00 - Prólogo

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Marcus

Meu corpo tremia, cada vez mais fraco enquanto me esforçava para puxar o oxigênio para dentro dos pulmões apesar da ardência que isso causava, como se o ar que eu inspirava fossem adagas rasgando-os por dentro.

O vento gélido da madrugada me fustigava sem piedade e o suor que encharcava minhas roupas fazia com que eu sentisse ainda mais frio, gelando até os ossos.

Senti minhas pernas vacilarem, como se repentinamente pesassem toneladas, tornando minhas passadas mais lentas e dificultosas. Meus membros já protestavam, chamejando exauridos, e cada fibra do meu ser me implorava para descansar um pouco, para parar.

Mas não parei. Não descansei.

Continuei correndo, forçando meu corpo ao limite... Até atravessar o muro.

"Bater no muro" é uma expressão conhecida entre corredores de maratonas. É aquele momento em que você parece querer se desligar devido a exaustão e as suas forças parecem ter se esgotado, o momento que nosso corpo e cérebro dizem que você já foi longe demais, que é impossível continuar; porque há esse muro invisível, mas de alguma forma físico, te impedindo.

Por fazer parte do time de atletismo do colégio, eu sabia bem como era essa sensação de bater no muro.

E eu a adorava.

Eu não adorava a dor intensa e a fisgada no abdômen que me obrigavam a parar esbaforido com as mãos nos joelhos, próximo de um desmaio, sentindo meu estômago se contrair devido ao enjoo.

Mas eu adorava sentir os músculos queimando, a pele em chamas, a adrenalina correndo pelas minhas veias, o coração disparado contra as costelas, a respiração ofegante... O desafio de saber que estava testando meus limites.

Adorava me sentir vivo.

E, sobretudo, adorava a minha vida.

Honestamente, eu não tinha do que reclamar: possuía uma família unida e amorosa, com uma condição financeira estável, tinha bons amigos e uma namorada incrível, era um atleta e um aluno de destaque.

Aos dezesseis anos, achava que nada de ruim podia me afetar ou me desestabilizar, que já havia atingido o ápice da felicidade. Achava que eu era invencível.

E talvez, de certa forma, aquela realmente tenha sido a melhor época da minha vida.

O problema é que não existe nada nesse mundo que seja eterno.

Tudo é efêmero e mutável.

Tudo tem um fim.

E não muito raramente, esses encerramentos são repentinos, dolorosos, até mesmo incapacitantes. Do tipo que te deixam sangrando no chão, na escuridão, à beira de um abismo; sem rumo ou perspectiva, sem ideia de como você irá se reerguer e como irá aguentar o futuro que está por vir.

Olhei o astro rei que despontava no horizonte, tingindo o céu com tons suaves de laranja, e abri um sorriso.  Assistir o sol nascer sempre me deixava fascinado, não importava quantas vezes eu presenciasse aquilo. Era um evento que, por algum motivo, trazia esperança para o meu peito.

Fechei os olhos enquanto inalava profundamente, aproveitando os raios da alvorada que aqueciam minha pele.

Em seguida conferi o horário no meu celular, recompondo-me e esperando a minha respiração se regular. Sorri ao visualizar a mensagem de bom dia que Priah, minha maravilhosa namorada, havia me enviado a pouco; respondi com uma mensagem de áudio desejando-lhe uma manhã excelente e dizendo que a amava.

Já estava na hora de encerrar minha corrida matinal e voltar para casa, afinal, ainda tinha que me aprontar para ir à escola; era dia da entrega de um ensaio sobre O Senhor das Moscas e eu estava bastante confiante com o meu trabalho, a nota alta já estava garantida.

As casas da vizinhança começavam a acordar conforme eu seguia pelo trajeto conhecido. Eu morava em um bairro de classe média alta, seguro e com moradias bonitas.

Durante o caminho, meu estômago roncou de fome e me perguntei se minha mãe já estaria acordada para preparar algumas panquecas com calda de chocolate para mim antes de sair para o trabalho. Ela era uma cozinheira de mão cheia, além de ser uma mulher muito bonita, gentil e alegre, que fazia tudo com amor.

O pensamento fez um sorriso brotar em minha boca e apressei o passo até me sentir bem o suficiente para fazer outra pequena corrida até chegar ao meu local de objetivo.

Quando cheguei em casa, porém, não demorou para que a sensação boa que me consumia fosse varrida para longe.

Eu podia ouvir um burburinho vindo do lado de dentro da casa enquanto me aproximava do umbral, mas o som cessou assim que abri a porta. Minha mãe e meu irmão estavam na cozinha e pararam de conversar quando botaram os olhos em mim, não havia sinal de meu pai ou minha irmã mais nova, Madison.

As orbes de minha mãe estavam avermelhadas, dois caminhos úmidos riscavam suas bochechas e ela fungava baixinho. Matthew, meu irmão mais velho e melhor amigo, abaixou o olhar sem conseguir me encarar diretamente – uma tentativa falha de disfarçar a preocupação latente estampada em seu cenho.

— O que aconteceu? - Perguntei, a voz saindo mais aflita do que eu pretendia, denunciando o desespero que já começava a se alojar dentro do meu peito.

— Marc, querido...- Minha mãe começou, seu tom oscilando. Seus olhos gentis se encheram d'água e notei como suas mãos tremiam.

A expressão de choro em seu rosto evidenciava que ela não conseguiria completar a frase que queria me dizer.

Eu já tinha caminhado até estar em sua frente, sentindo a tensão pesar sobre os meus ombros enquanto minha respiração ficava descompassada de nervosismo.

— Mãe, o que aconteceu? - Deixei que minhas mãos envolvessem as delas, querendo confortá-la de alguma forma. Meu cérebro já havia formulado trezentas tragédias diferentes naquele meio tempo. — Se acalma, por favor. Respira fundo...

Ela fez como eu mandei e sua expiração saiu em uma lufada instável um segundo antes dela desabar, chorando ao puxar as mãos para longe e enterrar o rosto contra as palmas.

Mirei meu irmão, sentindo uma agonia líquida e fria se infiltrar em meu sistema, me deixando apreensivo.

Math engoliu em seco e enfiou as mãos no bolso, as íris esverdeadas enfim se fixaram nas minhas e eu pude notar a mágoa, a raiva e o medo que inundavam seus olhos. Ele abriu e fechou a boca, parecendo tão perdido quanto eu por um momento.

Então fechou os olhos e inspirou profundamente.

Quando seus lábios voltaram a se abrir, meu irmão me disse a frase que marcou o início do desmoronamento de toda a vida que eu conhecia:

— O nosso pai foi embora com outra mulher, Marc.

N/A: AAAAA que sdds disso aqui 💖💖E aí gente, tudo bem?

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AAAAA que sdds disso aqui 💖💖
E aí gente, tudo bem?

O que acharam desse prólogo e do nosso Relâmpago Marquinhos?

O que esperam da história?

Ainda não tenho uma data pra começar as postagens oficiais, mas tô MUITO ansiosa pra me jogar de cabeça na história desses dois AAAAA

Espero que tenham gostado! Bjo, bjo e até o cap 1 onde vamos conhecer a nossa Dianinha 👀

Não Quebre a Terceira RegraOnde histórias criam vida. Descubra agora