Laços de Maldição

O amor machuca

Oliver conseguiu chegar em casa, estava grato por estar sozinho pois o estado devastado que se encontrava seria difícil de esconder da sua mãe. Ao mesmo tempo, sua mente estava cheia de sentimentos conflitantes e ele adoraria um conselho sábio.

Ele ficou na floresta olhando de longe até Edward partir, mesmo com raiva, ele ainda não podia deixar de ficar preocupado. Foi duro escutar o choro do outro e ignorar os pedidos para que retornasse para conversar, mas ele simplesmente não podia se aproximar no momento.

Afinal, ainda era um ser humano de carne, osso, fraquezas e orgulho.

"Ele mentiu para mim"

Suspirou magoado, tinha contado seu segredo mais profundo e em troca havia recebido uma mentira que poderia nunca ter descoberto, se não fosse a grande falha cometida.

Ele preparou um chá de camomila e depois de se sentir um pouco melhor, algumas coisas foram fazendo sentido. Não havia sido o primeiro deslize, ele só estava ocupado demais se apaixonando a cada dia para não notar os indícios. Muitas vezes ele tinha certeza que o moreno estava lhe olhando fixamente, algumas ele disse coisas que não tinha como saber já que não enxergava."Porque a minha maldição não o afetou?"Essa pergunta estava lhe tirando a paz e fazia se arrepender de não ter escutado a explicação do outro, porque não fazia sentido ele ser imune, Edward era um homem comum e, pelo que se sabe, nunca ninguém sobreviveu para contar a história."Ele não sabia da maldição antes". A surpresa nos olhos dourados enquanto o contava hoje lhe dava a certeza que não, se ele soubesse porque se arriscaria ficando em sua presença?

— Você devia ter ficado, Oliver !

Gritou a plenos pulmões, poderia ser apenas mais uma mentira o que seria dito, mas pelo menos ele não estaria agora sendo corroído pela dúvida.

Se remexeu na cama inquieto, chorando, gritando, xingando e odiando a si mesmo e ao outro. Havia tanto conflito dentro de si que ele não sabia mais o que fazer, talvez bater em sua própria cabeça até perder a consciência.

Um trovão o assustou, o tempo estava lindo antes e não imaginou que uma chuva fosse cair, talvez fosse só os deuses sendo solidários com sua dor e chorando junto consigo. — Me tirem essa merda de maldição ,isso sim me ajudaria. Xingou alto e se encolheu quando um trovão ainda mais alto soou. — Por favor, releve, estou de coração partido.

Encolhido e escondido debaixo dos lençóis ele voltou a chorar, nem mesmo o cheiro de terra molhada e o som da chuva sobre o telhado lhe dava conforto, mas talvez o cansaço pela enxurrada de sentimentos que enfrentou no dia tenha drenado suas forças, ou fosse a quantidade enorme de chá que bebeu, ele se sentiu sonolento e rapidamente se perdeu no mundo dos sonhos.

(...)

Edward se arrastou para casa e a chuva o alcançou logo no início da trilha que o levava ao castelo, ele, porém não podia se importar menos, ficar ensopado não era nada comparado ao que estava assolando seu coração nesse momento.

O doce da chuva se misturava com o amargo das lágrimas que caiam do seu rosto, ele estava se sentindo dormente. Foi a primeira vez na sua vida que desejou não ver, afinal os olhos magoados de Oliver continuavam fazendo seu coração doer. Magoá-lo nunca foi sua intenção e o arrependimento era devastador.

Ele sentiu Cine parar e só então percebeu que já estavam no estábulo, seu estado era de total dormência, mas sua mente estava claro sobre seus sentimentos, ele não via Oliver como seu amigo, de alguma maneira durante esse tempo de convivência o amor floresceu em seu coração.

O amor pode machucar, ele leu alguns poemas que diziam isso, mas nunca até agora teve uma experiência real sobre isso, ele nunca tinha tido amor antes até encontrar aqueles olhos verdes que emanavam sinceridade e bondade.