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Já tinham se passado alguns minutos
desde que Toni estava parada observando Cheryl, que se encontrava a apenas alguns metros de distância, olhando atenta para uma das aranhas que lhe chamou a atenção. Uma perfeita stalker é como ela estava se sentindo. Ela tentava encontrar coragem para dar alguns passos e falar com a latina, sem ser interrompida por um ataque de timidez repentino que lhe travava a língua sempre.
Pouquíssimas vezes as duas se falaram ao
longo do ensino médio. Toni sempre
foi muito reservada e tímida, e a outra
achava que de alguma forma incomodava
a maior quando estava por perto. Toni
sempre ficava vermelha e falava pouco
quando a Blossom tentava algumas vezes
tirar algumas dúvidas em algumas
matérias que tinha dificuldade, ou
quando ela se preocupava perguntando
sua situação depois de um eventual
banho de raspadinha perto de seu
armário.
Toni sabia que a atitude conta muito na
hora de tentar impressionar alguém, as
pessoas perdem oportunidades por medo
de se declarar ou até mesmo mostrar um
leve interesse. A preocupação em
atitudes como reações e pensamentos
das outras pessoas não era a
preocupação de Toni. O Que sempre a
afligia era a própria Cheryl . Ela
simplesmente ficava sem o controle de
seus sentidos, ficava sem palavras diante
de tanta perfeição que a Blossom exalava.
Aos olhos dela, a Blossom era perfeita até no que poderia ser considerado como
defeito.
E ainda tinha Archie, que por mais que
tenha sido uma pessoa completamente
falsa, ela ainda se importava em não
machucá-lo. Nem ela entendia o porquê.
O "amigo" a abandonou e depois
estraçalhou seu coração ao ficar com
Cheryl . Mas ela era diferente, e por mais
que sofra com a situação, sempre pensa
no melhor para o rapaz. Ela não conseguia ser diferente disso. Mas dessa vez Toni não iria pensar em nada e nem em ninguém que não mereça, ou se deixar levar por qualquer tipo de nervosismo. Com uma decisão tomada, caminhou a passos lentos até a garota distraída, e engolindo em seco estendeu as mãos, que estava tremendo vergonhosamente, até tocar no ombro da ruiva, chamando sua atenção.

-O.oi - Gaguejou baixo. Viu ela se virar
rapidamente, fazendo com que os
cabelos criassem um movimento para o
lado, deixando um cheiro de cereja no ar, cheiro que chegou rápido até ao nariz de Toni, que quase desmaiou com a sensação vertiginosa que lhe atacou. Era como cheirar o céu, por mais que não fizesse sentido algum naquele momento, ou presenciar uma propaganda de shampoo.

- Hey - Sorriu de forma incerta logo que a
reconheceu.

- En... Então... Queria saber se posso tirar
algumas fotos suas com essas aranhas
logo aí atrás. É para o jornal da escola e
eu preciso da foto com uma aluna, e vejo
que você provavelmente esteja disponível.- Quase se engasgou com o próprio nervosismo, mas conseguiu coerência no final da fala.

- Claro que você pode. - Abriu ainda mais
o sorriso ao perceber a garota mais alta
se atrapalhando com a câmera e dando
alguns passos para trás, assim conseguindo um melhor ângulo para as fotos.

- Aonde você quer que eu fique?
Disse se posicionando perto das cápsulas
com divisórias para as aranhas.

- Aí está ótimo para... - Cortou a frase no
meio e gargalhou da pose que a ruiva já
estava fazendo. E por Deus, aquele foi o
som mais lindo que já passou pelos
tímpanos de Cheryl , superando até mesmo seu cantor preferido.

- Porque está rindo? Não quero sair feia
no jornal. - Falou sorrindo e fazendo mais
poses estranhas para conseguir ouvir
aquela gargalhada perfeita por mais
tempo.

