01 - Jogo da Velha

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Diana

Os raios de sol iluminavam o estacionamento lá fora, mas eu não conseguia senti-los de onde estava.

Assim como não conseguia sentir a brisa que via balançar as folhas das árvores ou o cheiro da fumaça enegrecida que assistia sair do carro recém ligado da professora de arte.

Eu estava presa em uma espécie de cúpula imaginária, isolada, e meus sentidos adormecidos me desligavam dos meus arredores enquanto observava o mundo lá fora se mover.

Soltei um suspiro longo, inconscientemente enrolando uma mecha do meu cabelo loiro no dedo.

Aquela imagem perfeita além das janelas parecia até mesmo irreal após tanto tempo sendo o foco da minha atenção...

— É aqui a detenção? - A voz rouca me tirou do meu estado de torpor e, quando desviei os olhos da janela para encarar seu dono, senti como se a bolha anestésica que me envolvia se dissolvesse, permitindo que meus pés aterrissassem com suavidade de volta ao mundo real.

Foi inevitável erguer as sobrancelhas com curiosidade enquanto observava a figura parada na soleira da porta com cara de cachorrinho perdido.

Afinal, eu não esperava encontrar Marcus Wise, a subcelebridade em ascensão de nossa escola, bem ali.

— É sim. - A professora Kristen respondeu, medindo-o de cima a baixo demoradamente.

— E você sabe me informar que horas acaba? - Indagou, coçando a nuca sem jeito e dando um sorrisinho culpado.

— Bom, a detenção dura quarenta e cinco minutos e o sinal já bateu, então se o senhor puder se sentar... - A mulher explicou, apontando para as inúmeras cadeiras vazias.

— Quarenta e cinco minutos? Porra, me fodi. - Marcus resmungou antes de adentrar a sala, um suspiro cansado escapando da sua boca.  — Mas obrigado, linda.

Linda. A sonoridade da palavra em sua voz era o suficiente para me causar uma onda de irritação e não consegui conter um revirar de olhos.

Aparentemente era assim que ele se dirigia a todas as mulheres existentes.

Assisti o rapaz largar seu corpo na segunda carteira da fileira próxima à porta, a mochila preta sendo jogada de qualquer jeito no chão. Vi sua testa se franzir quando ele leu as regras escritas em um canto do quadro – já tão familiares para mim.

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1) Cada aluno deve permanecer sentado durante o tempo designado e não incomodar os outros. Conversas de qualquer teor são proibidas.

2) Os alunos podem trabalhar em atribuições pessoais em uma mesa, mas sem utilizar computadores ou celulares.

3) Os alunos não estão autorizados a deixar a sala durante o tempo designado.

4) É proibida a ingestão de qualquer tipo de comida durante o período de detenção.

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Marcus respirou fundo, bagunçando os próprios cabelos castanhos e ondulados com visível frustração, ele deixou o corpo descansar contra o apoio da cadeira e cruzou os braços com uma carranca estampando seu rosto.

Não Quebre a Terceira RegraOnde histórias criam vida. Descubra agora