𝐅𝐈𝐑𝐄 𝐎𝐅 𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍, 𝐡𝐨𝐭𝐝 𝐟𝐚𝐧𝐟𝐢𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧.

023: Gelo e Fogo

Um lobo uivou longe.

Rhaella, Aemond e lorde Cregan Stark estavam nas muralhas de Winterfell; cada um vestido com peles de animais em busca de calor.

O vento gelado soprava os cabelos prateados de Rhaella que estavam salpicados com pequenos flocos de neve que ousava cair mais. As mãos da princesa estavam cruzadas em frente ao corpo e ela estava de queixo erguido.

— Então? Por que nos chamou aqui? — Uma pergunta breve dirigida ao lorde Stark.

De fato Rhaella não sabia porque estava ali. Mais cedo naquele dia ela havia ido passear com lady Stark pelo vilarejo; comprara algumas coisas nortenhas e depois fora se deitar um pouco no castelo. Acordou depois da hora do jantar e somente porque uma criada havia ido lhe chamar a pedido do Senhor de Winterfell.

Faziam três dias que eles estavam ali — quase cinco se contar o dia e meio de viagem de Pedra do Dragão até ali. A princesa queria voltar para casa.

O céu estava claro e com a lua cheia iluminando tudo, fazendo a neve branca brilhar. Rhaella olhou para a enorme bola brilhante no céu, e naquele momento Vhagar e Stormclaw passaram voando, gerando sombras sobre eles três.

Lorde Stark estava olhando para o horizonte de gelo e depois olhou para os membros da Casa Targaryen.

— Analisei o acordo da irmã de vocês — ele falou, a voz tão gelada como o clima daquele lugar.

— E então? O que tem a dizer sobre? — Perguntou o príncipe Aemond Targaryen, dando um meio passo a frente.

— Quando Aegon, o Conquistador, chegou a Westeros, era do saber de todos que cada reino se auto-governava. Ele uniu todos eles sob o comando supremo de um único rei... — falou o lorde. — O Norte foi um dos poucos que juraram lealdade a Coroa sem precisar de uma guerra; apenas dobrando os joelhos para o Conquistador e entregando-o suas espadas e a própria coroa do Rei do Norte.

— Onde quer chegar com isso? — Outra pergunta vinda do príncipe.

Cregan Stark o fuzilou com um olhar.

— Deixe-o falar, Aemond — disse a princesa ao príncipe. Aquela fora a única vez que ela falou com Aemond em dois dias desde o momento que ele apareceu no seu quarto, duas noites atrás.

— O que eu quero dizer, é que os Stark não são homens de mudar o que dizem. A palavra de um Stark é forjada com honra e é irrefutável. — Lorde Cregan colocou a mão no cabo da espada. — Como meu pai dobrou os joelhos diante de Rhaenyra, eu farei o mesmo. Winterfell está do lado da verdadeira rainha dos Sete Reinos.

Naquele momento o corpo de Rhaella fora tomado por um alívio gigantesco. Ela iria para casa... Sairia daquele inferno gelado... E o melhor de tudo: com a resposta que Rhaenyra queria deles dois.

— Mas há uma condição — falou.

— O que quer de nós? — Dessa vez a princesa perguntou para ele, tentando parecer o mais séria possível.

— Você tem a voz firme de uma rainha, princesa — disse lorde Cregan olhando para ela e depois sua visão se fixou nos dois ao mesmo tempo. — Em troca dos meus exércitos para a rainha... Quero fazer um acordo com os dois. O primeiro filho homem dos de um dos dois se casará com minha primeira filha mulher.

— Não temos nenhum direito direto ao trono. Sabe disso, não é, Meu Lorde? — A princesa engoliu em seco.

— Não quero que meu sangue suba ao maldito Trono de Ferro. Esse acordo seria a prova que mostrará que a Casa Stark e a Casa Targaryen se manterão unidas de fato.

Aemond pareceu que ia dizer algo, mas Rhaella o silenciou quando disse:

— Obrigada, Meu Lorde. Partiremos amanhã para Pedra do Dragão e daremos a notícia a nossa irmã. Ficamos agradecidos pela sua hospitalidade — falou ela e fez uma reverência com a cabeça. — Com sua licença — e se retirou daquelas muralhas cobertas de neve.

Rhaella olhou para trás, diretamente para Aemond e aquele foi o único sinal que ele precisou para ir logo atrás dela.