Aquelas duas primeiras semanas de agosto haviam passado como dois anos para Peter, e nada parecia melhorar. Peter nem havia conseguido demonstrar qualquer alegria naquela noite, mesmo tendo conhecido Demolido e Justiceiro, e ter ouvido que Lápide havia sido pego, tudo que lhe importava era o sangue inocente que tinha em mãos...mas o pior de tudo fora tia May; ele queria que a mesma ficasse furiosa com ele, esbravejasse, o culpasse de tudo, isso sinceramente o faria sentir muito melhor, mas não, quando a mesma apareceu correndo entre os carros de polícia, tudo que ela vez foi abraçar Peter, não se importando com o sangue ou o suor do garoto, apenas o apertou perto do peito, passando a mão por seu cabelo enquanto deixava o sobrinho chorar, encharcando sua blusa. Além do mais, mesmo o garoto tendo contado tudo, desde o encontro com o Homem de Ferro até aquela noite, ela não fez nada a não ser ouvir atentamente o que o sobrinho dizia, até no fim simplesmente dizer;
“— Estou tão feliz que você vai conseguir seguir se sonho agora...”
O velório havia sido poucos dias depois e Peter não havia demonstrado nada, havia permanecido sem emoção e com a cabeça baixa o tempo todo; nem mesmo Flash que havia comparecido com seus pais havia falado com ele, e Peter até agradeceria por isso, se houvesse qualquer resquício de felicidade em si.
Os dias que se seguiram forma piores, Peter não saia do quarto, mas deixava a porta aberta, com isso May entrava com um lanche, conversava com o garoto o máximo que conseguia e o deixava novamente. Peter não falava mais com Sr. Stark e havia parado os treinos, mesmo com a prova sendo a poucas semanas de distância, Peter não ligava, provavelmente não faria mais o teste mesmo...que herói deixava inocentes morrer não é mesmo?
Porém, aquela manhã havia sido diferente, sem penar muito, havia andado várias quadras e direção ao cemitério e agora se encontrava em frente a lápide de Benjamim Parker. Peter não sabia por que estava ali, não queria estar ali, mas por algum motivo não conseguia ir embora. Mas também não sabia o que fazer; deveria chorar? Gritar? Esmurrar uma árvore? Conversar com ele? Nada fazia sentido, e ele ficava apenas observando aquela pedra cinzenta com o nome de seu tio...
— É sua primeira vez fazendo isso? – Peter ouve uma voz feminina a sua direita e se vira um pouco assustado – ah...desculpa, não queria atrapalhar
A voz no caso havia vindo de uma menina, provavelmente da mesma idade do moreno, um pouco mais baixa que o mesmo, vestia um casaco preto com uma saia da mesma cor e carregava um buque de flores. A mesma era morena, com os cabelos lisos escorrendo pelos ombros e costas, com um simpático laço vermelho no topo da cabeça, tinha olhos em um exótico tom vermelho vivo, mas que impressionantemente não lembravam o garoto de sangue, guerra ou violência, mas uma certa ternura e curiosidade. A mesma tinha singelas curvas bem escondidas pelo casaco, tinha um rosto arredondado com bochechas um pouco avantajadas que lhe davam uma aparência fofa
— Desculpe por ser intrometida, é que eu já estive na mesma situação...- ela diz encarando a lápide em sua frente- e eu só quero dizer que, tá tudo bem, não saber o que dizer...Eles vão entender se você não quiser falar, mas se quiser, fale o que o seu coração mandar.- ela diz sorrindo levemente e encarando Peter nos olhos, com um leve avermelhado nas bochechas, ela então se vira para a própria lápide;
— Ei vovô, sou eu de novo...- ela diz para a lápide como se tivesse já feito isso várias vezes, além de realmente falar como com uma pessoa ali mesmo- eu vim trocar suas flores, já que você gosta tanto de tulipas...Eu e o Pietro estamos muito animados pela prova, nos esforçamos muito e queremos deixar você orgulhoso...
Naquele momento Peter se volta para onde seu tio Ben estava, com milhares de coisas presas em sua garganta que ele queria poder ter o mais velho para poder compartilhar; a raiva, a frustração, a tristeza, a saudade, o vazio que ele sentia dentro de si... Mas nada disso importava, seu tio sempre dissera que as coisas ruins existiam e viriam para nos derrubar, ele precisava ser resiliente naquele momento...Mas também não era isso que queria dizer...
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My Marvel Academia
ActionEm um mundo onde 80% da população possui algum poder sobre-humano, ou "dons", conhecidos como individualidades, o garoto Peter Parker teve a infelicidade de nascer sem nenhum. Nesse mundo fictício, desde o primeiro caso constatado de um recém nascid...