Spidergirl -CHONI

23

Naquele mesmo dia, Toni  finalmente
estava chegando em seu apartamento.
Era hora do almoço e Hether com certeza
estaria em casa. Mas assim que a morena
entrou no apartamento e foi até a
cozinha, a maior a olhou apreensiva
enquanto preparava alguns pedaços de
carne.

- O que foi?

- May está no seu quarto. E por falar nele,
que porra é aquela na parede? -Apenas
viu Toni bufar e caminhar até seu
quarto ignorando completamente a
pergunta.

May estava sentada na cama e olhava
atentamente para a parede cheia de fotos
com fita adesiva, aquilo demonstrava
toda dor que sua sobrinha estava
passando.

- Tia May? - Entrou no quarto e encarou a
tia. - O que está fazendo?

- Quando você fez isso? - A mais nova
não conseguiu evitar os olhos marejados
e não respondeu a tia por longos
segundos, encarava a parede a sua frente.

- Eu sei que está me escondendo algo, tia
May. Sempre que eu falo dos meus pais,
você muda de assunto repentinamente.
Sei que está me escondendo. Você mente
pra mim. Eu sei que você me ama. Mas
fica mentindo, tia. - Encarou a tia.

- Eu não minto... - Desviou o olhar.

- Tia May... - Disse angustiada e ajoelhou
na frente da tia, apoiando as mãos nos
joelhos da mais velha. - A senhora precisa
me contar. Ele é meu pai e eu preciso
saber...

- Ele era seu pai. Mas isso não o impediu
de abandonar você lá em casa... - Olhou
nos olhos da sobrinha e o silêncio se fez
presente por alguns segundos.

- Preciso da verdade ainda assim.

- A única verdade é essa. Seus pais te
deixaram comigo e Ben, em nossa casa. E
você era só uma garotinha, cujo mundo
estava uma bagunça. Sem nenhuma
explicação. Nós fizemos o melhor que
pudemos. Quem mais se importaria e
protegeria você? Seu pai? Não,Toni. Era
eu que limpava seu nariz, obriguei a
escovar os dentes, ajudei no dever de
casa, lavei suas cuecas... Eu, Toni.
Sua tia não cientifica e idiota, que não
consegue pagar todas as contas, que está
tendo aulas de enfermagem com jovens
de 22 anos para tentar ajudar a pagar a
sua faculdade. - Deu vasão ao choro. - Eu
não sei como fazer isso sem o Ben. E você
está sonhando com seu pai perfeito que
nunca esteve aqui. Não, eu não vou lhe
dizer uma verdade além dessa. VOCÊ É
MINHA FILHA. VOCÊ É MINHA MENINA!
E eu não posso magoar você.

- Eu sou sua filha. - Também chorava.
Eu sou sua menina. Eu sou completamente sua. E senhora é tudo para mim. Você é e sempre foi suficiente. A senhora é mais do que isso. Não entenda errado. Eu te amo tanto! - Disse fazendo carinho nos cabelos da tia.

-Eu sei. - Sussurrou olhando para baixo,
mas logo voltou a olhar nos olhos de
verdes da garota.

A mais nova encostou a testa na da tia e
ambas fecharam os olhos em meio ao
choro.

- Está tudo bem. Tudo bem. - Desfez o
contato entre as testas e respirou fundo.
Agora me conta. Eu preciso.

- Certo, vou te contar tudo o que sei.
Viu Toni ficar em pé me expectativa. -Mas isso vai machucar você.

- Tudo bem...

- Alguns dias depois do funeral de seus
pais, dois homens do governo nos
procuraram. Eles disseram que a pesquisa
genética que seu pai estava fazendo com
Norman Osborn era muito valiosa e que
algumas pessoas pagariam muito por ela.
E que foi por isso que ele fugiu levando
tudo. Disseram que ele era um traidor. Eu
não poderia acreditar naquilo, Toni.
Disseram que ele traiu o melhor amigo e
todos nós por dinheiro.