| Capítulo 14 - Traços |

31 7 7
                                    

Stephen

O som de um click me despertou. Abri os olhos e estranhei o ambiente à minha volta. Uma pequena mão bateu em meu peito e me fez lembrar que estávamos na casa de Ana.

Olhei para o local onde ela deveria estar, entre Sloane e Noah, mas estava vazio. Tentei ficar atento a qualquer som dentro da casa, mas nada era perceptível além do ruído branco do aquecedor.

O meu celular vibrou ao lado e o peguei.

O'Malley:

- Ela saiu para correr. Estamos seguindo a uma distância segura.

Travei o celular e respirei fundo. Jethro contou que Agnes havia pedido para conferir as câmeras. Mesmo ele informando que tinham seguranças seguindo-a para protegê-la, Agnes insistiu para que verificasse.

Jethro é um ex-Navy Seal e quando alguém demonstra interesse demais em algo, ele não larga o osso. E ele achou algo.

Pegando a janela de tempo que Agnes informou que Ana havia sentido alguém observando-a, Jethro encontrou alguém a espreita. O problema era que o desgraçado sabia se esconder.

Pedi que ele averiguasse ao redor da casa dela, e as câmeras do restaurante onde fomos. E mais uma vez ele encontrou vestígios. Quem estava na cola de Ana, sabia esconder-se muito bem. Só que também levantei algumas dúvidas: Estavam realmente atrás dela? Ou de mim? 

Virei Sloane um pouco para o lado e ela agarrou o travesseiro. Levantei do sofá-cama e abri um pouco as cortinas para olhar ao redor.

A única coisa que me impedia de ir atrás da morena, eram as crianças que dormiam atrás de mim. Ana sentia que estava sendo seguida e ainda assim saía para correr? Cadê o bom senso dessa mulher?

Puxei meu cabelo em descrença e frustração, e caminhei do corredor até a porta por quase uma hora até meu celular vibrar.

Abri a porta silenciosamente e logo a fechei atrás de mim. A frente da casa pegava metade da reserva e metade da rua. Era bem posicionada e tinha uma certa privacidade. A parte de trás dava para a frente de uma casa bem maior e um pouco mais afastada.

Virei para a lateral e segurei Ana por reflexo quando nos esbarramos. Ela estava pingando em suor e sua respiração extremamente acelerada, mas foram seus olhos observando tudo ao redor que me prenderam.

- O que houve? - a segurei pelos braços.

- N-Nada demais - mentiu na minha cara - E-Eu só estava correndo.

- Você está assustada. Aconteceu algo? - Precisava que ela confiasse em mim e que me deixasse ajudar.

Seus olhos focaram em mim a procura de algo.

- Não é nada demais - o medo era palpável em sua voz e postura - Vamos entrar. Está frio aqui fora.

Segui-a para dentro e fechei a porta às minhas costas. As crianças ainda dormiam pacíficas no sofá.

A morena fez seu caminho para a cozinha e começou a ocupar-se em preparar a comida. Ela estava me evitando a todo custo, mas não deixei barato. Permaneci na sua cola até ela terminar tudo o que queria.

Ao final seu semblante estava como o de costume, despreocupado. Cheguei a conclusão de que ela não era alguém que pediria ajuda facilmente, mas não por orgulho. Era o modo como sobreviveu todos esses anos.

- Preciso contar algo a você - quebrei o silêncio e ganhei sua atenção.

Caminhei até parar ao seu lado na pia e ela virou em minha direção com o cenho franzido.

Caindo no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora