The end

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2 meses depois..

Cemitério Green-Wood - New York

Estava um inverno rigoroso sobre New
York naquele período do ano, mas nada
comparado à frieza que emanava de
dentro de Toni.

A respiração era vista em vapor cada vez
que era expirada de seu corpo e a roupa
estava coberta por flocos de neve. A
morena usava um gorro cinza, um sobretudo preto e um cachecol de tricô
na mesma cor. As botas de couro estavam
imóveis há pelo menos uma hora e meia,
acumulando a neve que caia naquela
manhã. Ela tirou uma das mãos do bolso
e a passou pelos cabelos que estavam visíveis, para tirar o acumulo de neve. Foi o primeiro movimento desde que chegou ali.

Os olhos castanhos estavam fixados na placa do túmulo Blossom.

A dor que ela sentia por dentro era
dilacerante. Não existiam mais partes
inteiras em Toni desde o seu erro. Mas
ao longo daqueles meses, ela tinha aprendido a não transparecer isso
externamente. Ela tinha aprendido a ser
completamente fria em suas feições, o
que a tornava inacessível.
Mas a falta que ela fazia era o que mais a
machucava.

Tinha virado uma rotina doentia e dolorosa ela estar ali quase que todos os dias. Mas ela achava que merecia aquela dor. Ela queria o máximo de dor que pudesse carregar. E ela a acumulava diariamente naquele mesmo lugar. Afinal de contas, ela errou com ela

- Me perdoe! - Disse a frase rotineira, mas
não menos carregada de verdade. Deu
meia volta e começou a andar para fora
do cemitério.

Escalar prédios, voar por meio de teias,
dar saltos... Nada disso fazia mais parte
de sua vida. Agora andava entre a
multidão de pessoas, como qualquer ser
humano normal.

O que mais lhe confortava era o fato de
ninguém olhar para ninguém, todos cuidavam apenas de seu próprio espaço e
não se importavam com a vida que passa
ao lado. Ninguém mais olhava para ela.
Apenas vidas que se esbarram levemente
e seguem em frente. Tudo parece meio
mórbido demais, mas era o que fazia ela
se sentir melhor.

Alguns, ás vezes, olhavam para o céu
entre os prédios, a procura de quem
estava no chão naquele momento.
O dia continuava nublado e a neve ainda
caía quando ela chegou ao prédio, deu
um leve aceno de cabeça para o porteiro
que lhe sorriu triste, ele sentia falta da
garota sorridente e cheia de frases
cômicas.
Ela pegou o elevador e respirou fundo ao
tirar o gorro da cabeça, assim que as
portas se fecharam e o elevador entrou
em movimento. Chegou a seu andar e
assim que abriu a porta do apartamento
deu de cara com Hether vendo qualquer
coisa na TV.

- Você demorou mais hoje. - Não obteve
resposta além de um murmúrio, enquanto
a morena ia até a cozinha e pegava um
copo de água. Toni agora era assim
impessoal. O que irritava uma Hether já
sem paciência.

A loira levantou com um rompante do
sofá e andou firme até a amiga, que não
deu muita importância enquanto ficava de
costas e colocava o copo sobre a pia.

- Toni, até quando vai ser isso? Até
quando você vai se afundar nessa depressão sem lógica e ficar se machucando assim? Machucando quem
ama você. Já passou, você tem que
seguir em frente. - Viu as costas da
morena tencionarem e ela virar devagar,
respirando fundo e com os olhos castanhos
transbordando dor.

- Sem lógica? - Fechou os olhos com
força e respirou fundo novamente.
-Desculpe, Hether. Mas já conversamos
sobre isso dezenas de vezes. Você deveria
saber que não se pode simplesmente
seguir em frente. Se você me ama tanto
assim, apenas me deixe em meu espaço.

- Não falo só por mim. Essa cidade
precisa de você, Toni. Você precisa
voltar para eles. Está um caos lá fora e
essas pessoas inocentes clamam por sua
volta. -Suplicava.

Spidergirl -CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora