Gosto de ti

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— Ui! Quando começa assim, não acaba bem. — virou-se para ficar realmente de frente para ele — Nunca tivemos um "temos que falar". Temos que falar sobre quê?

— Acho que me apaixonei por ti. — saiu-lhe e depois comprimiu os lábios como se tivesse acabado de contar um segredo.

— O quê?

— Acho que

— Não, eu percebi, mas como assim?

— Eu não sei. — baixou o olhar — Quer dizer, eu não me lembro de ti, nem de nós e durante este tempo a viver contigo pude conhecer-te outra vez e acho que acabei por recriar os sentimentos que já existiam, mas que não recordo.

— Eu devia ganhar um prémio por conseguir que te apaixonasses duas vezes por mim. — riram-se.

— Eu não quero — repensou e pegou-lhe nas mãos — Eu sei que te magoa o facto de não me lembrar da nossa história — brincou com a aliança dela — e não sei se, apesar de seres tão carinhosa, ainda me amas como antes ou sequer se sou o mesmo Yukhei com quem casaste, mas... Eu quero mesmo lembrar-me da S/n adolescente, e da pequenina também, e de tudo o que vivemos, porque tu mereces e porque é tão frustrante saber que estou a magoar uma pessoa que amo.

— Yukhei, não estás a magoar-me! — acariciou-lhe uma bochecha — Confesso que me faz confusão que não te lembres, mas — parou e sorriu — Olha, conheço-te desde miúdo e sempre gostei das tuas mudanças, desde o tom de voz àquela bendita altura em que decidiste fazer uma tatuagem e piercings.

— Eu gosto deles. — olhou para o reflexo das suas orelhas no espelho e ela olhou diretamente para elas.

— Eu também. — voltou a sorrir — E vejo que aquele acidente não mudou nada em ti. Cheguei a comentar com o Kun que andavas sério, diferente, e eu não estava a gostar, porque a tua descontração em relação à vida é uma das infinitas coisas que gosto em ti. Mas acho que era só vergonha, como quando nos conhecemos, a primeira vez. — o marido baixou a cabeça e sorriu envergonhado, mas ela levantou-lha para poder dizer o que tinha a dizer olhando-o nos olhos — Ainda és o meu Yukhei! E eu ainda te amo independentemente de tudo. — encolheu os ombros e o marido beijou-lhe a testa e abraçou-a.

— Obrigado por não me pressionares e por me deixares à vontade. E por não desistires de mim.

— Não tens que agradecer. — beijou-lhe a bochecha e voltou a deitar a cabeça no ombro dele — Faço tudo por ti, Yukhei. Tudo! — acariciou-lhe a nuca e sentiu-o enterrar a cara no seu pescoço.

— Posso beijar-te? — S/n deliciou-se com o brilho nos olhos dele antes de digerir aquela pergunta.

— Não perguntes, faz e pro — então ele fez, mesmo antes de ouvir a resposta toda.

Já tinha tido vontade de a beijar antes e não é que não fosse comum entre pessoas casadas, mas não se sentia à vontade para o fazer sem lhe confessar o que sentia. Ela podia sentir-se mal com isso...

Quando, por algum motivo até aleatório, olhava para a boca dela, o coração saltava-lhe dentro do peito e os seus lábios grossos formigavam. E não era normal porque já tinha confirmado muito discretamente com outras pessoas e não sentira absolutamente nada.

S/n não tinha plena noção das saudades que tinha de beijar a boca do marido. Tinha sempre vontade de o beijar como faria se a relação estivesse normal, mas controlava os seus impulsos porque respeitava o espaço dele.

E agora, com aquele beijo, parecia que tinham começado a namorar outra vez, do zero, como adolescentes parvos que se derretem.

— Não sabia as saudades que tinha dos teus beijos até agora. — ele encostou a testa à dela quando a ouviu.

Casamento Esquecido - Wong YukheiOnde histórias criam vida. Descubra agora