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Estão prontos para disgraça?

Toni chegava em casa já passando de
23h00. Estava feliz, tinha feito algo que
mudaria a humanidade, além de se sentir
mais próxima ao pai, mesmo que doesse
saber que jamais o veria novamente.
Tinha sido um dia e tanto, nada poderia
estragar. Pelo menos era o que ela
pensava. Ao chegar às escadas que davam acesso a porta de entrada, percebeu Ben
sentado no banco que ficava na varanda.
Ela sentiu que tinha algo errado.

- Oi tio, aconteceu alguma coisa? - Ben
apenas a olhou com o semblante sério e
que transparecia um pouco de mágoa
também.

- Não se esqueceu de nada, Toni?

- O que? - Nesse momento o celular de
Lauren começou a tocar.

- Não atenda isso. É bom saber que está
funcionando. - Cruzou os braços. - Se
desculpe com sua tia. Isso é sério.
Toni gelou e arregalou os olhos, tinha
se esquecido da tia. Ben tinha o direito
de estar chateado.

- Entre lá agora Toni e peça desculpas para ela.

A morena logo passou por ele e entrou
em casa, encontrando a tia em pé no meu
da sala, com um olhar de súplica para o
marido que vinha logo atrás de Toni.
Ben era muito duro quando tentava
ensinar algo para sobrinha com os erros
da mesma.

- Me desculpa, tia May. - Falou abaixando
a cabeça.

- Meu amor, tudo bem. Não precisa pedir
desculpas para mim.

- Claro que precisa. - Ben disse.

- Tio, me desculpa. Eu estava distraída
durante essa tarde. Acabei me
esquecendo.

- Sua tia teve que andar 12 quarteirões
sozinha, no meio da noite e esperou você
no meio de uma estação de metrô
deserta. Aí você vem me dizer que se
distraiu?

- Ben, querido, eu sou capaz de me
cuidar sozinha, você não precisa...
Foi interrompida.

- VOCÊ NÃO VAI DEFENDER ELA DESSA
VEZ.

- MAS EU NÃO...

Foi interrompida
novamente por Bem, que estava tentando
ficar mais calmo e agora se direcionava a
uma Toni que ainda estava de cabeça
baixa. Ela tinha se enganado, o dia
poderia sim ser estragado e a culpa era
sua. Mas ela realmente não estava com
cabeça para ouvir cobranças, tinha
passado o dia sentindo o peso da
ausência de seu pai, tinha humilhado uma
pessoa na frente da metade da escola e
agora esqueceu a própria tia. Ela só
precisava descansar. Mas não era o que
estava lhe sendo permitido.

- Escuta aqui Toni, você é igualzinha ao
seu pai. Você é sim, isso não é ruim, na
verdade é ótimo. Mas seu pai tinha uma
filosofia de vida, um princípio. Ele
acreditava que se você pudesse fazer
coisas boas para outras pessoas, você
tem a obrigação moral de fazer. Com
grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, minha pequena. Essa
é a questão aqui, responsabilidade.

Toni apenas levantou o rosto encarando o tio e deixando algumas lágrimas caírem.
Aquele discurso não fazia sentido em sua
cabeça. Todas aquelas palavras só a
deixaram com um buraco maior no peito.
E em algum momento isso teria que
explodir, porque não deixar extravasar
agora? Foi o que ela tez.

- É mesmo tio Ben? Isso tudo é muito
bonito, lindo mesmo. Mas cadê ele? -Ela
sabia que estava sendo dura e
ultrapassando os limites do respeito com
o tio. Mas aquela pergunta estava entalada há dez anos, desde que ela tinha sido deixada, depois soube que os pais simplesmente morreram e nunca mais
voltariam. - CADÊ ELE? - Ás lágrimas já
corriam livremente por seu rosto.

Spidergirl -CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora