3 - te odeio com paixão

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Eu tenho uma teoria, odiar uma pessoa é tão perturbador como se apaixonar por alguém, seu estômago da várias reviravoltas, o coração bate de um jeito incontrolável e é praticamente visível através do seu rosto

Esse psicopata americano me colocou pra trabalhar fora do meu turno com único objectivo de simplesmente me irritar. Eu odeio ele com paixão, quer dizer, ele é fácil para os olhos com aquele maxilar perfeitamente desenhado, os braços levemente fortes, olhos azuis e os lábios finos porém lindos e chamativos...mas não se deixe enganar, como Shakespeare dizia: as vezes o belo é desagradável

O facto de eu odia lo está totalmente ligado ao facto de ele ser uma pessoa completamente fria sem senso de humor, ele quase não sorri...e outro muito simples, ele está sempre atento a qualquer pequeno erro que eu for a cometer, parece que nada do que faço é suficientemente bom pra ele. Isso sem contar no tanto que ele é perfeccionista e maníaco por controle, suas roupas perfeitamente passadas a ferro e as camisas branquinhas...chego a me sentir desconfortável com as minhas roupas que parecem ter saído da boca de leão.

Abano minha cabeça pra afastar esses pensamentos e me foco mais no notebook a minha frente e nas minhas anotações. Levo o lápis até meus lábios como uma forma de concentração. Fica difícil ter que se concentrar no trabalho quando se está de frente com a própria reencarnação do mal

Quer dizer, o Malcom trabalha tanto que chego a pensar que ele não tem vida própria, ele sempre trabalha até tarde, chega bastante cedo. Me recuso a acreditar que seja porque ele quer uma promoção, ele é cheio da grana...desejar querer mais seria um puro egocentrismo da sua parte

Levanto meu olhar e o encontro me encarando atentamente, franzo o cenho retirando o lápis dos meus lábios, logo um curto sorriso...quase inotavel brota em seus lábios finos rosados

– o quê? O que ta olhando? — pergunto confusa

– nada — ele volta a olhar pra o seu computador. Esse silêncio todo está me matando. Decido então pegar no celular e ligar uma música, eu sei que isso pode irrita lo, mas se vamos fazer isso juntos agora, eu não quero ter que ficar trancada nesta sala o encarando num silêncio constragedor

– Se a sua intenção foi me irritar você falhou, porque eu adoro a Madona — ele diz e depois cantarola um trecho da música

– ótimo — me ajeito melhor na cadeira e respiro em frustração. Ficamos em silêncio por mais alguns segundos até ele quebrar o silêncio como se algo o estivesse corroendo pra falar

– além do péssimo gosto com vestimenta também tem péssimo gosto a escolher seus parceiros sexuais?

– parceiros sexuais?

– o cara que te deu está rosa, ele parece com os veteranos de boné branco, nem sabe se vestir

– ele não é o meu parceiro sexual...e...o Peter é uma das pessoas mais incriveis que conheço, ele tem personalidade, ao contrário de uma certa pessoa

– pra quê eu vou precisar de personalidade? Eu tenho dinheiro

– nem tudo se baseia no dinheiro. As vezes precisamos de amigos

– pra quê vou precisar ter amigos?

– talvez porque os laços que formamos com outras pessoas nos ajudam a superar qualquer obstaculo — falo — saberia isso se tivesse uma família — e como se tivesse o atingido na ferida, Malcom se cala e começa a arrumar os papéis por cima da mesa

– você está dispensada

– mas...mas eu ainda não terminei...

– terminamos no outro dia — ele se levanta e coloca seu casaco pendurado no centro da sala, enquanto eu pergunto sobre o que eu disse de errado. Sem entender absolutamente nada do que aconteceu, me levanto recolhendo minhas coisas e saiu de sua sala soltando ar pela boca como se tivesse prendido desde o momento em que cheguei aqui

Me assusto com o som de chuva do lado de fora, o Peter estava certo, e agora vou ter que me molhar enquanto espero por um ônibus. Obrigada Malcom Maloy

Vou até o banheiro onde organizo o meu cabelo e retoco o meu batom, de seguida entro no elevador e no momento em que o vejo dentro minha vontade é de descer as escadas, porém ignoro o meu impulso e entro junto com ele

– quer carona? — pergunta

– eu pego um ônibus

– tem certeza? Ta chovendo, não seria bom borar a maquilhagem depois que você passou 20 minutos retocando ela no banheiro

– por acaso alguém já te disse que você tem tendência de um stalkear?

– falou a garota com os olhos de serial killer

– só quando eu me imagino estrangulando você — trinco meus dentes e Malcom torce um pequeno sorriso divertido

– você ta louca pra colocar suas mãos em mim né?

– você é tão...

– lindo, carismático, cheiroso, imensamente atraente?

– tão egocêntrico e previsível — dou graças a Deus assim que o elevador abre. Respirar o mesmo ar que Malcom nunca foi uma tarefa simples muito menos fácil. Caminho pra fora do prédio direção a paragem de ônibus, porém sinto que ele está atrás de sim

– voce vai mesmo querer molhar? Eu não mordo, não se você não pedir

Paro de caminhar e o encaro.

– ta bom, eu aceito

Ele assente e caminhamos até o seu carro onde entramos em silêncio e ele foi conduzindo direção ao meu bairro ao som de uma música assustadoramente agradável e relaxante.

– então você já sabe por onde começar com as Franquias? — ele quebra o silêncio

– eu pensei com a Boticário, tem a maior rede de Franquias no país

– Uhmm...— seus olhos estão totalmente focados na estrada — boa ideia

– espera aí, você considerou a minha opinião?

– acho que estou sem alternativas — da de ombros — Só pra constar...é pra sua casa que estou te levando né?

– como assim?

– quer dizer, é final de semana, normalmente as pessoas têm planos. Ah espera...é óbvio que você não tem nenhum

– o quê? É claro que...que eu tenho planos pra este final de semana

Mentira

– aié? Tipo o quê?

Não que eu me importasse com a opinião do Maloy, mas eu não quero lhe dar o prazer de achar que eu tenho uma vida repleta de motonia. Mesmo que seja verdade, ele não precisa necessariamente saber

– eu tenho um encontro

– com o papai Noel? — debocha

– eu realmente acho muita falta de personalidade sua você achar que eu não posso ter um encontro de verdade — falo com o tom de voz mais elevado — para o carro Maloy

– você tem certeza? Ainda falta duas quadras

– para a droga do carro — disparo e ele para – Obrigada por tornar está noite miserável Malcom Maloy — digo descendo

– Julie — ele me chama mas eu o ignoro. Como eu detesto aquele homem

Consequência Do Nosso Ódio (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora