Capítulo 1

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Antony

Entro em campo antes dos titulares. Sento nos bancos de reservas e dou uma boa olhada ao meu redor. O rio amarelo se estende por todo o estádio. A alegria é contagiante, você entra em campo já se sentindo um vencedor. Meus colegas de time entram enfileirados com o adversário. Sérvia.

E ao contrário do que muitos pensam, jogar futebol não é fácil. Exige o máximo de todos e a expectativa é tão grande que sufoca. Erros são inevitáveis, já que somos humanos, temos falhas e sempre tentamos corrigi-las, para que assim aprendamos e não tornamos a repeti-las.

Futebol é muito mais do que uns caras correndo atrás da bola, exige técnica, tática, treino, força e coragem. Muitos aprendem ainda criança, outros encontram sua capacidade mais velhos, porém todos têm as mesmas metas e sonhos. E a Copa do Mundo, com certeza é um deles.

Levantar a taça, sentir o orgulho do país e ser o herói é o que todos quer, mas nem sempre as coisas saem como planejado.

Seguia com os olhos o movimento da bola entre os jogadores, a correria era cansativa, mas precisávamos mostrar que chegamos, meter respeito e fazer os oponentes tremerem de medo, é pra isso que o Brasil veio, veio para vencer.

No vestiário após o apito do primeiro tempo, os jogadores ouviam atentos as palavras do técnico após uma ducha e troca de uniformes.

- Ataquem, circulem mais com a bola, vocês estão deixando serem cercados e encurralados como presas fáceis! Comandem o jogo porra! - Tite falava alto, afim de que todos ouçam bem seus sermões, que mesmo que muitas vezes duros, mas necessários. - Vinicius está indo até o começo do campo para ir buscar a bola, isso não é a tarefa dele! Cadê o meio campo? Sei que a defesa deles é forte, mas nem mesmo o concreto é inquebrável! Achem a rachadura e derrubem eles! - Olhou atentamente para todos. Voltamos ao campo com queixo erguido, não havia o porque estar com medo, muito menos recuar.

Richarlison fez dois gols antes de eu entrar em campo em seu lugar. A responsabilidade é imensa, mas estava com fome de bola, queria marcar, queria dar passes bons, queria mostrar futebol. Buscava a bola na defesa e trazia para o ataque, fazendo de tudo para sair mais um gol. Em uma dessas investidas de bola, sofri uma falta pelo adversário, ele havia chutado de bico na minha canela. Cai no chão instantaneamente, fechando os olhos e pousando as mãos na região atingida. O local dava leves choques e acabei fazendo uma careta um pouco mais exagerada. Quando não percebi movimento envolta de mim, abri os olhos e percebi que o jogo ainda rolava. Olhei para a juíza que apitava o jogo e ela nem se quer olhou em minha direção. Fiquei puto, como ela não viu esta falta? Seria excelente para nossa equipe ter esta falta perto da área, havia a possibilidade de gol.

Continuei a jogar, e faltando cinco minutos para finalizar a partida, estava tentando roubar a bola do adversário, e futebol é necessário contato, empurra empurra, puxão e etc. E assim que consegui a bola em meus pés já sai driblando os adversários que vinham pra cima, mas antes que eu possa dar continuidade, escuto um apito. O mesmo cara que eu havia roubado a bola estava no chão rolando, fazendo cena e fingindo que tinha perdido um rim. Comovente, já que a juíza deu falta pra ele. E o que era aquilo em sua face?



Hannah

Percorrer um campo de futebol para muitos é difícil. E o estereótipo de que uma mulher não aguenta, não sabe futebol, é pior ainda.

Entrando no jogo • AntonyOnde histórias criam vida. Descubra agora