Tudo parece diferente agora, eu não sei ao certo se é porque fiquei dois dias dentro de casa tentando me recuperar das minhas recaídas ou pelo facto de que o conhecimento acerca de um novo ser acabou mudando de certa forma o meu olhar sobre o mundo. Me sinto mais tranquila comigo mesma e feliz, saber que não irei passar por isso sozinha e que o meu filho terá sim um pai (por mais que seja o Malcom Maloy) me deixa contente e com menos problemas a resolver. Gosto de pensar que só porque ele é uma péssima pessoa para comigo não significa que ele não seja um bom pai.
Olho para as horas no meu relógio de pulso e percebo que falta apenas um minuto para Malcom chegar e me levar para o hospital, meu desespero aumenta ainda mais porque estou longe de estar pronta. Com o meu cabelo húmido e a toalha enrolada no meu corpo percorro pelo meu quarto a procura de uma vestimenta para essa ocasião
Quando já são totalmente 15h00 a campainha toca, Malcom é tão pontual que chega a ser irritante. Abro uma brecha da minha porta e escuto a Elisa abrir e depois o cumprimentar amigavelmente, ela o chama de "cunhado" e de seguida oferece uma poltrona para o mesmo se sentar. Eu não acredito que ela o chamou desse jeito, que droga, o Malcom é só o pai do meu filho, isso não significa necessariamente que vamos nos casar. Já é difícil ter que dividir a guarda do bebê imagina a casa e a cama
Pego no primeiro vestido florido que me aparece e o visto, de seguida passo um secador rápido no meu cabelo enquanto passo pente. Apesar do barulho que o secador transmite consigo escutar um pouco da conversa dos dois
– ela ainda vai demorar? — ele parece impaciente
– ah, você sabe como as mulheres são — Elisa fala e o escuto sorrir — você é mais bonito pessoalmente
– porquê? Já viu algumas fotos minhas? — pergunta num tom confuso
– claro, a Ju pesq...— antes mesmo de ela terminar eu saiu correndo do quarto tentando impedir que ela falasse mais alguma besteira
– ah...oi Malcom — mostro um sorriso forçado e ele imediatamente se levanta aliviado. Não consigo parar de reparar no tanto que ele tá bonito vestido de forma casual com a sua t-shirt branca da marca polo, calça jeans preta e um tênis branco. Seus olhos azuis me encaram com alegria, me pergunto se o meu filho irá herdar a beleza e olhos do pai. Porque tipo.. ele é irritante mas absurdamente lindo
– estou pronta
– finalmente — seu tom de voz é sarcástico — então vamos — ele segura na minha bolsa e coloca entre seus ombros me pegando de surpresa — foi um prazer conhecer você Luísa
– é Elisa
Ele assente e ambos saímos
– eu posso pegar a minha bolsa — falo enquanto caminhamos até o seu carro estacionado do outro lado da rua
– eu sei. Tanto quanto pode cumprir com um horário, droga Julie temos consulta marcada, será que você poderia por favor levar isso a sério?
– o quê? — solto uma risada inacreditada — eu estou levando a gestação a sério
– não é o que parece
– obrigada mas eu não preciso de você me dizendo o que fazer ou como reagir perante essa gravidez
– você gostando ou não, eu sou pai, eu tenho direitos e aliás...esse vestido é curto demais
– tem direito com a criança, não comigo
– mas cabe a mim garantir que a mãe do meu filho não se exponha como uma qualquer
– meu deus, você é impossível— reviro os olhos impaciente. Entro no seu carro imediatamente e aperto o sinto de segurança, Malcom entra logo de seguida ligando a chave na embreagem, sua face é de pura seriedade e de frustração, me pesa pensar que serei obrigada a conviver com ele e viver com essas discussões frequentes pelo resto da minha vida
– as 17h você tem aula com a ginasta, assim não vai atrapalhar o teu horário de trabalho — ele diz arrancando com o carro
– tá certo — cruzo os braços em birra. A viagem toda até a clínica foi em silêncio, logo que chegamos fomos imediatamente atendidos. A mulher de aparentemente 40 e poucos anos sorri pra nós e nos convida a se sentar. O modo que ela fala é chique e sua postura é admirável, eu não escuto muita coisa porque estou concentrada demais pensando no tanto que isso é assustador, quer dizer...num dia eu tava dando um tapa forte no rosto do Maloy dizendo que o odeio e no outro estamos os dois juntos numa clinica escutando a enfermeira falar o tanto que os primeiros meses de gravidez são importantes e delicados
– irei tirar o teu sangue para alguns exames, nada pelo qual você possa se preocupar — ela prossegue e só então eu volto para a realidade
– ah ...
– tá tudo bem? — Malcom pousa sua mão por cima da minha que está apoiada sobre minhas pernas
– claro
– sua mulher deve estar um pouco nervosa, é típico das primigestas. A primeira gravidez é sempre assustadora
– imagino
Neste momento um enfermeiro chega e tira o meu sangue. Não consigo parar de sorrir quando vejo que Malcom teve que tapar o rosto para não ver o meu sangue
Ficamos mais alguns minutos conversando, forneci os meus dados para poder abrir a ficha e logo de seguida meus resultados de sangue aparecem indicando o meu estado de saúde, a mulher diz que está tudo bem e de que somente preciso melhorar a minha alimentação
– então aqui está a tua ficha, te vejo no mês que vem Senhora Maloy
Sorrio sem graça
— é só Julie
– tá bom Julie
Malcom se despede e saímos ambos do escritor
– muito bem, você ouviu o que ela disse, nada de fritura
– esses vão ser os piores 9 meses da minha vida
Ambos entramos no carro e antes de ele me levar para a aula com a ginasta, me levou pra comprar uma roupa de treino já que pela preça acabei me esquecendo de levar.
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Consequência Do Nosso Ódio (Em Revisão)
HumorUma Noite Uma noite é suficiente pra mudar uma vida. Julie é uma mulher de seus 25 anos em busca de uma oportunidade de reconhecimento no seu trabalho, uma mulher que apesar de ser completamente desastrada, é focada nos seus princípios. Porém ela v...