Capítulo 3

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Hannah


O dia amanheceu mais uma vez quente. O Sol aqui sempre é escaldante e eu como uma legítima branquela, devo manter o protetor solar em dia, ou irei parecer um camarão em poucos minutos.

O típico uniforme já estava em meu corpo, aguardando a fatídica hora do jogo. Entretanto, hoje eu estava estranhamente ansiosa. Desde o dia em que recebi aquelas notificações, mau sai de casa e nem no celular quase toquei. Poderia ser paranoia da minha cabeça, o que eu sinceramente não duvido, mas acredito que poderia ser abordada a qualquer momento para detalhes de meu realcionamento 'inexistente' entre eu e Antony. Este que estranhamente esta quieto, visto que imaginei que ao menos alguma mensagem receberia, mas não foi o caso.

Desde então, venho tentado colocar o juízo em minha cabeça, não pretendo fazer nada que prejudique as equipes envolvidas hoje, nem muito menos Antony. A fase de grupos ao qual participei de dois jogos, havia acabado, e o mata-mata começou. Ou seja, brincadeirinhas a parte, hoje é coisa séria, irei mostrar profissionalismo e nada mais. Era etapa das Quartas de finais e desta vez o Brasil enfrentaria a Croácia. Não entendo a tamanha coincidência de ter pegado três jogos do Brasil.

- Han, vamos, estão nos esperando. - Cristian, o cara ao qual não dei intimidade nenhuma para apelidos, me chamou do refeitório ao qual estava parada, observando pela janela as pessoas entrando no estádio.

- É Hannah, e sim, já estava a caminho de qualquer forma. - digo caminhando na direção das escadas.

- Esta nervosa? Hoje é sua última partida certo? - Ele continua a tagarelar.

- Não estou e sim, esta é a última aqui. - suspiro com pesar, gostaria de ficar para ver a final, mas minhas despesas não poderam ser bancadas por mim, lugarzinho caro pra porra.

- Eu e alguns outros conseguimos ficar até as semis, mas tenho pouco tempo para ficar. -  ele dá uma pausa drámatica pensando que eu iria perguntar o motivo e desanima ao ver minha cara de 'tanto faz'.

- Hannah, ligação pra você! - Uma pessoa me grita no final do corredor e pela cara pálida do cara, eu sai correndo afim de saber.

Faltavam apenas 15 minutos para os jogadores entrarem em campo, eu tenho que estar no minímo a dois. Correndo até a porta dupla de onde a pessoa me chamou passou, entro e busco apressada o telefone ao qual estava preso em gancho na parede. Em que século estavamos para ter um telefone de fio grudado na parede?

- Alô? - digo meio afobada pela preocupação.

- Hannah? - a voz de minha mãe é quebrada e frágil.

- O que houve mãe? - digo levando o polegar a boca, hábito infeliz.

- N-nada, só queremos saber como você está. -  Ela diz fungando.

- Mãe você está me deixando nervosa, me conta o que houve, por favor, se não, não conseguirei me concentrar. -  sinto olhares ao meu redor, provavelmente por estar atrasada, vejo nas telas os jogadores chegando no corredor da entrada de campo, se posicionando em fila.

- Hannah, não é nada, vá, irei te ver na TV, estou tão orgulhosa minha filha, mamãe te ama.

Não havia razões plausivéis para aquele comportamento, minha mãe nunca foi de demonstrar afeto, somente em horas de extrema importancia, como por exemplo a morte de meu papagaio.

Entrando no jogo • AntonyOnde histórias criam vida. Descubra agora