Grávida

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— Yukhei. — a esposa abanou-lhe o braço.

— Diz. — esfregou os olhos.

— Temos que ir para o hospital.

— O quê? — ligou o candeeiro e sentou-se na cama.

— Acho que- ai, ai! Ele vai nascer.

— Tens a certeza? — levantou-se para vestir qualquer coisa e calçou umas sapatilhas — Anda.

— Onde é que nós tínhamos a cabeça quando decidimos ter um filho?

— Eu não sei, S/n, eu não me lembro.

— Era retórica, Yukhei, uma pergunta retórica. Nós nem sequer o planeámos.

— Não te enerves, eu não sei o que fazer! — apoiou-a até ao carro e apressou-se a pôr-lhe o cinto — Devíamos ter chamado uma ambulância.

— Deixa lá a ambulância. Vamos, vamos!

— Respira! Como o Kun te ensinou.

O caminho para o hospital não foi fácil, porque nem eles sabiam qual dos dois estava mais nervoso.

Quando lá chegaram, vestiram a grávida com a roupa do hospital e tiveram em conta uma data de coisas antes de a mandarem para o corredor para caminhar.

O marido foi ter com ela depois de preencher papéis, como se fosse a coisa mais importante naquele momento.

— Porque é que elas me mandaram caminhar, Yukhei? — agarrou a mão dele assim que a ofereceu.

— Eu não sei, S/n, não percebo nada disto. Não te disseram?

— Não. Só me mandaram caminhar. Já estou farta desta porcaria de corredor.

— Tem calma. Nunca te vi tão exaltada, relaxa, dentro do possível.

— Desculpa, estou nervosa. — agarrou-se ao corrimão de madeira que passava por todo o corredor e encostou a cabeça à parede.

— Estás a sentir-te mal?

— Não, só estou à procura de uma porcaria de uma maneira para aliviar as dores.

— Mas tens que caminhar

— Elas que caminhem! — ele riu-se e aproximou-se para lhe acariciar as costas.

— Estavas tão ansiosa por tê-lo cá fora.

— Pois, mas agora quero que fique lá dentro!

— Não digas isso. Vai passar rápido e depois vai ser ótimo tê-lo connosco a fazer barulho.

— Ficas a saber que vai ser o nosso único filho!

— Okay. — o homem voltou a rir-se e beijou-lhe a cabeça.

— Tenho medo, Yukhei. — a grávida confessou depois de uns minutos sem dizerem nada.

— Não tenhas. — puxou-a para um abraço tentando não a deixar desconfortável — Vai correr tudo bem, eu vou estar sempre contigo!

— Já está. — o homem beijou-lhe a cabeça.

Não tinham comentado entre eles, mas ambos sentiam que tinham parado de respirar desde que entraram na sala de parto até chegarem ali e poderem finalmente apreciar o bebé.

— Ele é tão pequenino e fofinho, pensei que fosse maior.

— Também eu, mas é bochechudo. — o pai fez duas festinhas na bochecha do bebé e voltou a segurar-lhe a mão.

Casamento Esquecido - Wong YukheiOnde histórias criam vida. Descubra agora