Together

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Os próximos minutos foram um borrão. Os médicos socorristas colocaram Ava na ambulância, usando um balão de oxigênio manual para ajudar com a reanimação dela. A polícia prendeu Jeremy e Yas precisou encontrar forças para enviar a gravação do horror que havia acabado de acontecer para Michael.

Beatrice respirou fundo, caminhando para perto da ambulância. Tentando voltar a si, Yas precisaria de ajuda, ainda.

— Eu sei que só uma pessoa pode acompanhar, mas ela não tem condições de dirigir. - Yas argumentou. — Por favor, abre essa exceção?

O motorista concordou e então uma Bea área sentou na cabine ao lado dele, enquanto a melhor amiga de Ava se acomodava no banquinho ao lado da mulher desacordada.

*

Dois dias. Quarenta e oito horas que pareciam intermináveis. Ava ainda não havia acordado do coma induzido e as duas estavam péssimas. Não sentiam fome ou sono, nem conseguiam conversar.

Bea havia convencido Yas a ir no hotel, tomar um banho e descansar um pouco, prometendo que faria o mesmo assim que ela voltasse, mas não queria deixar a cadeira desconfortável no corredor frio. Queria ficar ali até que Ava acordasse, mesmo que os médicos não tenham prometido que ela o faria, tampouco que isso acontecesse rápido.

Levantou para buscar outro café, quando Yas voltou com a aparência um pouco melhor.

— Sua vez. — Entregou uma mochila cheia para ela. — Sei que não quer sair daqui, então trouxe sua mochila, a enfermeira concordou em deixar você tomar um banho.

— Valeu, Yas.

*

No fim do terceiro dia, ela ficou mais confortável que pode na cadeira dura do quarto. Ava estava pálida na cama ao lado, os sinais sendo monitorados por vários fios. Beatrice respirou fundo, se sentindo estúpida por ter acreditado na história do notebook, queria ter estado com ela e ter tentado evitar aquilo, mesmo sabendo que talvez não conseguisse.

Estava segurando a mão fria de Ava, fazendo círculos com o polegar e desejando que ela acordasse.

— Ava, eu tô morrendo de saudade da sua voz, inferno! — Sussurrou, sentindo os olhos cansados marejando. — Acho que você nem ouviu quando eu disse que também estou apaixonada, né? - Riu, usando a mão livre pra secar as lágrimas. — E eu estou muito apaixonada. Droga.

— Agora eu ouvi.

Beatrice levantou o rosto assustada, sentindo o coração acelerando, batendo tão rápido que cogitou virar paciente também. Ava estava tentando se acostumar com a luz, ainda que fraca, do cômodo.

— Ava! — Tocou o bip do médico responsável. — Meu Deus. — As lágrimas caindo enquanto ela sorria.

— Oi. - Sorriu, tentando se mexer na cama.

— Não se mexe muito, o médico deve estar chegando. — Se sentou novamente na cadeira, secando o rosto pela segunda vez e pegando a mão da mulher novamente, mas agora, os dedos dela se fecharam fraquinhos em volta dos seus. Aquele era o dia mais feliz de sua vida.

Ficou em silêncio, esperando Ava recuperar a consciência aos poucos. A cabeça doendo para assimilar tudo.

— Há quanto tempo eu tô aqui?

— Três dias.

O médico bateu na porta, seguido de uma das enfermeiras responsáveis por Ava e juntos fizeram uma bateria de exames rápidos, pra ter certeza de que ela estava bem mesmo.

*

— Gostou da surpresa? — Yas sorriu. — Enquanto você tomava banho, o médico me explicou a situação da Ava, disse que ela já não estava mais sedada e poderia acordar a qualquer momento, torci para quela fizesse isso enquanto você estivesse lá.

Bea abraçou sua nova amiga apertado, Yas riu alto.

— Ainda estou chateada com você, mas hoje é um dia feliz. — Sorriu.

— A Ava fez isso porque ela não queria que você se machucasse, não foi por mal, eu só fiz o que ela me pediu.

— Eu sei, eu sei, já está tudo bem entre a gente.

— E vocês? Já conversaram?

— Vou esperar ela receber alta e descansar. — Yas assentiu, um pouco nervosa. Sabia que a amiga estava apaixonada por Bea, queria ter certeza de que a mulher também tinha sentimentos por Ava.

— Você pretende ficar com ela? - Bea assentiu, segura. — Sabe que ela gosta de você, não sabe?

— Yas, você não vai se livrar de mim. Eu estou apaixonada pela Ava.

— A Ava é como uma irmã pra mim, só quero que ela fique bem.

— Eu também quero e saiba que eu estou disposta a fazer concessões pra isso, ok?

Yas se inclinou para abraçar Bea novamente, ainda mais feliz. Ava chegou sendo trazida na cadeira de rodas, uma tipoia no ombro ferido e rindo para a enfermeira. Yas e Bea se aproximaram para agradecer e então levaram a delegada até o carro.

*

— O médico acha melhor você ficar mais uns dois dias por aqui, antes de viajar. Tudo bem? - Assentiu. - Quer alguma coisa?

— Não, Bea, obrigada.

— Pensando no que aconteceu? — Ela fez que sim com a cabeça.

— O Jeremy foi preso, né?!

— Sim, e vai fazer tratamento psicológico. Sabe que não teve culpa, você fez o melhor que pode para resolver tudo.

— Você está chateada comigo?

— Um pouco, quero que você me deixe te ajudar, caso precise novamente. — Suspirou, frustrada. - Mas estamos bem, eu só fiquei muito preocupada com você.

— Pior do que ter acontecido isso ou qualquer outra merda comigo, seria que tivesse acontecido com você ou a Yas. - Bea puxou a mão ainda pálida para si, entrelaçando os dedos. — Sobre isso, sua licença da polícia termina quando?

— Em três meses. — Assentiu, pensativa. — Você não quer voltar, certo? Quer fazer outra coisa? — Ava confirmou, usando o braço bom para se ajeitar na cama.

— Quero ficar em Durham um tempo. Pedir pra Yas mandar minha mudança de Birmingham para lá e só ser uma civil comum, que vai ao bar e flerta com a dona. - A dona do pub riu, se inclinando para beijar o topo da cabeça de Ava. — Quero correr nas ruas estreitinhas e comprar um café no caminho de volta, sem medo de estar sendo seguida ou preocupada com algum caso.

— E se a gente voltar pra lá e aproveitar esses três meses, tentando decidir juntas o que fazer depois?

— Juntas, juntas?

— Juntas, tipo, namoradas, Ava. — Sorriu se inclinando para beijar Bea, que retribuiu, acariciando o rosto dela. - Você aceita?

— Fechado! - Riu. — Aceito, claro.

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Nota da autora:
O próximo capitulo é o último e eu queria agradecer de coração a todo mundo que leu DFY, principalmente quem comentou, ri muito com vocês.

Agora pretendo terminar as AUs no twitter, falem comigo lá e vão dar uma olhadinha nelas também, por favorzinho<3 é @steinfeldella

Feliz véspera da véspera de Natal 🎄❤

Die for you | Avatrice [ShortFic]Onde histórias criam vida. Descubra agora