Ava e Beatrice já estavam em Durham há um ano. Apesar de passar todas as noites juntas, elas mantinham vidas separadas durante o dia. A licença da investigadora foi estendida, para que ela pensasse melhor e decidisse o que queria. Mas em menos de um mês chegaria ao fim sem possibilidade de uma nova extensão.
O tempo voou, nem parecia que já fazia um ano inteiro que Ava foi chamada para uma condecoração onde recebeu uma medalha de honra, por ter desfeito um esquema antigo de corrupção, Vincent foi preso e Jeremy estava melhorando com o tratamento e apoio da família.
Com as provas de tantas falhas do Estado, Ava e Yas receberam uma boa indenização e ela só estava esperando a conversa sobre a licença de Bea para comprar um apartamento e se acomodar definitivamente. Estava tensa, tentando ficar ok com a ideia de sua namorada ser policial, mas de vez em quando, isso quase lhe causava uma crise de ansiedade. O que ela estava tratando com terapia semanal.
Yas estava visitando a cidade, que apesar de pequena, era bonitinha e aconchegante. Exatamente o que Ava precisava e ela não queria ter que mudar para Londres, mas faria se fosse necessário para ficar perto de Beatrice.
— Vai falar com ela quando? — Sua amiga perguntou, relaxando no sofá, muito diferente do que estava ali quando ela se mudou, para a sorte de Yasmine.
— Hoje. - Respirou fundo, buscando coragem.
— Espero que vocês cheguem num consenso, sério, nunca te vi tão feliz, acho que se não fossem as circunstâncias, você estaria saltitante por aí. — Ava sorriu, ela estava mesmo feliz.
Beatrice era a pessoa mais gentil de todo o mundo e não só com ela, mas principalmente e isso a derretia sempre. Apesar de não se considerar uma pessoa carente, era inegável que existia uma lacuna de atenção deixada pelos pais e depois pela forma desapegada que viveu sua vida até então, ter alguém que a enxergasse a gostasse do que via era uma sensação toda nova e especial.
Terminaram de se arrumar e atravessaram a rua para o pub, Camila e Yas estavam bem próximas nos últimos dias e sua vizinha já estava esperando Yas numa mesa vazia, ela acenou para a morena de cabelo curtinho antes de beijar a bochecha de Hans e subir a escada para falar com a namorada. Bateu duas vezes antes de abrir a porta do escritório, mas estava vazio, então seguiu até a porta que dava para o apartamento, repetindo o gesto e abrindo.
— Bea- — Ficou surpresa com a mesa arrumada para as duas, velas e um embrulho do que parecia ser um livro.
— Boa noite. — Se inclinou para beijar uma Ava ainda paralisada.
— O que é isso? — Bea riu, apesar de demonstrar bastante com pequenos atos e cuidados, Ava ainda ficava surpresa e até um pouco desconsertada.
— É um jantar para nós duas. — Olhou novamente para a mesa. — E um livro pra você. — Pegou o embrulho esticando para Ava, "Um estudo em vermelho". — Meu romance policial favorito. — Ela sorriu, colocando o livro de lado.
— Obrigada, Bea, eu amei. — Abraçou a mulher, tentando se concentrar, precisava ter aquela conversa logo. — Eu preciso falar com você antes, tudo bem? Ou não sei se vou conseguir comer.
— O que houve? Você tá bem? — Indagou preocupada, puxando Ava para se sentar em frente a ela no sofá.
— Sim, eu só preciso saber sua decisão sobre voltar ou não para a polícia e no que isso implicaria, se você voltaria para Londres ou- — Parou para respirar fundo, estava atropelando as palavras, mas por sorte, Bea já estava fluente naquele idioma particular. — Eu não sei como vou lidar ou se vou conseguir lidar com isso, já perdi a conta de quantas horas passei falando sobre disso na terapia, mas ainda é uma coisa que me assombra.
— Eu sei que isso não vai ser bom pra você. — Ava assentiu insegura. — E também sei que é importante demais para tomar essa decisão apenas me baseando no que é bom pra você, apesar disso ser uma das minhas prioridades.
— Sim, eu jamais te pediria isso, é a sua carreira e a sua vida.
— Aham — Concordou, pegando a mão de Ava. — Eu ponderei bastante, pensei muito nesses últimos meses, se eu realmente iria preferir voltar a me arriscar como antes ou ficar aqui, tocando o pub.
— E? — Estava impaciente, querendo levar as unhas a boca ou algo do tipo.
— Eu tomei essa decisão há uma semana e já até assinei, espero que você me perdoe por ter feito isso sem falar com você, eu estava com medo de você achar que seria cem por cento por sua causa. Bem, eu sou tão policial quanto você, agora.
— C-como assim? Bea, pensei que você estava mais inclinada a voltar.
— Eu sei que eu disse que a gente tomaria essa decisão juntas, mas você ama tanto Durham e essa rotina simples e eu amo tanto você que sinceramente, pra mim está ótimo cuidar do pub e continuar por aqui, quer dizer, acho que a gente pode viajar também, claro, mas eu me imagino perfeitamente voltando para cá e vivendo assim por muito tempo e Ava, eu estou tão feliz com essa escolha que não tive dúvida quando assinei o meu desligamento.
— Você o quê? — Arregalou os olhos, ainda não tinham dito "eu te amo", apesar de quase, muitas vezes, de ambas as partes. Levou um segundo inteiro para processar tudo que Bea disse.
— Eu te amo, Ava, não é só paixão e vontade de dormir com você toda noite, apesar de também ser. — Riu.
— Puta merda! — Montou no colo de Bea, tentando não chorar, enquanto beijava a mulher em sua frente. — Eu te amo! — Disse e foi vencida pelas lágrimas, que Bea fez questão de secar com os polegares e beijá-la com mais vontade. — Quero construir coisas com você, adotar um cachorro, um gato, essas coisas sérias de casais sérios e tal. — Bea riu.
— E tal? - Sorriu, levantando com a outra no colo.
— Quero comprar uma casa aqui e quero que você venha morar comigo, não sei o que você pensa sobre casar, mas eu quero tudo com você, Bea.
— Parece uma boa ideia. — Ava descruzou as pernas da cintura de Bea, escorregando pelo corpo da mais alta, para beijar sua boca novamente. — Eu quero tudo com você, também.
— Perfeito!
Fim.
***
Obrigada por terem me acompanhado em mais uma fanficzinha e feliz ano novo! Espero que o 2023 de vocês seja maravilhoso!
Nos vemos na próxima?
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Die for you | Avatrice [ShortFic]
FanfictionA delegada Ava Silva acaba de solucionar um caso e é transferida para outra cidade, para sua segurança. Mas não é suficiente e ela vai precisar contar uma ajuda inesperada.