Body and Blood

Capítulo 13: Toque no Ano Novo

Mais do que as comemorações da semana passada, o Réveillon é descontraído e discreto, uma coleção de pequenos momentos distintos que somam uma soma curiosa e vertiginosa.

“Alguma resolução para o próximo ano?” Will pausa seu jogo para se recostar no sofá e pensar. Seu pai está em uma poltrona voltada para ele, não de frente para a TV, continuando a desenhar.

"Na verdade, não. Aprenda a dirigir, eu acho,” Will diz depois de um momento. Ele deveria começar a fazer o curso de motorista neste semestre. “Afinal, quando a escola começa de novo?” Hannibal para de desenhar por um momento e olha para ele.

“Eu não matriculei você em um. Em vez disso, enviei a papelada para inscrevê-lo no ensino doméstico e pensei que poderíamos começar seu currículo na segunda-feira, quando eu voltar do escritório. Podemos começar a dirigir noções básicas na próxima semana também, se você quiser. Sua cabeça se inclina, a expressão mudando sutilmente em resposta ao olhar incrédulo que seu filho está dando a ele. "Algo está errado?"

"Você não acha que isso é algo que deveríamos ter conversado antes de você apenas... ter feito isso?" Will engasga. “E também, isso é menos de uma semana a partir de hoje! Quando você ia me contar se eu não perguntasse?

Seu pai fecha seu caderno de desenho e o deixa de lado, cruzando as mãos sobre os joelhos no que Will considera uma de suas poses de “terapeuta”. “Peço desculpas, Will, não sabia que essa decisão iria aborrecê-lo. Ficarei feliz em adiar mais uma semana se você precisar de mais tempo, embora eu deva lhe dizer que não há nada com que se preocupar. Meu uso do termo 'currículo' pode ter sido enganoso. Não pretendo bombardeá-los todos de uma vez com várias atribuições ou prendê-los a uma estrutura rígida. Embora existam padrões educacionais mínimos que o estado de Maryland exige que você atenda, tenho toda a confiança de que você os excederá sem problemas simplesmente seguindo seu próprio ritmo. Você é um menino muito inteligente, Will.

Will balança a cabeça, ignorando o elogio. “Esse não é o ponto. Eu não ter ideia de que isso é o que você estava planejando para mim é o verdadeiro problema que estou tendo.

“Se você queria informações mais diretas sobre o assunto, esperar até os últimos dias do feriado para trazer o assunto à tona foi um planejamento bastante ruim de sua parte.” Pela primeira vez, Will não está apenas um pouco perplexo com algumas das decisões de seu pai ou ligeiramente desconcertado. Ele vê vermelho.

“Não era exatamente uma prioridade quando cheguei aqui”, diz ele, mostrando os dentes em um rosnado. “Você sabe, entre a morte da minha mãe, descobrir que ela fodeu com o meu pai antes de eles se divorciarem, e se perguntar quantas outras maneiras a porra da minha vida quer me foder antes mesmo de eu ter uma maldita licença ainda.”

“Eu estou ciente,” Hannibal diz em uma voz inflexível, com um rosto que poderia ter sido esculpido em mármore frio. “É por isso que considerei a educação domiciliar a opção mais sábia do que forçá-lo a interações incessantes com estranhos em uma nova escola e não achei necessário consultar sua opinião primeiro.”

"Bem, você ainda deveria ter!"

“Tudo bem, Will. Você quer passar de seis a oito horas todos os dias da semana em salas de aula e refeitórios lotados, na companhia de colegas tagarelas e corpo docente e administrativo sobrecarregados?”

“Não torça isso. Não é disso que se trata e você sabe disso porque eu acabei de te dizer!

"William." Hannibal fecha os olhos e aperta a ponta do nariz, respirando fundo. Quando ele os abre, seu foco muda para a televisão, para a qual ele precisa virar a cabeça totalmente de lado para olhar. Quer seja a remoção do contato visual, a descoberta involuntária do pescoço de seu pai ou apenas o fato de que ele não está sendo alvo de gritos, Will sente a primeira pontada de vergonha por sua reação, mas por enquanto isso alimenta sua súbita ira ainda mais quente. “A que distância você está de outro local onde possa salvar seu progresso?”