Die for you | Avatrice [ShortFic]

I like you

Acordaram tarde no sábado, a mão de Bea em sua cintura, seu corpo levemente inclinado para trás, recostado no corpo da investigadora. Definitivamente não queria levantar. Mas precisava. Conteve um gemido de desaprovação ao notar as horas.

— Ei. — Beatrice curvou o rosto para beijar seu pescoço. — Bom dia.

— Bom dia. — Sorriu, se virando para encará-la. — Precisamos de um banho.

— Com certeza! Posso ir com você?

— Adoraria, mas preciso almoçar com a Yas em menos de uma hora. — Constatou checando o relógio na parede de novo.

— Menos de uma hora parece tempo suficiente pra mim. — Ava sorriu, buscando os lábios da mais alta. 

— Vem. — Tirou o lençol, revelando sua nudez enquanto caminhava até o banheiro.

*

— Atrasadas! E não me digam o motivo! — Riram e Yasmine continuou reclamando. — Eu estou morrendo de fome, meu estômago está gritando.

— Calma, Mine, eu também-

— Não quero saber! — Bea riu e por sorte, ainda tinha bastante opção de comida no restaurante do hotel. 

Comeram conversando sobre como o lugar era aconchegante e útil, apesar de pequeno, não precisavam sair pra quase nada. O que facilitava muito a segurança delas. E Dora fazia questão de compartilhar a ficha de cada hospede para que Bea checasse. 

Depois do almoço, Yas foi dormir, reclamando muito, agora da ressaca. As duas voltaram ao quarto, mais tímidas do que deveriam estar depois de tudo que fizeram na cama e no chuveiro.

— Quer conversar sobre isso? — Ava perguntou. 

— Você quer? — Ela sorriu, se aproximando da mulher, na frente da bancada da cozinha minúscula. 

— Quero saber em que pé estamos, não podemos deixar isso tirar o foco do motivo de estarmos em Brighton, quanto mais explanado, menos chance disso acontecer. Certo?

— Certo e o que você quer saber, da minha parte? — Perguntou galanteadora, colocando o cabelo de Ava em um só lado, ganhando acesso ao pescoço um pouco marcado da noite anterior, distribuindo novos beijinhos por ali.  

— Bea, é sério. — Ela riu, dando um último beijo antes de se afastar, sem tirar as mãos de Ava, que também estava segurando seu braço, sem perceber. 

—  Eu gosto de você, Ava, eu só não imaginei que você iria se interessar por mim, também. — Explicou, subindo e descendo o polegar por sua bochecha.

— E a mulher do bar? — Bea riu. — Sério, Bea.

— É uma amiga, inclusive, ela percebeu e me encorajou a falar com você naquela primeira noite.  

— Como assim percebeu? 

— Parece que eu não sou boa em esconder. — Deu de ombros, avançando para beijar uma Ava mais tranquila. — Mas vamos com calma, ok? Primeiro vamos resolver o que viemos resolver e depois, saiba que eu não quero estar com mais ninguém além de você.

— Mesmo? — Perguntou e ganhou um selinho demorado. 

— Mesmo. 

*

A semana do evento de Charles finalmente havia chegado. Ela e Bea trabalhavam com Yas durante todo o dia, e a noite, compensavam no quarto da frente.

Já tinham a planta do hotel luxuoso em mãos e um plano. Na verdade, Yas e Bea tinham um plano, enquanto ela estava cada vez mais tensa e pensativa sobre o que realmente iria fazer em menos de dois dias. Talvez perdesse Bea pra sempre por isso e apesar de toda a preocupação consigo mesma, aquilo era o que mais ocupava sua mente.

Ava acordou cedo, Bea já estava na academia, tirando o atraso do sábado. E ela resolveu caminhar na praia, precisava pensar um pouco, sozinha. Estava morrendo de medo. Não queria se ferir. Mas antes disso, não queria que Yasmine ou Bea se machucassem.

Sentia que precisava resolver tudo sozinha, mas sabia que teria uma chance muito pequena de sair bem sucedida sem ajuda. 

O mar calmo do início da primavera tocando as pedrinhas no chão ajudava com toda aquela bagunça interna. Um pouco de sorte e seu plano funcionaria, ela voltaria para Durham, faria uma declaração brega e diabética para a dona do pub e as duas finalmente ficariam juntas.

Respirou fundo algumas vezes, tomando coragem e se convencendo de que aquela era mesmo sua melhor alternativa.

Yas estaria ocupada capturando a tela e o áudio da confissão de Charles, na sala ao lado. Bea seria mandada para o andar de cima, o que atrasaria sua chegada ao salão e então finalmente aquele pesadelo teria um fim. De algum jeito. Perfeito.

Sentou por um instante, quase começando a rezar, mesmo nunca tendo feito isso antes. Garantiria que tudo funcionasse e que as duas ficassem bem, ainda que isso custasse mais para ela.

*

Antes de entrar no quarto que dividia com a investigadora, precisava desabafar com Yas. E também precisaria de uma pequena colaboração pra deixar Bea de fora daquilo.

— Tudo bem? Brigou com a Bea? — Yas deu espaço para que ela entrasse, sentando na ponta da cama, tentando se acalmar.

— Não, é só a ficha do que vem por aí caindo. — Forçou um sorriso, abraçando a amiga e tentando segurar as lágrimas.

— O que você vai fazer quando isso acabar? Voltar pra Cambridge? Visitar seu pais?

— Durham e Bea. — Soluçou, só então percebendo que as lágrimas haviam começado a cair. — Se tudo der certo, claro.

— Ei, não chora, vai ficar tudo bem! 

— Não sei se vai, nem você. — Se afastou para secar as lágrimas. — Desculpa, você também deve tá nervosa com tudo isso, é só que-

— Você está apaixonada. Tudo parece pior, eu entendo. — Sorriu, sem negar.

— Eu nunca estive, hm, apaixonada antes. — Passou a mão no cabelo, arrumando as mechas bagunçadas pelo vento da praia. — Não assim e é horrível. — Yasmine riu, acariciando o cabelo da amiga.

— Não é tão ruim, pelo menos ela te corresponde. Horrível mesmo é não ser correspondida.

— Como você sabe que ela também está?

— Não dá pra saber, mas é o que parece, Ava, não se preocupa com isso, ok? — Assentiu, se sentindo melhor, deitando a cabeça no ombro de Yas. 

— Já tem as reservas? — Confirmou. 

— E o Michael conseguiu todos os IPs das máquinas, já tenho acesso a todas as câmeras de segurança, é só seguir o plano.

— Tem mais uma coisa que eu preciso te pedir. — Levantou sentindo as mãos gelando. — Eu não quero a Bea entre comigo, preciso que você concorde em nos separar.

— Ava, você não pode entrar sozinha!

— Eu iria, não iria? Quer dizer, se ela não tivesse me salvado no dia da estação. Por favor, Mine, eu não vou conseguir focar tão preocupada com ela. 

— Por dois minutos e se ele topar entrar sozinho na sala com você. 

— Fechado.