Capítulo 2

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Antony

Suor escorria pela lateral do meu rosto, suspirava cansado, frustado e chateado. Estávamos mais da metade do segundo tempo e havia um empate de zero a zero.

Contra tudo aquilo que imaginei, nada estava saindo de acordo. Mesmo indo e voltando pelo campo, a bola não entrava no gol. Imaginava mil e uma formas de realizar o ato, mas todas elas eram impedidas pela defesa de Camarões. Já havíamos feito algumas substituições, mas de nada adiantava.

Mais um suspiro, vendo do outro lado do campo a bola vindo em minha direção e lá vou eu, mais uma vez encaminhar a bola em direção ao gol e não conseguir.

Dou uma encarada na arquibancada e os olhares apreensivos e decepcionados me deixavam com um embrulho no estômago, que merda!

E por uma simples perda de passe, há um contra-ataque e Camarões marca. A comemoração deles é de como se tivessem ganhado a Copa. Não os julgo, faria o mesmo. Mas o sentimento de desagrado fluía por todo o meu corpo, me deixando pesado. Não desisti. Tentei mais uma investida e acabei cometendo uma falta. A juíza em questão veio rapidamente aplicar a medida. Esta que parecia estar até mesmo sendo comprada de tanta falta a favor do adversário ela dava.

Mais uma vez, defendemos e corremos em direção ao gol. A velocidade era tanta que sentia quase flutuar. Sendo assim, um empurrão e voamos para o outro lado do campo. Quando isso é feito comigo, caio no chão rolando sem intenção. Solto um gemido de dor pelo meu braço esquerdo. Escuto um apito, e me levanto brevemente. Encaro a juíza que me olha do chão e gesticula uma falta. A gravidade que o cara cometeu ao colocar o pé na minha frente, era para no mínimo um cartão amarelo. O lance não deu em nada, já que a defesa cabeceia a bola pra frente, fazendo com que comecemos tudo de novo.

Mais uma vez o mesmo cara de antes vem pra cima de mim, já que obviamente foi instruído a ele para me marcar, corri junto a ele, tentando a todo custo retirar a bola de seus pés, sendo feito com êxito, se não fosse por mais um apito de falta. 'Sério mesmo?' Pensei comigo mesmo, eu nem ao menos relei no cara!

- Vocês estão em um campo de futebol, não em um ringue! - a juíza veio até nós gesticulando e balbuciando algumas palavras em inglês ao que não compreendi.

- Você está cega? É óbvio que isso foi somente uma arrancada! - exclamo nervoso próximo a ela.

- Da próxima vez vai ser um cartão amarelo. - ela diz em português me pegando de surpresa. Dificilmente se vê um juiz falando meu idioma nativo, então conclui que ela era no mínimo portuguesa, mesmo que não tenha sotaque deles.

- Isso foi uma ameaça? - pergunto lhe encarando, vendo ao longe a aproximação do resto do time e mais alguns outros jogadores. O cara ao qual "derrubei" nos olhava sem entender nada.

- Entenda como queira. - ela diz puxando discretamente os lábios no canto direito, exatamente como da outra vez. Nos encaramos por alguns segundos, criando uma tensão inexplicável e quase palpável.

- Antony, calma mano. - Neymar me empurra lentamente pra trás, botando espaço entre nós. - Se acalme. - ele tenta tirar minha atenção, mas eu não conseguia tirar os olhos dela. Eu não ia bater nela, não aqui. Na minha cama? Talvez.

Estava convicto de que esta mulher me queria fora do jogo. Desde a partida anterior, vejo como ela é dura comigo, e em como dificilmente está ao meu favor. Todos os lances e jogadas interrompidas e faltas cometidas passam em um looping rapidamente, me permitindo brevemente perceber que sim, tenho razão, ela está implicando comigo.

Entrando no jogo • AntonyOnde histórias criam vida. Descubra agora