Pistas

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Nathan

Abro a porta do apartamento de Amelia e não vejo nada fora do lugar, não acho possível alguém entrar aqui sem passar pelo sistema de segurança. Porém quando estou desistindo da ideia de ter alguma coisa aqui, vejo algo que não estava ali quando fui embora hoje cedo.

Hunter fica para trás e foi até a cama para me aproximar da caixa, é uma caixa roxa escura e com uma fita dourada ao redor. Está bem no meio da cama e não tem nenhum cartão em cima ou algo do tipo.

-Você vai tocar?- Hunter pergunta.- Se for uma bomba?

-Acho que não seriam tão burros.- puxo o laço.

-Sei lá, cara, violões são burros.- ele senta em uma das poltronas do quarto.- O que você e ela tem?

-Nada.- minto abrindo a tampa.

-Ela parecia preocupada com você.- cruza os braços enquanto tiro várias fotos da caixa.- Ah, eu não deveria ver isso.

São várias fotos minha e dela e percebo que tem algo escrito atrás de todas em caneta vermelha. "Não sabem de onde vai vir o primeiro golpe", é tudo o que diz, não há mais nada dentro da caixa além de um tipo de toca fitas que parece estar programado para tocar agora.

-Eu acho que isso...

O toca fitas começa a tocar e arregalo os olhos quando minha cabeça começa a rodar, cubro meus olhos com força quando começo a ver coisas que não estão aqui e caio de joelhos no chão quando minha cabeça começa a martelar junto com o som.

Começo a ouvir palavras na minha cabeça e é a voz de Weber, como se ele estivesse sussurrando na minha cabeça. Alguém segura meus ombros e me sacode, mas é como se aqueles sons me deixassem hipnotizado de um jeito dolorido.

Abro os olhos e vejo várias cores e vários círculos infinitos, mas ainda consigo ver Hunter pegando aquele toca fitas e quebrando na parede em milhões de pedacinhos. Caio sentado no chão e minha cabeça parece ter sido estilhaçada.

-Cara, você tá bem?- ele se agacha na minha frente.- Eu não consigo carregar você, então é bom continuar acordado...

-Nathan, Nathan!- alguém entra no apartamento e vejo Palmer na minha frente.

-Como...

-Amelia me chamou.- ele diz.- Esses sons vão fazer você desmaiar já já.

-Por que...

-Eu achei uma saída.- ele pega meu telefone e não consigo me mexer muito bem.- Só preciso usar isso por um segundo.

-Cara, ele vai dormir.- Hunter faz careta.

-Nathan.- Palmer me encara e o observo.- Sinto muito.

-Pelo que?- tento me manter acordado.

-É, pelo que?- Hunter olha para Palmer.

Ele faz algo com meu celular e tento tirar dele, mas Palmer é mais rápido que eu e tira algo do bolso, arregalo os olhos quando é outro toca fitas e Hunter pega a arma ao mesmo tempo que agarra a camisa de Palmer. Aquele som mais fino me deixa atordoado e meus olhos reviram com força antes de eu apagar completamente.

🔸

Amy

-Querida.- alguém toca minhas costas.- Amelia.

-Oi.- levanto minha cabeça.

-Eu estava falando e você estava vagando.- minha avó sorri.

-Desculpa, eu...- respiro fundo.- Desculpa.

-Não se desculpe.- ela termina de fazer os biscoitos.- Mas pegou a receita?

-Sim, bem fácil.- assinto.

-Você tá bem mesmo, querida?- acaricia meus cabelos.

-Sim, tô ótima.- sorrio.- Obrigada pela receita.

-Faz tanto tempo que não vem aqui.- me observa.- Vai ficar um pouco?

-Vou sim.- assinto me sentindo mal.

-Vou ver se sua tia tem sorvete na casa dela pra comer com o biscoito.- ela sai pela porta da cozinha.

Pego meu celular e nesse mesmo instante ele vibra, o mesmo número que Weber estava usando. Abro a mensagem e vejo que é um vídeo, minha boca seca quando vejo Nathan caindo de joelhos e cobrindo os olhos, ele estava gravando da minha porta e eu mandei ele direto pra lá com meu primo.

-Não.- sussurro vendo uma foto de Nathan desacordado.- Não. Não. Não.

Saio de casa e olho envolta me sentindo tonta, meu celular vibra de novo e ele me dá um endereço de onde tenho que ir. Tento respirar direito e não consigo, então começo a correr para a casa de Jake e entro pela garagem vendo que ela tá vazia.

Abro a gaveta de chaves e escolho uma entre as outras, aperto o botão e vejo o carro da chave. Passo por uma mesinha e pego um boné solto por lá antes de entrar no carro e ligar rapidamente, coloco o boné e acelero pela rua do condomínio.

Pego o controle para abrir o portão e abaixo a cabeça para os seguranças e consigo passar, então acelero ainda mais e coloco o endereço que Weber me deu no tablet do carro. Tiro o chapéu e tento controlar minhas emoções enquanto penso no que eu vou fazer quando chegar lá.

Saio da estrada de terra que dá para o condomínio e entro na avenida movimentada que dá na frente do hospital. Acelero desviando dos outros carros e mordo o lábio quando meu celular vibra de novo no mesmo número dizendo que eu tenho que me apressar.

Não sei o que eles podem fazer com Nathan, e eles ainda podem estar com meu primo, se eles colocarem o controle na cabeça de Nathan e mandarem ele fazer algo com meu primo.... é minha culpa de ter mandado ele com Nathan, é minha culpa dele ter ido até meu apartamento onde ele provavelmente poderia estar esperando.

Passo a marcha e ouço algumas buzinas enquanto avanço, minha cabeça está rodando e explodindo enquanto ele continua me mandando mensagem para eu me apressar ou o pior pode acontecer, não tenho tempo para pensar, não sei no que pensar enquanto corro para o endereço que ele me deu.

Não é tempo para pensar, não posso demorar muito, se eles desligarem Nathan e eu chegar muito tarde, não sei se vou poder ir contra ele, não sei nem se alguém vai poder ir contra ele de fato. Ele vai estar perdido e eu não sei como eu vou....como eu vou...

Eu vou chegar a tempo.

O Primeiro Erro - 5° Geração Onde histórias criam vida. Descubra agora