10 - Real

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★ Alerta de gatilho: Despersonalização

“Oh, eu espero que eu acorde invisível
Eu seria alguém que ninguém conhece
Eu acho que sou apenas difícil”

– Difficult

Diana

— Uma festa? - Liên perguntou, erguendo as sobrancelhas com surpresa, ao passo que eu assenti um pouco temerosa.

Eu não sabia o que esperar dela, diferente de como era quando eu morava com meu pai, e isso me preocupava…

— É claro que você pode ir, minha flor! - Ela me abraçou empolgada, dando pulinhos.

Soltei uma risada meio surpresa e sem graça, sem tempo de retribuir o gesto ou aproveitar o sentimento de alívio que me invadiu ao som de suas palavras antes que ela se afastasse com brutalidade e fixasse os olhos em meu rosto de maneira séria:

— Quer dizer… Onde vai ser? Quem vai estar lá? Com quem você vai? - Despejou as perguntas em mim, incisiva.

Entreabri a boca e dei de ombros, demonstrando indiferença ao revelar:

— Ah, vai ser na casa de alguma líder de torcida. - Balbuciei. — Vai um pessoal do colégio… Ninguém em especial. E acho que vou com uma amiga.

— Humm… - Ela franziu os lábios e me soltou, parecendo pensativa. Arqueei a sobrancelha em resposta e minha mãe soltou: — O seu amigo vai?

Franzi a testa, confusa com a pergunta, e dei meia volta para ir pegar um copo de água na cozinha.

— Que amigo? - Questionei, caçando um copo de vidro.

— O que você está indo buscar todo dia. - Deu um sorriso malicioso e eu fiz uma careta de imediato, enrugando o nariz.

— Sim, Marcus vai estar lá. - Comentei enchendo o copo de água, indiferente, e notei Liên se aproximar cautelosamente de mim, sem conseguir disfarçar a expressão divertida que tomava sua face. — O que foi?

E virei um grande gole do líquido gelado em minha boca.

— Nós gostamos desse Marcus? - Indagou apoiando o quadril contra a pia, curiosa, os olhos ovais atentos e cheios de expectativa.

Se eu já não esperasse essa pergunta, provavelmente teria me engasgado com a água. Porém, eu não estava surpresa, minha mãe parecia estar querendo arrancar essa informação de mim há uns bons dias, com suas indiretas sobre o assunto o tempo todo.

— Não. - Disse, sem rodeios, limpando a boca com as costas da mão. — Não gostamos.

Sua boca se abriu em compreensão enquanto ela assentia enfaticamente. Apoiei o copo vazio sobre a pia e comecei a me afastar da cozinha, achando que aquilo encerrava a conversa, contudo, o questionário parecia não ter terminado, pois minha mãe me seguiu outra vez.

— E nós gostamos de algum garoto, no geral? - Perguntou, cautelosa, em uma voz aveludada.

— Como assim? - Devolvi, sem entender.

— Olha, querida, não me importo se você gostar de meninas... Eu também gosto! - Afirmou, apressada, e eu congelei em meu lugar. — Apenas quero que você saiba que pode me contar qualquer coisa, entende?

Isso sim, me pegou de surpresa. Meu coração deu um salto contra minha caixa toráxica e girei sobre meus calcanhares para encará-la com as sobrancelhas levantadas, parando de respirar enquanto meu corpo todo ficava tenso.

Não Quebre a Terceira RegraOnde histórias criam vida. Descubra agora