Namoramos

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— Como estão as coisas por casa? — a senhora tapou o tacho para conversar com o filho.

— Estão bem, é bom ter um bebé em casa. Mesmo que não me deixe dormir a noite toda seguida.

— É ótimo ter um bebé. Ainda me lembro de quando eras bebé, só me davas dor de cabeça, mas eras tão fofinho que eu nem conseguia reclamar.

— Às vezes sinto-me mesmo pai dele.

— És pai dele, querias o quê?

— Okay, eu sei, mas não me lembro de nada tipo ultrassons e essas coisas. Nada.

— Mas estás a cuidar dele! Mesmo que o Lu não fosse do teu sangue, serias o pai dele, porque ele não conhece outro.

— Pois...

— Mas eu quero saber em relação à S/n, lembraste-te de mais coisas já?

— Não, só algumas, tipo quando me disse que estava grávida, uma cena de ciúmes... Mas queria lembrar-me da nossa adolescência.

— Tens que ter paciência, querido, tudo a seu tempo. — voltou a mexer o arroz.

— Mãe...

— Diz.

— Às vezes tenho uma sensação estranha... Acho que estou a apaixonar-me por ela.

— Yukhei, — a senhora riu-se — tu já és apaixonado por ela, filho.

— Mãe, eu não me lembro. Não posso considerar-me apaixonado por alguém que mal conheço. Eu sei que estamos juntos há muitos anos, mas eu não me lembro.

— E o teu coração não pode lembrar-se?

— Não sei. Será? Quando acordei do coma, olhei para ela e não senti nada, mesmo nada, nem borboletas, nem coisa nenhuma. Achei que ela fosse enfermeira...

— Olha, não sei. Fala com o irmão dela, ele não é o teu médico? Há sempre aquela coisa do sigilo e é dever dele seguir isso mesmo sendo cunhados.

— Sim, mas não sei.

— Yukhei... Apaixonares-te pela S/n nestas circunstâncias não é mal nenhum. Fala com ela.

— Não sei, estou inseguro. Quer dizer, não me lembrar dela já deve ser mau o suficiente, imagina agora dizer-lhe que me apaixonei mesmo não me lembrando. Não quero magoá-la mais!

— Vá lá, amor, acho que ela consegue entender. Ela está contigo para o que der e vier.

— Eu sei, ela é tão perfeita.

— Ninguém é perfeito.

— Para mim ela é. — encolheu os ombros e sorriu para o teto.

— Ow, disseste o mesmo da primeira vez. — viu-o corar e riu-se — És mesmo um tolito.

— Mãe, cheguei.

— Como correu o dia?

— Muito bem. — sentou-se desleixadamente no sofá e deixou a mochila no chão.

— Muito bem? Essa é uma resposta nova. O que é que aconteceu para o dia correr assim tão bem?

— Não te vais chatear comigo se te disser?

— Pronto, já vem coisa. O que é que fizeste, Yukhei? — apareceu à frente dele com as mãos na cintura.

Casamento Esquecido - Wong YukheiOnde histórias criam vida. Descubra agora