Stephen
Atravessei as portas da escola sendo seguido por Nathan, pelos outros dois pais e por toda a minha equipe de advogados que já estavam em ação. A diretora Lancaster estaria sendo processada nos minutos seguintes por negligência.
Eu estava me sentindo o pior dos pais. Como não vi os sinais? Como não vi que a minha filha estava sofrendo bullying?! Como pude ser tão relapso com ela?
- Ei, acalme-se. Não pode ir pra casa assim - Nathan me puxou pelo braço.
- Como eu pude ser tão cego? - perguntei sem nem esperar por uma resposta, mas ganhei uma mesmo assim.
- Não é culpa sua, Hartley - um dos pais falou atrás de Nathan - Algumas crianças são malvadas e sabem como manipular. É inacreditável, mas é a verdade.
- É difícil perceber os sinais - o outro pai falou - Elas acham que não vamos acreditar e escondem o que acontecem.
- Você já tomou todas as medidas para evitar que isso se repita, cara - Nathan falou chamando minha atenção - Acalme-se um pouco.
- Eu devia estar mais presente - falei encarando meu amigo.
- Já senti absolutamente tudo o que você está sentindo agora, e a única coisa que você pode fazer por ela, além do que já fez lá dentro, é estar lá pra sua filha - um dos pais falou. Acho que seu nome era Ian.
- Como assim? - perguntei tentando entender suas palavras. Nathan também estava olhando pra ele.
- Josh sofreu bullying na antiga escola - contou - Hanna e eu estávamos com trabalhos acumulados e não percebemos sua mudança de comportamento. O trabalho era tanto que nossa saída foi contratar uma babá. Samila, cliente de Hanna, indicou Ana para nós. Fizemos uma viagem de negócios e, quando voltamos, Ana nos contou o que estava acontecendo. Josh a viu como amiga e se abriu pra ela. Depois disso, tudo mudou pra nós. Ele voltou a ser como era antes, a ter amigos, a se preocupar com os outros, a sorrir.
- Todos os nossos filhos são amigos e essa rede de apoio que eles têm é segura - Joe comentou - Eles se protegem, confiam um nos outros e, como hoje, interferem para evitar o pior.
- Obrigado - agradecer era a única coisa que eu pensei no momento - Obrigado pelos filhos de vocês serem amigos de Sloane.
- Não há o que agradecer, eles são amigos e ponto - Nathan falou com um aceno - Mais calmo?
- Sim, obrigado - agradeci - Vou pra casa ficar com ela.
- É melhor. Ela estava chorando quando Ana saiu - Joe comentou e me apressei em me despedir deles.
Entrei no meu carro e segui para casa em meio ao trânsito caótico.
X
Abri a porta e fui recepcionado com os acordes do piano e a risada das duas. Aproximei-me lentamente da porta da biblioteca que estava entreaberta para ouvir melhor.
- Você já tocou piano antes, Ana? - Sloane perguntou e não notei resquícios de choro em sua voz.
- Não, nunca - respondeu - Mas já toquei teclado na escola onde estudava. É um pouco parecido.
- Você gostava de tocar? - Sloane conseguia ser bem incisiva quando queria.
- Gostava, sim. Embora eu só saiba tocar uma única música - elas riram tocando algumas teclas.
- Toca pra mim? - Sloane pediu e sorri imaginando o bico que estaria fazendo agora.
- Que tal tocarmos juntas? - aproximei um pouco mais da porta e consegui vê-las - Você segue essa linha e eu sigo essa, tudo bem?
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Caindo no amor
Literatura FemininaAna deixou um passado turbulento para trás e está tentando recomeçar em outro país. O amor não faz parte dos seus planos, mas, com crianças envolvidas, nada sai como o esperado. Stephen tenta criar a filha sozinho, mas não está conseguindo dar conta...