Hannah
Senti um calor ameno em meu rosto e isto me fez acordar. Me espreguicei na cama sentindo dores pelo corpo, recordando da noite passada, e um sorriso involuntário pintou em meus lábios. Abro os olhos com cautela, absorvendo a luminosidade do ambiente. Apalpo ao meu lado, afim de encontrar o loiro, mas só sinto o lençol frio. Automaticamente sento e observo ao redor, tentando inutilmente encontrar o homem com quem passei a noite. Ao perceber que não havia nem um sinal de sua presença, um calafrio rompeu minha espinha, me fazendo tremer.
- Antony! - o chamo, mas só ouço o silêncio em troca.
Pouso meus pés no chão e um raio percorre em meu quadril, passando para minha virilha, um lembrete dos acontecimentos anteriores. Sinto a ausência de roupas em meu corpo, e busco na mala algo para vestir após o banho.
No corredor o chamo mais uma vez, mas nada é respondido, assim como grito o nome de Camille, já que ela estava hospedada junto a mim, porém, igualmente não teve retorno.
No restante da suíte, busquei qualquer sinal de presença, mas apenas encontrei um bilhete de Camille colado no balcão, dizendo que teve que ir embora antes que perdesse o vôo e que nos víamos daqui um tempo. O que é provável, já que morávamos em estados diferentes e a ausência que tínhamos na vida uma da outra era constante.
Mais tarde, com as malas prontas, almoço algo leve enquanto mandava mensagens nada desesperadoras para Antony, e sentindo minha refeição querer voltar ao pensar demais.
Tento me distrair do aplicativo de mensagens até a saída para o aeroporto, mas era praticamente em vão, visto que em cada notificação recebida, era um desespero incomum. Não queria estar assim, nem me sentindo assim, mas era inevitável.
Camille havia me ligado e perguntado como foi minha noite e com quem eu havia dormido. Eu não o mencionei, pois não gostaria de um sermão, eu queria ouvir do próprio, que ele estava ocupado, que aconteceu uma emergência e ele teve que ir sem me notificar, que nossa noite não foi igual às outras. Esperança vaga, mas segurada por um fio, porém, tudo o que obtive foi o vazio.
Após algum tempo, diga-se dias entre aspas semanas, acabei por aceitar o fato. Antony me usou. E além da minha náusea, eu sentia uma fúria tremenda dentro de mim. Camille tinha razão? Ele me usou? Como fez com todas as outras?
Eu presentia o estágio da ira, e eu não queria sair dele, porque se eu o visse na rua, arrancaria os cabelos oxigenados no dente. De princípio, eu não queria acreditar que eu cai na lábia dele. Não! Eu não suportaria ser descartada mais uma vez, como se fosse um objeto, entretanto, com sua inesperada ausência, percebi que foi isso. Tudo isso, por uma transa.
Os demais dias foram cotidianos e vazios. Eu me sentia insuficiente e insegura, com pensamentos nada legais e um humor instável. Visitei minha terapeuta novamente, passei a não pensar nas coisas e não busquei o nome de Antony na Internet, como orientado pela profissional. E eu acatei a decisão para não surtar mais uma vez.
Eu tinha dois jogos para arbritar, e me foquei nisso. Meu trabalho mais uma vez foi colocado como prioridade e a vida social deixada de lado e mesmo sabendo, ainda de vez em quando olhava minha conversa com Antony e tendo a certeza de ainda estava bloqueada. Isso me frustrava tanto, que as vezes nem conseguia raciocinar.
- São 25 euros senhora. - escuto do vendedor ao ficar presa em devaneios.
- Oh, aqui está, obrigada! - pago o cara e saio com duas sacolas com frutas.
Ando por mais alguns minutos e me deparo com a banca de jornais, mas o que realmente me chamou a atenção foi a matéria ali estampada. Nela era uma foto de uma mulher junto a Antony, tenho quase certeza que é a mesma de quando estavamos naquela festa de gala. Os dois sorriam um para o outro, pousando para o paparazzi. O título era 'Nova affair de Antony Santos, o prodígio de Manchester.'
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Entrando no jogo • Antony
FanfictionHannah, uma juíza marrenta, não suporta pessoas mimadas, pessoas que se acham superiores e muito menos daqueles que se achavam os pegadores. Antony se encaixava no papel de galinha, sem vergonha, bravinho e pilantra. Jogava um futebol sensacional e...