FAZENDA OLIMPO [Simone | Soraya]

5. Uma Vida A Mais

Oi, gente.

Quando a música for citada, podem dar play.

Música do capítulo: Uma Vida a Mais, Marilia Mendonça e Maiara & Maraisa.

No primeiro dia de treinamento, eu e Simone ficamos uma manhã inteira dentro do pasto, acompanhada de dois peões. O evento principal da vaquejada era a derrubada de boi, e era essa competição que gerava mais dinheiro em premiações, chegando a premiar com motos, carros e, a depender do tamanho da festa, até lotes de terra.

Simone não participaria dessa competição. Ficou decidido, depois de uma conversa de horas, que ela participaria de uma versão mais simples – apenas uma corrida mesmo, de velocidade. A corrida era realizada num espaço de cinquenta metros e ganharia o cavalo que chegasse primeiro na linha de chegada, simples, prático e, acima de tudo, mais seguro.

Ela treinaria com Poseidon, já que a conexão entre os dois era inegável.

Parecia que Poseidon nunca havia deixado ninguém montar nele por estar esperando única e exclusivamente por ela. Os dois possuíam uma personalidade tão difícil e intragável que se mereciam, se todos diziam que os olhos de Poseidon transmitiam chamas, eu poderia afirmar que os olhos de Simone faziam o mesmo. Por isso era tão difícil para mim sustentar o olhar dela, seus olhos pareciam me queimar toda vez que pousavam sobre minha pele.

No segundo dia de treinamento, Simone brigou comigo porque eu ia cair de cima de Atena se ela não estivesse do meu lado para me segurar. Acabei escorregando da sela e, com a velocidade que a égua atingiu, se Simone não aparecesse subitamente ao meu lado e segurasse minha cintura firmemente, eu estaria no chão em questão de segundos.

No terceiro dia de treinamento, eu e ela entramos numa discussão tão grande que Simone me deixou para trás e saiu batendo pé firme para a sede. De acordo com ela, era melhor que continuasse as competições em nome da Fazenda pois a "baronesa" dos equinos seria incapaz de ganhar algo com tanta irresponsabilidade. Isso porquê eu não verifiquei se os arreios da sela estavam presos e, em determinado momento, a sela folgou comigo em cima, fazendo com que ela mais uma vez precisasse me salvar.

Não nos falamos desde então, e eu já sentia falta da sua irritação constante. Eu era extremamente sozinha naquela Fazenda, então era normal que ficasse apegada a qualquer um que aparecesse me dando dez minutos de atenção. Era isso que eu sentia por Simone, apego por sua atenção despretensiosa.

Chegara o dia da vaquejada e o evento começaria ao meio-dia. A corrida de Simone seria às duas da tarde, às três seria a derrubada de boi e às quatro começariam os shows que marcavam o evento. Não me atentei para a programação das bandas, mas geralmente eram cantores locais que não faziam muita diferença na festa – o pessoal só ia atrás de farra, pinga e foguete, de qualquer modo.

Não me assustava o fato de não ter encontrado Simone no café da manhã. De acordo com Fairth, ela havia saído cedo para dar uma última volta com Poseidon e verificar qual a melhor sela para usar durante a competição. Parei na varanda a tempo de vê-la ao longe galopando tranquilamente, como se apenas quisesse aquecer o animal para a grande competição que aconteceria à noite.