Consequência Do Nosso Ódio (Em Revisão)

39 - Genevieve e meu parto

Sigo caminhando pelo corredor extenso do supermercado, observando os diversos produtos na prateleira sem conseguir me decidir sobre o que comprar. Não duvida, acabo escolhendo tudo que desejo e vou colocando na carrinha que está sendo empurrada pelo Malcom. Ele parece cansado e aborrecido, a irritação está estampada bem no seu rosto levando em consideração que passamos as últimas cinco horas fazendo compras, mas eu não me importo, sinto que ainda falta muita coisa pra decorar o quarto de minha filha.

Seus olhos estão dormentes e ele rasteja a carinha contra a sua vontade. É engraçado vê lo de trages casual, com calções pretos, camisa marrom e chinelos

– ainda falta muito? — ele pergunta pela milésima vez feito uma criança. O encaro como as mãos na cintura e respiro fundo

– só tem mais uma loja que precisamos passar

– Julie

– por favor — seguro no seu rosto com as duas mãos e pisco várias vezes tentando lhe convencer a ceder.

– tá bom, só mais uma

– isso — bato palmas — você pode ir pagando, eu só preciso ir ao banheiro — beijo sua bochecha

– eu vou descontar no teu salário — ele grita assim que eu viro o corredor direção ao banheiro. Solto um sorriso e entro na cabine... após urinar volto a me vestir e neste momento sinto um pequeno desconforto no meu abdômen. Desconforto esse que evolui para uma dor intensa em questão de segundos me deixando em desespero e impossibilitada de me manter de pé direito. Imediatamente, vejo o líquido amniótico escorrer por entre minhas pernas.

Eu levei alguns minutos para perceber o que realmente estava se passando bem diante dos meus olhos, no momento menos esperado e no lugar inapropriado. Sierra estava prestes a vir ao mundo e neste momento foi como se tudo o que eu ensaiei quando chegasse o grande dia tivesse simplesmente fugido da minha cabeça de um minuto para o outro. Não consigo me mover sem que a dor piore.

– meu Deus, aqui não — a dor é tão intensa que mal consigo me manter em pé — AAAH — solto um grito enquanto me contorço dentro do banheiro. Logo escuto a porta se abrir e passos se aproximando, me sinto aliviada porque iria receber ajuda. Olho para baixo e vejo os pés de uma mulher em saltos vermelho vivo — me ajuda — digo porém a mulher parece não me notar, ela para na lavatório e cantarola.

Faço um esforço e abro a porta. Acabo me assustando ao me deparar com a Genevieve , ela está de frente ao espelho retocando a sua maquiagem. Não demora até colocar seus olhos esverdeados por cima de mim, ela franze o cenho

– ah, oi Julie

– Genevieve, por favor, chama o Malcom — apoio o meu corpo na pia

– o Malcom? Ah sim, eu o vi na fila, o cumprimentei e a gente conversou um pouco — ela guarda seu batom dentro da bolsa – você está bem Julie?

– o bebê... — a dor é tanta que mal consigo pronunciar palavras certas

– ooh sim, você está prestes a parir. Que incrível, infelizmente eu não posso ajudar

– o Malcom....

– seria uma pena se você perdesse essa criança, assim o Malcom não teria mais motivo de ficar com você — ela cruza os braços descontraída como se eu não estivesse me contorcendo de dor — porquê tá olhando pra mim desse jeito? Vai me dizer que ele não contou pra você — ela sorri, como se toda essa situação fosse divertida pra ela — o Malcom e eu estávamos apaixonados, muito. A gente queria dar mais um passo e ter filhos, até porque o pai vivia dizendo que precisava de netos, mas infelizmente não conseguimos. Os exames hospitalares concluíram que ele tinha problemas e aí eu terminei porque queria ser mãe, quando você apareceu grávida ele encontrou uma oportunidade de jogar na minha cara o seu esperma potente. Não me olha assim, você conhece o Malcom, sabe muito bem que ele jamais assumiria essa criança se não tivesse intenções. A verdade é que ele só aceitou essa criança pra provar pra mim e toda sua família que eles estavam errados e a que estéril da história sou eu. Mas...no fundo ele sempre quis que eu fosse a mãe do seu filho, não uma mulher qualquer que teve um sexo por ocasião