9 - Cinzas, Surpresas e Luto - 3.3

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 Luto

Doze de Janeiro - 2560

             A dor era tão grande que ele não consegui respirar direito.  O pai do  agora marido falecido,  atirava suas verdades a esmo. O que Tay, namorado de Time sabe? O velho xinga o jovem de alcoviteiro e instrutor de mau caminho.  Time entra também como cúmplice  de Tawan. Como assim seu melhor amigo sabia das traições de Tawan e nunca lhe contou? Justo Time que odiava toda e qualquer deslealdade entre um casal.

          O velho continuou dando dados contra tantas pessoas, mas Time o amigo  que acabou de seguir com o corpo de seu amado, justo para que, Vegas, respirasse, ser cúmplice e acobertar as escapadas de seu homem!  

           Não poderia ser verdade. Time e Tay tratavam Tawan com distanciamento, quase com o mesmo  ódio que Tankhun. Descobrir ali, quando ainda via o carro funerário seguir seu caminho, levando o corpo sem vida daquele que há pouco tempo tinha lhe prometido amor, companhia e lealdade, que seus amigos sabiam. 

        A razão lhe perguntava em que horas os dois se aproximavam de seu noivo para orientá-lo em direção  ao mal. Era impossível. A emoção lhe provava que era possível  porque o outro o traia e estava morto por isso e ele nunca desconfiou de absolutamente nada. Tay se defendia irritado e pedia para Tankhun tirar Vegas dali.

         -          Esse velho mentiroso está vomitando suas mentiras  em cima de Vegas. Ele não precisa sofrer toda essa agressão. Ele foi a vítima do desamor desse nojento.

         Vegas ouvia e a sua emoção continuava a construir sua defesa frente o raciocínio. Parecia inocente, mas Tay só queria impedir que a história de sua crueldade  se tornasse pública. Eke jamais defenderia um amigo que traísse seu parceiro e estava ali seu melhor amigo e o companheiro dando cobertura para o homem que ele amava.

         O desespero o cegava. A dor de saber que seu amado lhe era desleal era maior que a perda final sofrida porque as traições vomitadas pelo velho só sujavam as memórias que ele tinha colecionado para acompanhá-lo em seu momento de dor. 

        Uma certeza invadiu sua mente: nunca mais deixaria alguém chegar tão perto assim, nunca mais alguém alcancaria seu coração ou diria que ele era seu marido.

       Puxou o ar, tentando desobstruir-se do ódio que o abraçava e viu sem realmente registrar em sua  memória, Tankhun tirar o velho de perto deles. Sentiu o silêncio evidenciar a dor. Sentiu o vazio nos braços que nunca mais abraçaria Tawan. Sentiu o cheiro de sangue do outro em sua roupa e pele e então um som novo adentrou fino em seus ouvidos.  Sentiu mais que viu  o pai sair correndo para atender uma demanda.

       Gemeu sua solidão. 

       O pai o abandonou! 

         Até  seu pai!

         Minutos depois, khun Khorn surgiu com o menino envolto em roupas sacras. Sem documentos. Sem mamadeira. Sem mordedor. Sem nada. Levemente febril. Olhinhos assustados.  Parecia um Cristo de presépio.  Um pequeno  monge abandonado. Vegas entendeu em meio à sua dor que o som que chamou seu pai foi o choro daquele anjinho. Seu pequeno protetor.

            Sua luz no fim do túnel solitário do sofrimento e do desespero. Sua janela no desespero. Sua porção seca entre as águas da maldade. Sua ilha-socorro.

             Vegas tomou a criança no colo em lágrimas. O corpo de Tawan já tinha ido para o serviço funerário e tudo o que restou foi a criança desconhecida enrolada em roupas sacras. Sua Venice. Seu Venice. Eles se protegeriam, jurou em uma língua que só o amor conhece. 

Dance Comigo, Vegas                #VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora