29 - casa nova

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Enquanto o segurança subia com a bagagem da Julie, eu percebo o tanto que ela se sente desconfortável com toda essa situação, por ter que se mudar para o meu apartamento do dia pra noite. Sei que não vai ser nem tão pouco fácil para nós os dois, mas eu junto com ela temos o pouco de noção que é necessário deixarmos o nosso orgulho de lado porque existe um bem maior em tudo isso. Seus olhos se sentem perdidos enquanto ela observa cada canto do meu apartamento, desde os quadros pendurados até cada mobília

- bem vinda - digo pra tentar quebrar o silêncio mesmo sabendo que não é a sua primeira vez no meu apartamento. È engraçado saber que eu cheguei a pensar que ela nunca mais voltaria pra cá - é só até a nossa filha nascer - volto a falar ao perceber que ela continua em silêncio com cara de desgosto

- onde é o meu quarto? - seu tom é seco e pouco interessada.

- Maria por favor, acompanha a Julie até o seu quarto. Eu preciso fazer uma ligação - digo a empregada e ela concorda subindo as escadas com ela. Pego no celular e faço uma breve ligação para o Jimmy, converso com ele por breves segundos sobre os acontecimentos dos últimos dias e a festa do casamento da Sofia

De seguida subo até o quarto dela que fica de frente para o meu. Ao subir, ela está sentada no canto de sua cama olhando para um certo ponto no teto, ela parece aérea e triste. Chego a me sentir péssimo, quando a chamei pra morar comigo não era exatamente isso que eu tinha em mente, não quero que Julie se sinta perdida morando comigo, pelo contrário, quero que ela se sinta segura

- não gostou do quarto? - pergunto e ela olha pra mim, logo esboça um sorriso forçado

- eu adorei, a vista daqui é linda e a varanda muito melhor. Obrigada

- se tem alguma coisa que você não gostou, você pode mudar

- está falando sério? - um brilho surge diante de seus olhos e eu sorrio

- estou

- obrigada Maloy. Bom...acho que eu preciso tirar tudo da caixa né

- você quer ajuda?

- não! Pode deixar - ela se levanta

- eu vou sair um pouco. Preciso me encontrar com alguém

- tá bem

Vou até o meu quarto e mudo de roupa. Não consigo parar de imaginar sobre o acontecimento do dia anterior com a minha família, não vou negar que por um segundo eu fiquei feliz por estar la e por ver as pessoas que eu amo independentemente de tudo o que aconteceu, rever os meus irmãos e os meus pais. Mas por outro lado não deixou de ser doloroso por eu continuar sendo o filho que causou um desgosto enorme no meu pai. A forma que a Julie me defendeu, foi como se ela me conhecesse melhor do que a minha própria família, e por um segundo eu cheguei a pensar que ela nunca me odiou, bom...talvez um pouquinho

Saber que ela está no quarto em frente ao meu torna as coisas muito mais leves e fáceis. Porque agora eu tenho a certeza que ela está em segurança, ela e a minha filha

Depois de pronto saiu do apartamento e pego no meu carro indo em direção ao local onde o Marshall disse que estaria. Eu não sei porquê ele mandou uma mensagem dizendo que precisava me ver

Assim que chego no bar, o avisto no balcão enquanto segura uma taça de vinho. Me aproximo e ao me ver, ele esboça um leve sorriso e toma um gole de sua bebida

- oi irmão - fala seco. Sento na sua frente - vai querer beber o quê? Eu pago

- não vou querer beber nada, amanhã tem trabalho

- como sempre responsável. Tanto que chega a ser irritante - ele bebe mais - você nos faz sentir que não levamos o nosso trabalho a sério Malcom

- bom, isso não deveria te incomodar

- você tá certo irmão. Você é um homem e tanto, com muita sorte

- o que você quer dizer?

- o que quero dizer? Poxa...você foi o único que conseguiu enfrentar o papai, você saiu de casa e foi a trás dos teus sonhos, tem sucesso no trabalho e mais...tem uma mulher linda do seu lado, que poxa...te defende com unhas e garras. E tá construindo uma família, que homem em sã consciência não quer isso?

- você também é bem sucedido e tem uma noiva linda - engulo em seco me sentindo incomodado por relembrar da Genevieve. Ele ri

- a Genevieve e eu terminamos, acho que ela ainda gosta de ti. Ela sempre gostou de ti irmão - ele respira fundo e eu sinto meu coração bater de pressa - e bom, meu trabalho...eu tenho uma cirurgia daqui a quatro horas e onde eu estou? No bar bebendo. Malcom você pode até achar que não mas você tem muita sorte

- obrigado - fico em silêncio por breves segundos - eu senti saudades

- eu também. Eu não quero que sejamos como o papai e o tio Henry, quero que sejamos amigos Malcom, como nunca fomos

- você tá certo

Ambos sorrimos e nos demos um abraço apertado. Depois de conversarmos mais um pouco decido que preciso voltar pra casa, ambos saímos do bar e cada um seguiu para a sua residência, quando chego no meu apartamento, ao abrir a porta cheiro de algo se queimando inunda o meu olfacto

- Maria? Tá tudo bem aí na cozinha? - caminho até a cozinha e me deparo com uma cozinha imensamente bagunçada e fumo por todo o lado. Julie está ao pé do balcão tentando soprar uma bandeja que contém um frango preto - Julie, mas que mer...- não término de falar e começo a rir

- você chegou - o tom da sua voz é desesperador. Seu rosto está coberto de molho de tomate e mais um pouco de farinha

- o que aconteceu aqui? Cadê a Maria?

- eu dispensei ela, aí eu...eu tentei fazer o jantar aí o forno fez puff e pegou fogo, aí eu tentei apagar com quetchup e farinha aí...aí o frango ficou todo queimado - ela corre e me abraça colocando o rosto no meu ombro - me desculpa, eu só queria fazer o jantar pra a gente

- tá tudo bem - passo a mão no seu cabelo pegajoso

- será que dá pra salvar o frango?

- eu acho que não. O que você acha de pedirmos comida, enquanto esperamos você vai fazer um banho e eu limpo toda essa bagunça. Pode ser?

- tá bem - ela tira o rosto do meu ombro e com as mãos ainda na minha cintura me olha nos olhos - acho que precisamos de um fogão novo.

- ainda bem que sou o teu chefe, aí eu desconto no teu salário.

- Malcom - ela bate no meu ombro e eu solto uma risada

- tá bom tá bom. Melhor você ir

- ok - ela sai da cozinha correndo. O sorriso bobo não consegue sair do meu rosto e as palavras do meu irmão surgem na minha mente, quando ele disse o tanto que sou sortudo por ter ela em minha vida. Acho que ele pode estar certo, sortudo e um pouco azarado porque ter a Julie perto de mim parece que vai me custar muito dinheiro

Oie minha gente. Não deixem de votar e comentar sobre o que vocês estão achando do livro. Críticas no privado são muito bem vindas

E ah...antes que eu me esqueça, quem tiver um grupo de troca de leituras eu agradeceria que me puxasse no DM.

BEIJOS ATÉ A PRÓXIMA

Consequência Do Nosso Ódio (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora