Amigo

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—Como você deixou algo assim acontecer? Como será um bom rei se não pode cuidar do seu irmão mais novo?

O barulho do tapa ecoou pela enorme sala de jantar e o mundo parecia ter parado para Julien, que não lembrava de ter recebido uma repreensão como aquela na vida.

Mas a culpa correndo seus ossos o impedia de externar a fúria que estava sentindo por ser tratado daquela maneira, era até injusto os pais que nunca sequer ligaram para Edward estivessem cobrando algo deles. Ele falhou como irmão pela primeira vez, porém seus pais erraram como pais desde do primeiro dia de vida do mais novo.

—Eu estou tão preocupado quanto você.

Seu tom não era hostil, mas a mensagem era clara e seu pai entendeu; o indício foi seu olhar ter desviado um pouco para longe.

O rei estava furioso, seus olhos lacrimejavam tamanha era sua raiva pela notícia do sumiço do seu filho caçula e pela repreensão disfarçada que recebeu do seu filho mais velho.

—Calma querido!

Belly interviu para que seu filho não fosse atingido novamente, vendo como o homem parecia ter retornado ao seu estado de espírito furioso novamente.

—Como posso ter calma esqueceu que esse mundo é uma escuridão total para ele?

O Rei não conseguia pensar em um cenário onde seu filho pudesse estar em segurança, não diante da tempestade caindo e da realidade que era sua cegueira.

—A culpa é dele que não deveria ter saído, não devia bater no nosso filho por causa daquele.

Belly alisou a pele vermelha do rosto de Julien, não estava satisfeita por ver seu filho apanhando.

—Não fale como se Edward fosse um qualquer, ele é seu filho, um que você devia cuidar e se algo acontecer a culpa também é sua.

O rei não podia suportar o desprezo da esposa pelo próprio filho, essa era uma pauta que retornava muitas vezes quando estavam a sós e era o maior motivo dos desentendimentos entre eles.

—Não omita sua culpa, meu rei!

Provocou Belly, a mulher não iria aceitar aquela acusação sozinha.

—Por favor, não briguem altezas!

O conselheiro se aproximou para evitar uma discussão de proporções maiores, não era o momento.

—Vamos nos planejar para o procurar, tenho certeza que o segundo príncipe está bem e escondido para se proteger da chuva, quando a chuva cessar o encontraremos.

—Isso meu pai, vamos para a sala de estratégias e traçarmos um bom plano de busca. 

Belly saiu furiosa por ter sido repreendida na frente da família e súditos, ela não suportava ser tratada de qualquer maneira.

—Vamos!

O rei suspirou e resolveu que era bom ouvir o conselheiro, não tinha tempo a perder com sua esposa que estava perfeitamente bem, enquanto seu filho estava perdido, provavelmente com medo e sozinho.

Eles abriram o mapa do reino e analisaram toda extensão da floresta negra, o lugar era grande e as trilhas não eram de fácil acesso, apenas uma pessoa devidamente conhecedora do local poderia caminhar nelas sem se perder,mesmo assim eles estavam dispostos a fazer o melhor.

Infelizmente nada estava colaborando, a chuva havia evoluído para um temporal muito rapidamente e não tinha sido visto uma como aquele desde do dia em que o segundo príncipe nasceu.

Havia vários relatos de inundação em algumas partes do reino e isso tornava ainda mais desesperador as coisas para a família real.

Era suicida se embrenhar na mata fechada numa situação como aquela e por mais que amasse seu filho, o rei jamais sacrificaria o seu povo assim.

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