15 - primeira consulta

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Tudo parece diferente agora, eu não sei ao certo se é porque fiquei dois dias dentro de casa tentando me recuperar das minhas recaídas ou pelo facto de que o conhecimento acerca de um novo ser acabou mudando de certa forma o meu olhar sobre o mundo. Me sinto mais tranquila comigo mesma e feliz, saber que não irei passar por isso sozinha e que o meu filho terá sim um pai (por mais que seja o Malcom Maloy) me deixa contente e com menos problemas a resolver. Gosto de pensar que só porque ele é uma péssima pessoa para comigo não significa que ele não seja um bom pai.

Olho para as horas no meu relógio de pulso e percebo que falta apenas um minuto para Malcom chegar e me levar para o hospital, meu desespero aumenta ainda mais porque estou longe de estar pronta. Com o meu cabelo húmido e a toalha enrolada no meu corpo percorro pelo meu quarto a procura de uma vestimenta para essa ocasião

Quando já são totalmente 15h00 a campainha toca, Malcom é tão pontual que chega a ser irritante. Abro uma brecha da minha porta e escuto a Elisa abrir e depois o cumprimentar amigavelmente, ela o chama de "cunhado" e de seguida oferece uma poltrona para o mesmo se sentar. Eu não acredito que ela o chamou desse jeito, que droga, o Malcom é só o pai do meu filho, isso não significa necessariamente que vamos nos casar. Já é difícil ter que dividir a guarda do bebê imagina a casa e a cama

Pego no primeiro vestido florido que me aparece e o visto, de seguida passo um secador rápido no meu cabelo enquanto passo pente. Apesar do barulho que o secador transmite consigo escutar um pouco da conversa dos dois

– ela ainda vai demorar? — ele parece impaciente

– ah, você sabe como as mulheres são — Elisa fala e o escuto sorrir — você é mais bonito pessoalmente

– porquê? Já viu algumas fotos minhas? — pergunta num tom confuso

– claro, a Ju pesq...— antes mesmo de ela terminar eu saiu correndo do quarto tentando impedir que ela falasse mais alguma besteira

– ah...oi Malcom — mostro um sorriso forçado e ele imediatamente se levanta aliviado. Não consigo parar de reparar no tanto que ele tá bonito vestido de forma casual com a sua t-shirt branca da marca polo, calça jeans preta e um tênis branco. Seus olhos azuis me encaram com alegria, me pergunto se o meu filho irá herdar a beleza e olhos do pai. Porque tipo.. ele é irritante mas absurdamente lindo

– estou pronta

– finalmente — seu tom de voz é sarcástico — então vamos — ele segura na minha bolsa e coloca entre seus ombros me pegando de surpresa — foi um prazer conhecer você Luísa

– é Elisa

Ele assente e ambos saímos

– eu posso pegar a minha bolsa — falo enquanto caminhamos até o seu carro estacionado do outro lado da rua

– eu sei. Tanto quanto pode cumprir com um horário, droga Julie temos consulta marcada, será que você poderia por favor levar isso a sério?

– o quê? — solto uma risada inacreditada — eu estou levando a gestação a sério

– não é o que parece

– obrigada mas eu não preciso de você me dizendo o que fazer ou como reagir perante essa gravidez

– você gostando ou não, eu sou pai, eu tenho direitos e aliás...esse vestido é curto demais

– tem direito com a criança, não comigo

– mas cabe a mim garantir que a mãe do meu filho não se exponha como uma qualquer

– meu deus, você é impossível— reviro os olhos impaciente. Entro no seu carro imediatamente e aperto o sinto de segurança, Malcom entra logo de seguida ligando a chave na embreagem, sua face é de pura seriedade e de frustração, me pesa pensar que serei obrigada a conviver com ele e viver com essas discussões frequentes pelo resto da minha vida

– as 17h você tem aula com a ginasta, assim não vai atrapalhar o teu horário de trabalho — ele diz arrancando com o carro

– tá certo — cruzo os braços em birra. A viagem toda até a clínica foi em silêncio, logo que chegamos fomos imediatamente atendidos. A mulher de aparentemente 40 e poucos anos sorri pra nós e nos convida a se sentar. O modo que ela fala é chique e sua postura é admirável, eu não escuto muita coisa porque estou concentrada demais pensando no tanto que isso é assustador, quer dizer...num dia eu tava dando um tapa forte no rosto do Maloy dizendo que o odeio e no outro estamos os dois juntos numa clinica escutando a enfermeira falar o tanto que os primeiros meses de gravidez são importantes e delicados

– irei tirar o teu sangue para alguns exames, nada pelo qual você possa se preocupar — ela prossegue e só então eu volto para a realidade

– ah ...

– tá tudo bem? — Malcom pousa sua mão por cima da minha que está apoiada sobre minhas pernas

– claro

– sua mulher deve estar um pouco nervosa, é típico das primigestas. A primeira gravidez é sempre assustadora

– imagino

Neste momento um enfermeiro chega e tira o meu sangue. Não consigo parar de sorrir quando vejo que Malcom teve que tapar o rosto para não ver o meu sangue

Ficamos mais alguns minutos conversando, forneci os meus dados para poder abrir a ficha e logo de seguida meus resultados de sangue aparecem indicando o meu estado de saúde, a mulher diz que está tudo bem e de que somente preciso melhorar a minha alimentação

– então aqui está a tua ficha, te vejo no mês que vem Senhora Maloy

Sorrio sem graça

— é só Julie

– tá bom Julie

Malcom se despede e saímos ambos do escritor

– muito bem, você ouviu o que ela disse, nada de fritura

– esses vão ser os piores 9 meses da minha vida

Ambos entramos no carro e antes de ele me levar para a aula com a ginasta, me levou pra comprar uma roupa de treino já que pela preça acabei me esquecendo de levar.

Consequência Do Nosso Ódio (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora