Mia - Lortex

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— Di te non sapevo niente, ma sapevo che mi avresti cambiato la vita — fê-la dar uma volta e voltou a encostá-la a si.

— Pergunto-me como é que consegues cantar músicas em idiomas tão diferentes, nenhum deles o teu.

— É um dom. — ela riu-se — Decoro as letras a ouvir e depois pronto, só tenho que procurar a tradução para ter a certeza que não estou a dizer nenhuma tolice.

— Espertinho.

— Posso perdere tutto, ma perdere te, non me lo posso permettere. — segurou a mão dela encostada ao seu peito e deu-lhe um beijo na testa — Se eu adivinhasse que um dia ía casar contigo, e à espera de um pequenito, tinha pedido aos meus pais para nos mudarmos mais cedo.

— Era uma ótima ideia na altura.

— Verrei da te in piena notte a gridare a tutti che ora sei mia

— És perfeito.

— Sou nada. — encolheu os ombros — Bom, se calhar sou, eu tento para ti. — a mulher riu-se e ele pediu-lhe um beijo.

— Cheguei! Cheguei!

— Chegámos. — o homem atrás dela corrigiu num tom mais baixo.

— Olá, nora. Olá, netinho. E olá, coisa boa da mãe. — abraçou o filho com cuidado — Como estás?

— Hm... mais ou menos bem.

— Mais ou menos? Tens dores?

— Não, eu só... não me lembro de muitas coisas.

— Esqueceres aquele acidente horrível também não é mau de todo.

— Não quero saber do acidente! Estou a falar deles, não me lembro da minha família. — desviou o olhar do da mãe.

Podia não se lembrar da esposa, mas ainda assim sabia que a sua amnésia, ou o que quer que o médico, que pelos vistos era seu cunhado, lhe tivesse chamado, a magoava e lembrava-se de não gostar de magoar as pessoas.

— Não te lembras da S/n? — ele abanou com a cabeça — Nem de quando eram amigos? Pequeninos? — respondeu igual.

— Não te lembras de quando chegámos e fomos a casa deles apresentar-nos? Estiveste meia hora com ela e chegaste a casa todo babado a dizer que ela era bonita e meiguinha. — o doente voltou a abanar a cabeça para os lados.

— Eu vou apanhar um bocadinho de ar enquanto estão aqui com ele, volto mais tarde. — S/n saiu do quarto só com o telemóvel na mão e os que deixou para trás viram que ia a limpar a cara.

— Coitadinha.

— Nós somos mesmo casados?

— Sim, estão à espera de um bebé, um menino, o Lucas.

— Já soube. Eu vou lembrar-me dela, eu prometo.

— É bom que te lembres, porque ela é mesmo fantástica, tu é que perdes. — o pai comentou quando lhe pegou na mão.

— Sim. Ela cuidou muito bem de ti desde que estás aqui. Sempre, na verdade. Mas aqui ajudou as enfermeiras, até te punha hidratante nos lábios, creme na cara e nas mãos como tu fazes. Estava sempre a perguntar tudo aos médicos sobre os exames…

— E só saía daqui para ir a casa tomar banho e essas coisas, mas tínhamos que ficar cá nós. Passa cá noites e dias, tiveram que arranjar uma professora para a substituir, porque ela não se aguentava longe de ti.

— Ela é professora?

— Sim, da primária, como tu, trabalham na mesma escola até.

— Ela seguiu mesmo à risca aqueles juramentos do casamento. Ela é perfeita, dizias tu! — a mãe mexeu-lhe nos cabelos escuros.

— Já vi que sim.

— Ah! Os teus pais já foram… — entrou calmamente no espaço que parecia mais alegre só pelos olhos abertos dele.

— Sim. Posso fazer-te uma pergunta?

— Sim, claro.

— Com quanto tempo é que estás?

— Quase oito meses.

— Falta pouco já…

— Nem me fales.

— Ele já dá pontapés?

— Sim, mas é um bocado preguiçoso.

— Posso sentir?

— Claro! Claro que sim! — sentou-se na beira da cama e deixou-o meter-lhe a mão na barriga — Ei, dorminhoco, acorda. O pai está com saudades tuas, diz-lhe olá. — esperaram quase um minuto, mas não houve reação do bebé.

— Acho que ele não quer acordar.

— Quando ele estiver disposto a dar-te um pontapé eu aviso. — riram-se.

— Senti o primeiro pontapé dele?

— Sim. Quer dizer, já estavas em coma, mas pus a tua mão aqui, só não sei se sentiste…

— Oh, estou a ver… — desviou o olhar do dela e tirou a mão da barriga grande — Dás-me o teu diário de grávida?

— Sim, está aqui. — tirou o caderno da prateleira do armário ao lado da cama e deu-lho — Não abuses, tens que descansar. — beijou-lhe a testa por impulso — Ai, desculpa.

— Não faz mal. Faz como se estivesse tudo normal. — S/n acenou com a cabeça e foi sentar-se na cama que improvisara e aproximou-se da maca — Há quanto tempo é que casámos?

— Há três meses e uns dias. — tirou a aliança dele do dedo e deu-lha — Tem a data gravada na parte de dentro. Não sei se queres ficar com ela

— É melhor guardares tu, não me cabe no dedo. — devolveu-lha depois de passar o dedo pelo interior — Suponho que há coisas que não escreveste aqui.

— Muitas. Já tinha cinco semanas quando comecei a escrevê-lo, por isso tudo o que vivemos antes está em falta. Queres saber alguma coisa?

— Muitas, quero saber muitas! Os meus pais disseram que nos fomos apresentar, quando é que foi isso?

— Foi quando chegaram. Tínhamos dez anos, vocês tornaram-se nossos vizinhos e não havia mais crianças, então habituamo-nos rapidamente um ao outro.

— Que engraçado. Não me lembro de ter amigas lá em cima… deves ter sido a primeira.

— Pois, é capaz. Essa parte eu não sei, acho que não conversámos muito sobre a vossa vida antes de se mudarem. — encolheu os ombros.

— Já vi que nos conhecemos há muito tempo. — ela abanou a cabeça — Quando é que começámos a namorar?

— Quando tínhamos dezasseis anos.

— Ui! Muito tempo.

— Suponho que tivemos sorte.

— Acho que eu tive sorte. Disseram-me que sou um sortudo e que és perfeita.

— Tu é que costumavas dizer isso, que sou perfeita, como se eu pudesse, alguma vez na vida, ser mesmo perfeita.

— Veremos. Diz-me, vivemos muito longe dos meus pais?

— Não, no mesmo bairro, porque eu também não quis ficar muito longe do meu irmão.

— Okay.

— Uh… quando tiveres alta, vais para casa deles, dos teus pais?

— Não sei… Acho que é melhor ficar contigo, para descongelar as coisas mais depressa. Isto se não te importares, obviamente.

— Tu é que sabes. — sorriu-lhe.

Casamento Esquecido - Wong YukheiOnde histórias criam vida. Descubra agora