09 - Chances

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"Você não pode amar alguém a menos que você se ame primeiro"

Besteira.
Eu nunca me amei.
Mas você...
Oh céus, eu te amei tanto que esqueci como era me odiar."

- meus pensamentos antes de dormir

Diana

Sentada atrás do volante, digitei o endereço no Google Maps, levantando as sobrancelhas com surpresa ao ver que a localização indicada ficava a apenas uma rua de distância do meu novo lar.

— Só pode ser brincadeira... - Comentei comigo mesma, balançando a cabeça em negação antes de girar a chave e dar vida ao carro, manobrando-o até sair da vaga em que estava estacionada.

Acenei um tchauzinho para Liên, que me observava da janela com uma xícara de chá fumegante em mãos, e ela sorriu para mim, retribuindo o gesto enquanto os pneus começavam a me levar para longe dali. Desde que soube que eu sairia mais cedo de casa naquele dia, minha mãe estava muito curiosa para descobrir o motivo que me arrancara da cama meia hora antes do habitual.

E o motivo tinha nome, sobrenome, e um defeito terrível: Marcus Wise, o folgado.

Ainda me indignava com a condição ridícula de ter que buscá-lo em sua casa todos os dias para levá-lo à escola, mas o atleta havia concordado com todas as minhas regras, então era de se esperar que eu fizesse o mesmo. Por mais irritada que isso me deixasse.

Vai valer a pena no fim, era o que eu dizia a mim mesma para me manter motivada.

Todo aquele transtorno valeria a pena quando eu arrancasse o dinheiro dos trogloditas do time de futebol e quando deixasse minha mãe orgulhosa de mim pelas minhas notas boas...

Suspirei, lutando para afastar os pensamentos angustiantes que martelavam em minha cabeça nos últimos dias sem que eu tivesse o menor controle.

Morar com minha mãe era... Diferente.

Era melhor do que morar com Lawrence, com certeza. Mas não era como eu imaginava que seria, eu não me sentia como pensei que me sentiria. E por algum motivo, isso fazia um vazio consumir o meu peito, uma sensação sufocante de que havia algo de errado comigo.

Liên me tratava muito bem, sempre preocupada em me agradar, não me batia e demonstrava interesse em minha vida pessoal sem ser muito invasiva. Nossa dinâmica parecia como um relacionamento saudável entre mãe e filha deveria ser.

Eu deveria amá-la por isso, não deveria? Deveria amá-la só pelo fato dela ter me tirado das mãos do meu pai.

Só que, apesar de tudo, eu acho que não amava minha mãe.

E isso fazia eu me sentir péssima comigo mesma... Culpada. Angustiada. Em um conflito interno desgastante.

Parte de mim tentava me convencer de que era porque nós ainda estávamos nos entrosando: passei dez anos longe dela, era normal achar tudo aquilo estranho agora. Porém, a minha outra metade tinha certeza de que o problema estava em mim. Porque quando eu parava pra pensar em minha infância, também não conseguia me lembrar de amar Liên naquela época.

Assim como não conseguia me lembrar de amar nada em toda minha vida, nem mesmo eu própria.

É por isso que quando Marc me questionou sobre o que eu gostava, me senti encurralada e exposta, pois não existia uma única coisa que fizesse meu coração parecer cheio e vívido como as outras pessoas relatavam por aí. Não existia nada que fizesse eu vibrar de emoção como os garotos após ganharem uma partida de futebol, nada que fizesse meus olhos brilharem como os de Megan quando falava de dança, nada que fizesse eu me sentir viva.

Não Quebre a Terceira RegraOnde histórias criam vida. Descubra agora