Ana
Desliguei o alarme irritante e levantei coçando os olhos. Encarei o chuveiro quentinho e saí do banho enrolada em um roupão macio.
O meu cansaço não foi pela noite, mas por ficar até tarde da madrugada contando cada detalhe de tudo o que aconteceu para a Sam. A cada vez que eu desligava o celular, ela voltava a ligar implorando para que eu repetisse tudo mais uma vez.
Desci as escadas e comecei a preparar meu café. Ainda eram 5 horas da manhã e eu tinha algum tempo antes de sair e levar as crianças para a escola. O som da porta de um carro fechando chamou minha atenção. Afastei um pouco a cortina e vi o Mike entrando apressado em sua casa.
Voltei minha atenção para o café e belisquei alguns pãezinhos enquanto subia as escadas. Troquei de roupa, arrumei a bagunça que havia feito na cama e desci. Lavei a louça, paguei as contas e saí de casa para correr.
Ajustei os fones de ouvido em uma playlist com volume baixo e dei leves trotes antes de alcançar meu ritmo costumeiro. Dei algumas boas voltas pela reserva que mal percebi o frio.
O bom sobre correr era que não víamos o tempo passar e muito menos conseguíamos pensar em nada. Tudo se resumia a nossa capacidade em tentar alguns metros a mais.
Meu celular vibrou dentro do casaco de corrida e comecei a fazer meu caminho de volta. Meus horários eram sempre ajustados com antecedência para que eu não corresse o risco de me atrasar muito.
Voltei pra casa, tomei um banho rápido e sequei meus cabelos. Vesti uma roupa mais quente, agarrei minhas chaves e casaco, e saí de casa mais uma vez.
Fechei a porta atrás de mim e corri para o carro. Antes de destravar a porta, senti a sensação de estar sendo observada novamente. O mesmo aconteceu duas vezes ontem. Ou estava ficando paranóica, ou realmente tinha alguém atrás de mim.
Observei tudo ao meu redor atentamente, mas nada parecia estar fora do lugar. Entrei no carro, liguei o aquecedor e segui para a casa de Stephen.
Todo o dia de ontem foi surreal. Ainda não acreditava no que estava acontecendo entre nós. Ele não pediu por confiança, mas garantiu que o que estava surgindo era verdadeiro. E isso me assustava. Como alguém como ele poderia sentir algo por mim? Ele certamente tinha melhores opções.
Talvez isso passasse quando ele soubesse da minha história.
Cristo!
Sam me mataria por pensar nisso agora. Respirei fundo tentando colocar todos esses demônios de volta na caixinha dentro da minha mente. Aumentei o volume do rádio e comecei a cantarolar as canções leves até chegar ao meu destino.
X
Estacionei na garagem e desci do carro rapidamente arrumando o casaco a minha volta. Estava tão absorta que tropecei no batente e ia de cara no chão.
- Peguei você - os braços fortes me rodeavam e a voz de Stephen ao meu ouvido enviou uma corrente elétrica pelo meu sistema nervoso - Bom dia.
- Bom dia - cumprimentei de volta sorrindo pra ele - Você está muito bonito.
- São seus belos olhos - piscou e me colocou sobre meus pés.
O homem estava divino em um terno azul escuro que combinava muito com seus olhos. Com certeza o mais bonito era seu sorriso mais brilhante do que o próprio sol.
- Entre - deu espaço e abri a porta sendo seguida por ele para dentro - Agnes já terminou o café. Está com fome?
- Ah, eu não consigo sair de casa sem comer - respondi sem jeito enquanto desfazia os botões do meu casaco e retirava o cachecol grosso - Vocês ainda não tomaram café?
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Caindo no amor
ChickLitAna deixou um passado turbulento para trás e está tentando recomeçar em outro país. O amor não faz parte dos seus planos, mas, com crianças envolvidas, nada sai como o esperado. Stephen tenta criar a filha sozinho, mas não está conseguindo dar conta...