- Temos que ser sinceras aqui. Você ficar
feia, em qualquer situação, seria
completamente impossível. -O comentário surpreendeu à pequena, mas resolveu apenas aproveitar aquele momento único, sem qualquer tipo de questionários.
Toni posicionou a câmera, dando início
a sessão de fotos preenchida de gargalhadas e elogios velados para a
beleza da ruiva. Era inevitável, ela estava
ainda mais apaixonada a cada foto que
tirava, como se ainda fosse possível. Até
que Veronica e uma Betty com o cabelo
comicamente bagunçado pós-foda, chamassem a atenção da ruiva para que
se juntassem a elas. Cheryl direcionou um
"Até breve, amei a sessão" para a morena, que sorriu boba observando o andar apressado da outra até as amigas.
Apenas um pequeno detalhe passou
despercebido nesse curto período de
tempo. Descia por um fio de teia, uma
pequena aranha que tinha de alguma
forma conseguido fugir de uma das
quinze divisórias anteriormente observada
pela turma, com aranhas geneticamente
modificadas, a qual Cheryl alertou ter
apenas quatorze delas presentes.
Assim que a ruiva saiu do campo de
visão de Toni, a pequena aranha se
apoiou na parte superior da mão da
morena desatenta, que ainda segurava a
câmera perto do rosto. Mas ao dar um
leve movimento com a mão, o artrópode
se sentiu ameaçado e picou em uma das
veias de sua mão direita como forma de
defesa, fazendo ela quase gritar de dor e
movimentar o braço para baixo por puro
reflexo, consequentemente jogando a
aranha no chão. Agachou-se e observou a
aranha andar rapidamente para debaixo de uma das mesas do local.

- Porque tá agachada aí, existem
banheiros sabia? Você pode fazer esse
tipo de necessidade neles. - Hether lhe
surpreendeu pela segunda vez no dia,
mas por algum motivo ela não conseguiu
reagir. Estava começando a ficar tonta e
só pirou quando tentou levantar, teve que
ter a ajuda da mais alta que serviu de
apoio.

- Ei Topaz, vai com calma, o que
houve? - Disse em tom de preocupação.
- Não sei, Hether. Você pode avisar ao
Adam que eu tive que ir pra casa? Não
me sinto bem..

- Tudo bem, vou levar você em casa
depois de avisá-lo. - Ainda estava aflita
com a situação da amiga.

- Não precisa, você sabe que é aqui
perto. E já estou indo. Não se preocupe,
deve ser só a minha pressão. Sério, fique
aqui, você já tem muitas faltas e vai
reprovar se tiver mais uma. - Começou a
suar frio e tremer um pouco com a
tontura,

- Tudo bem. - Concordou a contra gosto,
pois sabia que era impossível tentar
convencer a amiga de alguma coisa
contra a vontade dela

- Dê um jeito de
me avisar quando chegar, ok?

-Ok. - Disse já guardando a máquina
para ir embora.

Lauren abriu a porta de casa com certa
dificuldade, tropeçando logo em seguida.
Quando levantou percebeu os tios
sentados na sala a olhando com certo
espanto.

- Ah, oi... oi... hmmm oi. - Disse
completamente arrastado e estava
pingando de suor.

Ben e May se entreolharam, achando o
comportamento da sobrinha totalmente
fora dos padrões do normal.

- O que houve? Porque saiu mais cedo da
escola? - Disse a mais velha levantando-
se e indo de encontro à sobrinha.

- Nós estávamos em um passeio em
Columbia e me senti indisposta.Desculpe, sei que sou uma irresponsável.- Disse dando um pequeno beijo na bochecha tia e seguiu cambaleando para cozinha - Nossa, que fome!

O casal apenas seguiu a mais nova e
ficaram observando do batente da porta a
ela devorar algumas das comidas
congeladas que May guardava.

- Ela bebeu?

- Acho que não. Está parecendo mais
com algum narcótico.

- Esse bolo de carne... - Apoiou-se na
porta da geladeira - Melhor bolo de
carne DO MUNDO.

- Realmente, acabei de acreditar que ela
está mesmo com alguma droga bem
pesada circulando pelo sangue. Até
gostou do seu bolo de carne. - Falou
Ben, recebendo um tapa no braço dado
pela esposa.

Enquanto isso Toni empilhava nos
braços vários tipos de vasilhas com
congelados e caminhava quase caindo
rumo à escada que dava acesso ao seu
quarto.

- Meu Deus, ela pegou o macarrão com
queijo congelado.

- Notei. - Olhavam embasbacados a
sobrinha tentando subir as escadas e
falhando em alguns degraus.

- Por qual motivo não me disse antes que
não gostava do meu bolo de carne?
Podia ter me falado isso há 39 anos.
Quantos bolos de carne eu fiz para você
até hoje... - Dizia May voltando para a
sala e fazendo Ben respirar fundo para a
garfe que cometeu.
....
Toni comeu quase todo alimento que
levou para dentro do quarto, e agora
estava retirando a roupa com a mesma
dificuldade que teve para subir as
escadas. Quando estava apenas de sutià
e uma cueca boxer, tentou sentar na
cama, falhando miseravelmente e caindo
no chão.
Sentia que estava tudo girando, não
conseguia controlar os flashes de luz
bombardeando seus olhos e os músculos
que contraiam sem sua permissão,
fazendo com que ela tremesse muito,
assemelhando-se a uma convulsão
Até que tudo ficou escuro.

Spidergirl -CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora