Omake 1 - SnowDriver

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Reyes não sabia exatamente o que fazer, como agir, aquela era a primeira vez que ele via sua mãe em anos, não é como se ele pudesse, ou sequer conseguisse, praticar aquilo no espelho. Ele havia ido até lá sem nenhum plano específico, movido basicamente por emoção. Tudo o que havia acontecido no Festival de Esportes o impulsionava; se ele havia chegado a um acordo com seus próprios poderes, ele então deveria, pelo menos, começar a criar um acordo com seu passado, ao menos com parte dele. E nesse caso, era sua mãe.
Ao estar sem palavras, o garoto então apenas observa sua mãe, Juliana Reyes Blaze, uma mulher esguia, acima da média em questão de altura, o rosto fino, os olhos cinzentos e o leve sorriso. Ela mostrava sinais da idade certamente, as leves rugas, os fios de cabelo acinzentados dentro do mar castanho da trança que a mesma tinha, mas ela parecia menos cansada do que antes. Ela era mais magra e com grandes olheiras nas últimas lembranças que Reyes tinha dela, mas agora ela parecia tão leve, tão descansada, tão...
— Acho que os parabéns estão a caminho... – ela diz olhando para o filho, e ao ver sua cara confusa, continua falando com aquela voz suave e levemente rouca – o Festival de Esportes, eu assisti

— Assistiu? – Reyes parecia uma máquina naquele momento de tão estático, mas um medo o percorria naquele momento; “ela viu minhas chamas”

— É claro, todas as moças daqui queriam saber sobre o meu filho competindo – ela diz feliz – principalmente por ele ter ganho a competição.

— É... – como a mulher que conseguia manter uma conversa fluindo tão naturalmente era mãe do garoto que havia esquecido como se falava continua sendo um mistério até hoje, mas é assim que a conversa prossegue

— Mas me conta mais da escola, como são as aulas? Fez amigos? Está interessado em alguém? – as perguntas saem, e com o tempo, Reyes relaxa
Robbie havia ouvido de seu tio que sua mãe era o coração da família; sempre mantendo todos unidos, conversando, felizes por estarem ali, e o garoto agora via em primeira mão o quão aquilo era verdade depois de tantos anos. Eles não se viam a anos, mas era como se tivessem se visto semana passada de tão naturalmente que eles falavam, ou pelo menos que ela falava. Ela com diversas perguntas, e Robbie de maneira mais monossilábica, respondia, mas ela parecia saber exatamente o que ele queria dizer, era como se aquela conexão entre mãe e filho nunca tivesse sido quebrada.
A conversa flui, os minutos se tornam horas, e as horas passam até um certo momento. No meio de uma explicação sobre as aulas, o celular de Robbie começa a tocar. Ele estava quase desligando quando vê quem estava ligando;
— Gabe? Aconteceu alguma coisa? – ele pergunta preocupado e sua mãe sorri com o lado protetor de irmão mais velho que o filho sempre teve – horas? – Reyes vê as horas no celular e se impressiona com o tempo que havia passado ali – Droga! Fala pra elas que eu te busco na casa delas se não for problema...beleza?...ok, até mais, já estou indo. – Ele diz e desliga, logo e virando pra sua mãe ia começar a se desculpar, mas ela é mais rápida

— Pode ir, não tem problema mi hijo – ela diz sorrindo docemente para Reyes – Nos veremos em breve certo?

— Sim. – Reyes diz, tentando manter a emoção em cheque por sua mãe ter lhe chamado do jeito que chamava quando ele era pequeno – eu já vou indo então... – ele diz pegando suas coisas e se encaminhando para a porta. Ele para pôr um momento, e se volta para ela, apenas concordando com a cabeça e abrindo a porta.
Mas o momento no qual ele a abriu era o mesmo instante em que uma pessoa andava ali, fazendo com que os dois se esbarrassem na saída do quarto. Reyes por sua força natural aumentada, quase não se move com o impacto, mas a outra pessoa cai de bunda no chão deixando algumas coisas caírem.
— Ah, desculpa, eu não vi você aí e... – Reyes diz, se abaixando para pegar os óculos escuros que a pessoa havia deixado cair, mas ao levantar, ele observa a pessoa de olhos heterocromáticos em quem havia esbarrado – Hee!?

— Reyes!? – a garota pergunta ao achar estranho encontrar seu colega de classe ali
Uma coisa que Reyes nota instantaneamente são as roupas da garota. Não é como se ele a tivesse visto muita coisa além do uniforme de escola, de ginástica ou a roupa de heroína dela, mas aquilo não parecia ser um look do dia a dia. A mesma vestia um enorme casaco de moletom que escondia praticamente toda a sua forma. Além dele, calças folgadas e um par de all-stars encardido, juntamente com os óculos escuros que o mesmo segurava agora. Tudo aquilo dizia que a garota não queria ser notada, a pergunta era por que.
— O que você está fazendo aqui? – Reyes pergunta, ela não o havia seguido, havia?

— Eu? O-O que você está fazendo aqui? – Seol pergunta parecendo nervosa e olhando para os lados enquanto colocava o capuz do casaco por cima da cabeça

— Eu perguntei primeiro – Reyes afirma

— Eu perguntei segundo – ela rebate, deixando Robbie mais confuso ainda com aquele “argumento”

— Mi hijo com quem você está falando? – Juliana pergunta se levantando e caminhando até a porta, logo observando o filho com uma figura desconhecida, uma garota desconhecida ainda por cima

— Ah, olá – Seol tenta ser amigável, cumprimentando a mulher que a olha com um olhar curioso e logo voltando tal olhar para Reyes

— Essa é a Hee, ela é minha colega de turma, mais nada – Reyes diz de maneira seca, como se tivesse captado a pergunta de sua mãe só pelo olhar

— Seol, Seol Hee. – A menina afirma, ignorando a secura de Robbie – Muito prazer em te conhecer... Sra. Reyes – ela responde e se curva levemente em um comprimento coreano

— Por favor, me chame de Juliana – a mulher responde carinhosamente, mesmo que um pouco envergonhada em não saber como responder ao cumprimento

— Ok, Juliana. Eu adoraria ficar pra conversar, mas tenho que voltar pra casa, tenho algumas coisas pra resolver e... – Ela diz começando a andar para a saída

— Roberto pode te levar. – A mulher diz rapidamente, apontando para Reyes, que olha com um mix de confusão e raiva para a proposta. A mesma apenas sorri ao sentir a emoção do filho

— Ah, não é necessário, eu consigo pedir um Uber, não é problema... – Ela diz acenando o celular e tentando evitar em se intrometer na conversa de mãe e filho – além do mais vocês devem estar conversando e...

— Eu já estou indo embora no caso... – Reyes diz voltando seu olhar para a colega de classe – se não for muito longe da minha rota...

– Ah, e-eu estou indo pro Upper East Side... – a garota diz, confusa por aquele gesto de Robbie, mas não querendo deixar o cavalo selado passar

– É possível – ele diz entregando os óculos escuros pra garota – mas vamos ter que passar pra pegar meu irmão primeiro se não estiver com tanta pressa...

– Não! – ela responde um pouco rápido e alto demais – quer dizer, não, sem problemas...

– Ok então – Robbie responde e logo se vira para sua mãe, ainda não sabendo ao certo o que fazer naquele momento, ainda havia um caminho muito longo pra eles seguirem juntos, que uma simples conversa nunca iria resolver. Mas era um passo, um primeiro passo.
Sentindo a indecisão do filho, Juliana apenas põe a mão em seu ombro, colocando uma leve pressão e sorrindo para o mesmo.
– Até a próxima, mi hijo. – Ela diz, e isso é tudo que Reyes precisava ouvir naquele momento.

















Pouco tempo depois, os dois adolescentes se encaminhavam para fora do edifício em direção ao carro de Reyes. Os dois andavam lado a lado, com Reyes girando a chave do carro em sua mão de forma rítmica e com Seol ao seu lado. O silêncio era bipolar nesse caso. Para Reyes, não havia problema nenhum, depois de toda a montanha-russa de emoções que foi ver sua mãe depois de anos, andar em silêncio era até um alívio para sua mente se recuperar, enquanto que a situação era contrária para a garota ao seu lado.
Seol não esperava encontrar ninguém que ela conhecesse naquele centro psiquiátrico, qual é, era uns bons quilômetros das áreas mais frequentadas da cidade, ela esperava poder explorar um centro para sua avó sem precisar esbarrar em ninguém, mas ali estava a sorte dela. Felizmente, Reyes deveria ser uma das, senão a melhor, opção de colega para encontrá-la ali, tirando possivelmente o Groot, por que ele seria um dos que menos faria perguntas sobre aquilo, já que ele também parecia estar visitando o Centro por motivos pessoais, e Seol também não seria alguém para cutucá-lo sobre aquilo.
Os dois logo alcançam a rua e rapidamente avistam o Charger preto estacionado do outro lad, mas quando Reyes aperta o botão para liberar as portas, antes dos dois atravessarem a rua, o mesmo para e bufa
– Droga...

– Aconteceu alguma coisa? – Seol pergunta sem entender de onde vinha a frustração

– Esqueci minha bolsa lá dentro – ele diz se virando para o edifício, parando, voltando, abrindo o carro e virando para Seol – pode ir entrando, eu já volto – ele diz e sai com uma leve corrida de volta para o edifício
A garota olha ao redor, e logo segue o caminho, atravessando e adentrando o carro no lado do passageiro e abrindo o vidro para não morrer sufocada. A garota nunca fora nenhuma viciada em carros e não entendia nada daquilo, mas tinha que admitir que era um carro muito bonito. Primeiro, ela esperava algo completamente destruído depois de tudo que havia acontecido durante a corrida no Festival de Esportes, mas das duas uma; ou o carro tinha super poderes também ou Reyes cuidava muito bem dele, bem, talvez um pouco dos dois. O carro parecia de certa forma antigo, dado o volante, o painel, os próprios bancos e a ausência de um rádio moderno, o qual Seol fica indignada.
– Sem bluetooth e nem mesmo entrada de cd? – ela se questiona olhando a aparelhagem antiga de perto, parecia até um milagre aquilo conseguir ser um rádio normal. Ela observa atentamente aquela peça de um passado distante até ouvir alguém batendo na porta.
Olhando para fora, a garota observa um menino, aparentemente da idade dela, se ela fosse chutar. Com uma pele levemente morena, um rosto arredondado, um porte atlético e cabelos castanhos escuros bem espessos que iam pra cima e caiam levemente. O mesmo se debruça no vidro aberto, fazendo com que Seol se afaste levemente
– Ah, olá? – Seol tenta ser amigável, mas aquela situação estava levemente desconfortável

– E aí gatinha? Ou melhor dizendo; Ni hao – ele diz com um sorriso sacana – meu nome é Jason, Jason Ionello.

–... – Seol respira fundo para manter a compostura – O que você falou é uma saudação chinesa, eu sou coreana...

– Ah, foi mal aí, não sou muito bom em geografia – ele diz sem deixar de sorrir – eu estava andando e vi você aqui nesse carro velho, voltando pra casa com o seu avô por acaso?

– Não... – a garota tenta dar seu melhor “sorriso para as câmeras” – é de um amigo meu.

– Ah, claro. Mas olha, se você quiser um cara com um carro de verdade... – ele diz pegando chaves de um carro do bolso e apontando para frente, onde um carro mais novo estava estacionado – eu poderia te dar uma carona.

– É muita gentileza sua... – a menina diz – mas infelizmente estou com pressa e já vamos sair e...

– Qual é, vamos lá eu não mordo... – ele diz colocando as mãos na porta e se aproximando mais de Seol, até que com um barulho de chiado ele se afasta, rapidamente tirando as mãos da lataria do carro como se tivesse se queimado nela

– Ah! Mas que droga... – ele diz abanando e assoprando as mãos, quando logo percebe uma nova figura

– Ela mandou cair fora! – Reyes diz se aproximando pela frente do carro

– Ninguém te chamou na conversa não chapa... – Jason diz colocando mais uma vez a mão no carro, mas logo a retirando como se o carro estivesse muito quente

– Eu me meto onde eu quiser, principalmente quando tem alguém encostando no que é meu... – Reyes diz essa frase, se referindo ao carro, mas fazendo parecer que estava falando de Seol. E encarando no fundo dos olhos do outro garoto – então eu vou te dar um último aviso; cai fora.

–... – Jason logo vê aqueles olhos que no fundo pareciam ter o próprio inferno ardendo – ei, era só ter falado que era sua namorada... – ele diz saindo rapidamente, entrando no carro dele e partindo com velocidade

– Hunpf – Reyes bufa e logo volta para o carro, abrindo a porta adentrando no banco do motorista

– Meu herói! – Seol diz de maneira divertida, retirando as roupas mais largas que usava, revelando a camiseta branca com babados que vestia embaixo do casco de moletom

– Não era você – Reyes diz dando partida no carro e soltando o freio de mão – ele tava com aquela mãozona no capô do meu carro... – ele diz saindo da vaga e dirigindo de volta à Manhattan com Seol rindo levemente ao seu lado.
Depois desse ‘incidente’, a viagem seguiu tranquila e silenciosa, a não ser pela música em volume mais baixo que de certa forma preenchia o ambiente interno do veículo, mas não era suficiente para saciar a extrovertida lá dentro. Seol era uma celebridade, toda a sua vida foi sobre se relacionar com as pessoas, principalmente pela música, e ela estava naquele momento com o único garoto que ninguém havia conversado antes, era quase ironia do destino demais para deixar passar. Felizmente, uma ajuda do universo viria naquele momento na forma de uma música;
“Carry on my wayward son
There'll be peace when you are done
Lay your weary head to rest
Don't you cry no more”
– Ah, eu adoro essa música! – a menina diz logo aumentando o volume do rádio

– Jura? – a pergunta sai automaticamente de Reyes. Ele normalmente julgava as pessoas em sua mente, mas naquela manhã ele havia falado mais do que o normal, então ele estava propenso a tal ação

– Qual o problema? – Seol pergunta, fingindo estar machucada pela pergunta, mas dizendo de forma divertida enquanto dançava com a música – só por que sou coreana eu só posso gostar de coisas coreanas? Pra sua informação, eu sou uma grande fã de “Supernatural”

–... – Reyes estava prestes a responder, mas a letra da música logo retorna, e ele se distrai...

– Once I rose above the noise and confusion/Just to get a glimpse beyond this illusion/I was soaring ever higher/But I flew too high - ... por causa de Seol começando a cantar
Reyes não realmente sabia o quão famosa ela era. Claro, ele não era idiota, ele sabia que ela era uma espécie de celebridade, não entendendo muito bem que tipo, mas sabendo que ela era. A questão era que, os artistas musicais favoritos de Reyes eram da época pré autotune, em que como a voz dos artistas era nas músicas era igual em shows ao vivo. Não que aquilo fosse uma escolha pessoal dele, mas era algo que acontecia. Dessa maneira, sempre quando ele via, normalmente sem intenção, um desses novos artistas cantando, eles soavam muito diferentes (e às vezes até piores) do que as versões das músicas disponíveis na internet, tudo por causa das tecnologias atuais, mas o mundo dele cai no momento em que Seol começou a cantar.
Reyes curtia músicas, mas ele não era nenhum aficionado; ele tinha tido algumas aulas de violão com seu tio e gostava de colocar música enquanto trabalhava na oficina, mas a voz da garota estava em outro nível. Ela tinha uma energia própria contagiante, juntamente com uma leveza e ao mesmo tempo potência na voz, mas não de uma forma antagônica, mas sim de uma forma complementar. A voz do vocalista original era completamente encoberta pela voz de Seol, que parecia moldar a música à sua maneira, simplesmente com sua voz.
Os cinco minutos de música são ao mesmo tempo muito longos e curtos demais. Quando Robbie se dá conta, a música acaba e Hee respirava um pouco mais profundamente, recuperando o fôlego. O garoto não consegue se conter e diz;
– Você canta bem. – Diz Reyes, o que pro nível dele já era bastante coisa

– Obrigada... – Seol já havia recebido aquele elogio de diversas formas diferentes ao longo dos anos, mas por algum motivo, aquele comentário de Reyes a deixava ainda mais feliz – é um dos meus hobbies, uma das coisas que eu mais amo nesse mundo...

–... – Reyes apenas concorda com a cabeça, mas mal sabia ele que aquele não seria o fim daquela conversa

– E você? O que gosta de fazer? – Seol pergunta, recebendo um olhar de lado do garoto, mas que logo se volta para a rua à frente – qual é, a gente tá na mesma classe faz mais de um mês e eu não sei nada sobre você! Eu sei mais do Groot do que eu sei sobre você.
Mesmo sem ser muito extrovertido (ou nada extrovertido nesse caso) Reyes era bastante observador, ele sabia que Seol devia ser uma das, se não a, pessoa mais amigável e extrovertida da classe, facilmente flutuando por entre os diversos grupos; sejam das meninas, o grupo de Flash, o grupo do Araña, até mesmo a dupla dos representantes de classe, que geralmente passavam as horas vagas fazendo reuniões e discutindo entre eles meios de aumentar a “eficiência das aulas” ou “formas de introduzir uma rotina de estudos”.
A menina bufa, e encosta no banco, pronta para desistir, até que Reyes a surpreende.
– Eu gosto de carros... – o garoto diz, e o mesmo não consegue ver o brilho nos olhos da garota ao vê-lo falando – seja conhecer sobre eles, dirigir eles, consertar eles. É algo que sempre fez parte da minha família, então é algo meio natural.

– Deve ser legal – a garota comenta, sem deixar a bola cair – ter algo que te conecta com a sua família

– Não é assim com você e cantar? – o garoto entra no jogo de perguntas e respostas. Se não se pode vencê-los junte-se a eles, não é mesmo?

– Não muito... – ela diz dando os ombros – meus pais morreram quando eu era muito nova pra sentir o impacto, eu vivo com a minha avó desde então. E cantar era simplesmente algo que eu gostava de fazer; algumas oportunidades surgiram, eu queria ajudar minha vó com as contas e a explosão de grupos musicais na Coréia me ajudaram a realizar esse sonho...

– E agora virando uma super-heroína? – Reyes fica curioso. Ele não imaginava que uma menina tão alegre tinha um passado desses

– É, existem alguns outros motivos pra isso... – ela diz, por um segundo parecendo mais triste, mas ela rapidamente se recompõe – mas isso é algo que você vai ter que lutar pra conseguir! – ela diz sorridente

– Pelo seu jeito não acho que vai ser muito difícil – Reyes diz de maneira sarcástica

– Como ousa!? Eu sou uma pessoa muito reservada e secreta pra sua informação – ela diz de maneira sarcástica de volta, fazendo o garoto revirar os olhos – mas vamos lá, já falei muito de mim, agora é sua vez...

– Eu falei já

– Mas não o suficiente. Vamos lá, eu falei da minha família, é sua vez. – Ela diz determinada

– Ok... – o garoto diz – você conheceu a minha mãe, e acho que conhece meu pai também. Eu moro com meu tio Eli, meu irmão Gabe e eu acho que eu tenho um avô por parte de pai por aí…

– Acha?

–... – o garoto simplesmente dá de ombros

– Tem foto do seu irmão? – a garota pede

– Tenho... – sem nem precisar parar o carro, o garoto pega seu celular no console do carro, abrindo a tela de bloqueio e mostrando a imagem dele e do irmão dentro de um carro, provavelmente do próprio Dodge Charger.
Era possível ver que a foto havia sido tirada pelo menino mais novo, com um Robbie ao fundo olhando para frente, provavelmente dirigindo. Era também possível ver a semelhança entre os irmãos Reyes; os mesmos olhos e a pele bronzeada, mas enquanto o cabelo de Robbie era liso, o de Gabe era mais comprido e volumoso, mas também sendo da mesma coloração negra. Os semblantes dos garotos era o que principalmente os separavam; mesmo com feições parecidas, Robbie aparecia sério na foto enquanto Gabe tinha um enorme sorriso e apontava para o irmão mais velho que nem desconfiava da foto sendo tirada.
– Ele parece ser uma graça – Seol diz colocando o celular do colega de volta no console

– Ele é... – Robbie responde, sem sorrir, mas expressando uma sensação de irmão mais velho orgulhoso

– Mas então, voltando pro assunto de heróis... – Seol continua – você já decidiu com quem vai estagiar?

–... – Reyes demora um pouco para responder, levemente apertando o volante antes de responder – com meu pai. Já que eu, aceitei o meu poder, ele é o melhor pra me ensinar a usá-lo

– É válido, mas... – Seol responde, facilmente sentindo a tensão no ar – não existem outros heróis flamejantes pra você estagiar, certeza que você recebeu diversas ofertas

– Eles existem, mas as minhas são...diferentes – Robbie responde

– Diferentes como? – a garota pergunta

– Eu não sei explicar... – ele diz, realmente não entendendo muito bem, mas sabendo que uma diferença existia – mas e você? Decidiu já?

– Na verdade sim, e se você não fosse com seu pai eu até te diria para irmos juntos – a menina diz animada – eu vou estagiar com o “Quarteto Fantástico”

– Impressionante – Reyes diz um pouco sem emoção, mas estando realmente impressionado, já que o Quarteto Fantástico era uma das equipes mais famosas de heróis da região – mas eu pensei que eles lidavam mais com pesquisa

– Eles lidam, mas o Tocha Humana é quem foca mais em resgate e combate, e é tecnicamente com ele que eu vou estagiar – ela diz – adoro ciência, mas não acho que seria muito minha vibe

– Tocha Humana, essa é contraintuitiva – Robbie diz

– É que eu já tenho um bom controle da minha individualidade – a garota diz, rapidamente movimentando a mão direita e criando um floco de neve com intrínsecos detalhes no ar, antes dele derreter e desaparecer – então treinar com alguém com poderes de fogo vai fazer com que eu consiga treinar para manter o gelo por mais tempo e criar ele mais espesso, como um treino de resistência

– Faz sentido... – o garoto diz
O silêncio então reina por alguns momentos. Robbie se sentia estranho, ele nunca tinha conversado tanto com alguém que não fosse Gabe, até com seu tio as conversas eram mais curtas, ele se sentia estranho, não de um jeito ruim, mas de um jeito que nunca havia se sentido antes. Mas mesmo assim, ele sente que a garota não parou de falar por ter acabado o assunto ou por querer apreciar a música, já que agora estavam passando propagandas, então ele pensava que a menina estava querendo falar de algo mais pessoal, talvez sobre a mãe dele no hospital ou algo com seu pai. Sem saber ao certo, o garoto pensa nas opções do que e como responder e o quão confortável estava para revelar certas coisas, mas logo seus pensamentos são interrompidos
– Posso falar uma coisa com você...um pouco mais pessoal? – a garota pergunta, sem encarar Reyes

–... – Reyes não responde, mas gesticula com a mão para a garota continuar

–... – ela também não diz nada logo de cara, parando por um momento, como se pensasse nas palavras certas ou simplesmente estivesse acumulando coragem – você...
Mas antes que a pergunta pudesse ser feita, um alto barulho de uma música, uma batida pop animada sem letra começa a ecoar no carro. Reyes não sabe de onde vem aquilo, e logo vê a garota procurando por entre seus bolsos até encontrar seu celular e atender a ligação.
– Oi!...eu tô voltando pra casa...o que? por que?...sério?...ok, ok, eu vou ver o que posso fazer – ela diz e desliga o telefone, logo se voltando para Reyes – talvez eu precise que você me deixe em outro lugar... – ela diz levemente com medo da resposta do garoto

–... – ele suspira, já tinha esquecido de pegar Gabe na escola, ele esperava que não fosse atrasar muito mais – aonde é?
A menina logo mostra a localização em seu celular, e Reyes logo reconhece a localidade, dada sua familiaridade com as ruas de Manhattan, felizmente não era muito longe.
– Ok – o garoto diz, logo acionando a seta para esquerda do carro – a única coisa é que vamos para lá primeiro, já que é mais perto, então você não vai conhecer o meu irmão. – Reyes anuncia

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⏰ Última atualização: Dec 26, 2022 ⏰

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