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Rain on

A luz do dia começou a invadir meu apartamento através da cortina entreaberta e pela segunda vez em um período de tempo muito curto, acordo com Sodo ao meu lado. Uma mão estava carinhosamente entrelaçada na minha e a outra repousava na minha cintura. Tudo era calmo e quieto, mas não aquele quieto que vinha me atormentando, era um quieto acolhedor, gentil. Sua respiração fazia cócegas em meu rosto e eu podia ver um fio de baba escorrendo pelo canto de sua boca. Meu corpo doía, um pouco pela crise da madrugada anterior, quanto por ter dormido de mau jeito no sofá, mas tudo aquilo me transmitia uma paz absurda e isso era tudo que eu queria nos últimos tempos, paz, me sentir amado, me sentir válido. Me sentir eu de novo.

Não sei quanto tempo passei ali admirando um Dewdrop adormecido quase parecendo inocente até que ele começasse a acordar e sorrir ao me ver, aquilo me aqueceu de um forma que eu não sabia como colocar em palavras.

-Bom dia, Dewdrop.- disse encostando meu nariz no seu. Aquilo veio de forma tão natural.

-Bom dia, Rainboy- respondeu sonolento, piscando para se acostumar com a luz do ambiente- Como você está?

-Graças a você, bem melhor. Te chamar foi a única ideia que passou pela minha cabeça naquele momento.

-E eu fico feliz que tenha me chamado. Eu disse que eu viria, seu puto.

E antes que ele pudesse reagir, me sentei em cima de sua cintura, prendendo-o e batendo em seu rosto com o travesseiro.

-Como eu poderia duvidar do senhor, Sr Sodomizer!

Ele tentou me derrubar com seu corpo e eu tentei resistir, e no meio dessa luta, ambos fomos parar no chão, rindo como crianças, ele havia aproveitado para inverter as posições, ficando por cima de mim, segurando meus braços acima da minha cabeça, mas sem me machucar.

-Pois é bom mesmo, Rainboy!

E tão rápido que mal pude processar, ele deixou um selinho em meus lábios e se levantou, indo em direção a cozinha.

Eu congelei.

Mas que porra foi essa, Sodo! E então me lembrei do nosso "beijo" durante a madrugada e senti meu rosto corar fortemente.

-SODO!!

-Vem me ajudar com o café, Chuvinha! - ele me olhou e percebeu meu estado e deu um sorriso malicioso. Maldito! - Ficou envergonhado com o que, Rain? Todo vermelho aí, tá parecendo um tomatinho.

-Vai tomar no cu, Sodo!

-Só se você me ajudar!

-Você está usando a minha camiseta que te emprestei aquele dia...

-Estou? Verdade, eu peguei a primeira roupa que encontrei pra vir, não tinha nem reparado.

-Você fica bem com ela.

-Eu fico bem qualquer coisa, bro.

Revirei os olhos e comecei a ajudá-lo a preparar algo para comermos.

A presença do Sodo me fazia bem, me renovava, ele me dava força, me dava confiança em mim, de que eu poderia sobreviver a tudo isso. Dentro de mim, existia uma gratidão imensa por ele ter prometido estar ao meu lado e de fato cumprido isso. Quero dizer, todos da banda estavam me apoiando, Swiss sendo um paizão, Aether me fazendo rir a cada 3 segundos quando estávamos juntos, mas Sodo era mais que isso, era algo diferente e foi ali, preparando café da manhã depois de uma noite infernal, que um medo me surgiu. Um medo confuso, um medo que talvez estragasse tudo. Por que eu ansiava as suas visitas? Por que eu sentia borboletas no estômago toda vez que ele me convidava para ir na sua casa? Por que eu me sentia seguro toda vez que ele me acalentava em meus momentos mais melancólicos? Por que ele foi o único nome que pensei em chamar em um momento de crise tão forte? Por que um simples selinho de brincadeira me impactou tanto?

You will never walk alone- Rain X SodoOnde histórias criam vida. Descubra agora