| Capítulo 09 - Fogos de artifício |

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Ana

- Podemos ir brincar ali, Ana? - Sloane apertou minha mão chamando atenção para um espaço reservado no acampamento.

Um grupo de auxiliares educacionais e organizadoras do passeio reservavam o espaço para as brincadeiras de bonecas e chás da tarde. Algumas meninas estavam concentradas mais nesse ambiente e Sloane queria fazer parte daquilo. 

- Claro que sim, princesa - respondi apertando sua mão e caminhamos até o local. 

Samila e Noah estavam começando uma nova rodada na gincana e, como eu havia ficado enjoada por causa da altura, Sloane me acompanhou a voltar para o centro do acampamento. 

- Bom dia, precisamos nos inscrever para entrar? - perguntei a ruiva que estava concentrada em algo sobre a pequena mesa em que estava sentada. 

- Sim - respondeu com uma voz horrorosamente enjoada e empurrou uma prancheta em nossa direção sem se quer olhar para cima. 

- Ok - respondi pegando o material e escrevendo nossos nomes antes de entregá-lo de volta para ela. 

A ruiva pegou a prancheta e ia riscar algo ao lado dos nossos nomes, mas parou e olhou para cima. 

- O espaço é reservado para mães e filhas - falou em completo desdém. 

Arqueei a sobrancelhas em completo espanto e respirei fundo antes que a minha indignação aumentasse ainda mais. Sloane apertou a minha mão e olhei em sua direção a tempo de ver seus ombros caírem e ela abaixar a cabeça com tristeza. A garotinha não merecia passar por um barraco que eu estava prestes a começar.

- Quem disse que não somos? - perguntei sentindo meu coração começar a correr em disparada e apertei a mão de Sloane que retribuiu o gesto. 

Mais uma confusão, Ana?!

- Seus sobrenomes são diferentes - apontou para a prancheta. 

- Esqueço de usar o sobrenome de casada as vezes - respondi pegando a prancheta novamente e rabisquei um Hartley ao lado do meu sobrenome. Esperava que estivesse soando convincente porque se a mulher na minha frente tivesse ao menos a dignidade de reparar em nós, além do sobrenome, saberia que eu estava mentindo.

Entreguei a prancheta novamente a ruiva e olhei em direção a Sloane com medo de ver sua reação diante da mentira cabulosa que soltei. A garota me encarava com os olhos brilhantes de diversão, mas havia algo mais. 

A ruiva ficou de pé e colou uma etiqueta com os nossos nomes e sobrenomes em nossas roupas. Apontou para a entrada e seguimos o caminho.

Sloane me puxava alegremente para o meio de todas aquelas bonecas, mas a minha mente só me jogava para a conversa iminente que eu teria que ter com o pai dela. Mas o que eu poderia fazer? armar um barraco e falar o quão discriminador era não deixar uma garotinha brincar com as bonecas só porque ela aparentemente não tinha uma mãe presente? Sim! Obviamente eu deveria ter feito isso. 

Olhei para a garotinha que se divertia feliz no meio de tantas bonecas e me permiti respirar um pouco e afastar os pensamentos para mais tarde. 

Brincamos com todas as bonecas que não haviam sido reivindicadas pelas outras meninas por algumas poucas horas antes de conferir o relógio e ver que já estava na hora de irmos almoçar.

Recolhemos os brinquedos que espalhamos e fomos em direção a saída e de volta ao meio do acampamento, mas uma senhora sorridente nos parou antes de sairmos do espaço.

- Oh, Olá. Eu nunca as vi aqui antes - falou docemente e com um sorriso acolhedor.

- É a primeira vez que a Sloane vem para o passeio - respondi sorrindo.

Caindo no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora