ele se curva, e vai embora, e solto todo o ar que estava engasgado na minha garganta. 

— Caralho.

continua

A Última Chance dos Yeagers. Levi Ackerman. Shingeki no Kyojin.Onde histórias criam vida. Descubra agora