Floresta

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A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada.

-Albert Einstein

No breu do calabouço do castelo uma pessoa aguardava ansiosa pela chegada  do seu encontro, não podendo se impedir de andar para lá e para cá, precisava de noticias e não qualquer noticia: uma boa e que envolvesse a morte de um inimigo.

—Você demorou!

A pessoa escondida pela capa preta estava chateada por ter esperando alguns minutos a mais do que apertado, afinal odiava atrasos e sua ansiedade por notícias não ajudava a se acalmar, aquela era uma jogada arriscada que não podia ter falhas.

—Desculpe, eu só queria garantir que estava tudo bem.

Se desculpando sinceramente o homem segurou a cintura da pessoa a sua frente e encarou, olho no olho com a tensão pairando no ar.

—Você fez o que eu pedi ?

O rosto misterioso escondido questionava o homem a qual havia dado uma missão, ele estava torcendo para ouvir o que queria ou as coisas não ficariam boas.

—Sim, como me pediu eu assustei o cavalo com os cachorros e ele foi diretamente para a floresta negra e cuidei para que não houvesse rastros de onde ele entrou, o resto a chuva vai fazer.

O homem estava com um sorriso feliz no rosto assim como aquele que tinha lhe dado a ordem sorria satisfeito.

—Não há chances dele escapar ?

Os olhos brilhavam de felicidade.

—Não com vida; pessoas saudáveis não conseguem, imagine aquele cego idiota.

Ambos gargalharam.

—Ótimo — Seja discreto a partir de agora quando tudo isso for resolvido voltamos a nos ver.

—Eu sempre sou discreto, por isso estou a anos ao lado do Rei.

Um sorriso de escárnio se formou em seus lábios.

—E mais uma coisa, só por precaução ajude nas buscas e fique sempre de olho na floresta se ele aparecer, você vai dar um jeito de o matar e parecer acidental, não deixe que aquela aberração estrague nossa boa vida.

—Farei o que deseja majestade.

—Ótimo, agora irei fazer parte do show da notícia sobre o sumiço do segundo príncipe.

Passos discretos saíram da escuridão e caminharam pelo castelo sorrindo, pois nos próximos dias ele teria que fingir tristeza com a tragédia que seria anunciada.

(...)

O medo havia congelado as pernas de Oliver mesmo que o rapaz pedindo sua ajuda não soubesse exatamente sua localização, várias variáveis foram se formando na sua mente e ele estava em guerra internamente sobre fugir ou continuar parado.

O jovem devia ter voltado para casa há um bom tempo, mas acabou se distraindo imerso no seu drama de vida que acabou nem percebendo quando tempo passou, pelo menos para sua sorte sua mãe não estaria em casa e não levaria uma super bronca por a deixar preocupada.

—Me ajude !

A voz pedindo socorro soou ainda mais baixa que antes e depois ele escutou um barulho e o silêncio se tornou total, só então ele se moveu do esconderijo e olhou na direção do cavalo, vendo o homem no chão parecendo desmaiado e mesmo que ainda fosse um risco e pudesse ser uma armadilha ele caminhou até lá.

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