Stephen
Ouvi leves gritos, mas não eram de perigo, eram de... felicidade?
Havia chegado cedo em casa, o que raramente acontecia. Com a promessa em não decepcionar a minha filha, meu dia se encerraria as dezoito horas em ponto.
Até Agnes se assustou quando cheguei em casa, mas disse que eu havia feito uma ótima escolha. Sentei na parte mais afastada da cozinha desde que ela saiu e fiquei observando a vista através das portas de vidro.
Havíamos mudado para essa casa após a partida de Liz. Eu não conseguia lidar com a perda da minha melhor amiga e muito menos criar nossa filha lá. A única opinião que importava para mim era a de Agnes e ela concordou com a decisão.
Minha mãe havia feito um escândalo, mas não dei ouvidos a ela. A segurança da minha filha era primordial para mim e jamais seria colocada em segundo plano.
O céu foi ganhando um tom mais escuro e algumas lâmpadas foram acesas automaticamente pelo timer, mas, ainda assim, não iluminavam o ambiente completamente, até elas chegarem.
Elas passaram pela soleira de mãos dadas e sorrindo. Isso nunca aconteceu com nenhuma das babás anteriores. Não que eu presenciasse, mas Agnes sempre me mantinha informado de tudo.
- Lavar as mãos, mocinha - Ana falou colocando Sloane no colo e ligando a torneira da pia - Gostaria de uma fruta antes do jantar?
- Morangos - Sloane respondeu se inclinando sobre a pia e lavando as pequenas mãos.
- Então, teremos morangos - Ana colocou Sloane sobre seus pés e as duas enxugaram as mãos antes de abrirem a porta da geladeira.
Com a iluminação do refrigerador, Sloane foi a primeira a me notar.
- Papai - gritou correndo feliz em minha direção e fui ao seu encontro, mas de alguma forma meus olhos não desgrudaram de Ana, e muito menos da camiseta molhada que usava.
- Olá, amor - segurei Sloane no colo e beijei sua bochecha - Olá, Ana.
- Ana esqueceu o casaco dela e está com frio - sussurrou e, novamente, meus olhos se voltaram para Ana que fechava a porta da geladeira com uma tigela de morango nas mãos.
- O frio já passou, princesa - garantiu sorrindo e colocando a tigela sobre a mesa, antes de se voltar para nós - Lanchar e fazer dever de casa?
O que eu nunca havia visto aconteceu, Sloane estendeu os braços para Ana, que a retirou de mim, e sentaram-se a mesa. Estava difícil acreditar que em pouco tempo alguém conseguiu capturar a atenção e o afeto de Sloane tão facilmente.
Diferente do que Ana disse, vi-a tremer levemente. Caminhei até o termostato e ajustei a temperatura antes de me sentar a mesa com elas e acompanhar a conversa.
- Ano passado o Noah caiu da jangada no rio e ficou coberto de lama. Todos os coleguinhas começaram a rir e pularam no rio também - contou rindo.
- Será que vai acontecer o mesmo esse ano? - minha filha perguntou curiosa e se virando no colo de Ana para ficar de frente pra ela.
- Acho que eles vão fazer outras brincadeiras. Já estamos em novembro e a temperatura está caindo bem rápido - explicou entregando um morango pra Sloane e comendo outro.
- A minha turma vai para o passeio esse ano, papai, o senhor vai conosco? - perguntou pra mim.
- Vamos, querida - concordei pegando uma das frutinhas vermelhas e comendo - Os pais são permitidos nesses passeios?
- Sim, são - Ana respondeu sorrindo.
Estava cada vez mais perdido nesses sorrisos. Era algo natural dela. Diferente de quase todas as pessoas com quem eu convivia, e do pouco que eu estava conhecendo, Ana não ostentava uma imagem falsa de si.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caindo no amor
ChickLitAna deixou um passado turbulento para trás e está tentando recomeçar em outro país. O amor não faz parte dos seus planos, mas, com crianças envolvidas, nada sai como o esperado. Stephen tenta criar a filha sozinho, mas não está conseguindo dar conta...