That Way (Parte 2)

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Camellia estava atrasada. 

Não que fosse sua culpa, eu sei que às vezes o seu chefe exige muito dela e acaba a deixando exausta. Aquele era um desses dias, já que eu estava há quinze minutos esperando por ela na recepção e ela não desceu.

A recepção do prédio de arquitetura era bonita, e agradável, mas os olhares sempre me deixavam desconfortáveis.

Os funcionários sempre me olhavam como se quisessem uma resposta. Eu ia quase todos os dias buscar a Lia e muitos deles se perguntavam o que éramos.

Eu também queria saber.

Suspirei, me ajeitando na cadeira e olhando para frente. Um homem alto se aproximava e a medida que ele andava em minha direção, ficava mais claro para mim o que ele queria.

Ele se sentou ao meu lado, mesmo tendo outros bancos vazios. Demorou poucos segundos até que ele chamasse a minha atenção.

— Qual o seu nome? Está aqui faz algum tempo. Quer alguma ajuda? — eu já vim aqui muitas vezes para saber que ele não era funcionário dali.

— Estou esperando alguém — respondi simples, sem me importar de olhar para ele.

— Eu estive te observando. Você não vem sempre aqui, vem? — eu já havia recebido muitas cantadas.

Essa com certeza era a pior.

— Não estou interessada — finalmente olhei para o seu rosto ao dizer. Algumas pessoas só aceitavam uma rejeição dita daquela forma.

Eu tinha que olhar em seus olhos, dizer que não queria com uma expressão neutra e continuar mantendo o contato visual, para que eles entendessem que não adiantaria insistir, minha resposta ainda seria não.

Minha atenção foi dele para a pessoa que se aproximava. Era como se meu corpo soubesse quem era, mesmo sem eu saber.

Assim que a vi, me levantei, indo para o lado de fora e sabendo que ela me seguiria.

Camellia estava linda, como sempre.

Hoje ela vestia um vestido preto que ia um pouco acima dos joelhos. Nos pés um tênis e uma meia longa preta que ia até os joelhos. Seus cabelos ruivos  estavam um poucos rebeldes, e sempre quando estavam assim, dava pra ver que na verdade, seu cabelos era cacheado e não liso.

Lia acordava todos os dias para alisa-los, mas hoje, ela não fez isso.

Seu rosto também tinha olheiras profundas, e eu me perguntei se eu era a culpada disso.

— Você parece cansada — abri a porta do carro para ela, e quando eu me sentei no banco do motorista, ela respondeu.

— Não estou conseguindo dormir direito — abro a boca para perguntar o porquê, mesmo sabendo a resposta, mas ela continua, mentindo — Estou atolada de trabalho... —

— Precisa descansar. Se quiser eu posso te ajudar — eu não queria que soasse estranho, mas soou — Sabe... Você pode ir para o meu apartamento, posso fazer um chá e cantar canções de ninar — brinquei.

— Você bebeu muito no fim de semana... Como não ficou afetada por isso? — ela mudou de assunto, trazendo o assunto do fim de semana.

— Eu fiquei mal. Tive uma ressaca horrível, mas já se passaram três dias, eu estou bem — três dias.

Três dias que nos beijamos de novo e depois disso não falamos mais sobre nós, sobre beijo. Não falamos sobre nada, já que o trabalho me fez ficar ocupada.

— Você se lembra de tudo o que aconteceu no fim de semana? — ela me olhou ao perguntar.

Eu não a olhei, mantendo minha atenção na estrada e no engarrafamento a frente.

BAD THINGS  •Billie Eilish• ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora