Capítulo 2

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Wednesday Addams. 9 anos depois

O dia tinha amanhecido como qualquer outro, até que ouvi um barulho e muita agitação, parecia alegria e por um momento eu me irritei com aquilo. Observei da minha janela e percebi que o barulho vinha dos meus vizinhos, até aí nenhuma novidade, mas eu vi alguém descer do carro lá na frente que eu não via a muitos anos.

 -Enid Sinclair ainda está viva?- Me fiz essa pergunta e meu irmão apareceu do nada respondendo.

-Sim, ela permaneceu durante todos esses anos em um colégio interno.

-Não sabia que nossos vizinhos gostavam de tortura.

-Ela parece ter mudado tanto.- A mesma possuía os cabelos loiros com as pontas azuis e rosa, usava um vestido extravagante e uma maquiagem simples, mas bem rosa.

-Não me lembro muito bem dela, só sei que terá uma festa de boas vindas a ela essa noite.

-Como você sabia?

-Lucille me convidou.

-Quem?

-Irmãzinha você precisa socializar mais.- Depois disso meu irmão saiu do meu quarto e pude ouvir a voz do meu tio Fester pelas paredes.

-Pugsley tem razão Wandinha, você é jovem, na sua idade seu pai e eu saíamos com as meninas pelos cemitérios a fora.

-Que bom que eu não sou vocês, agora será que posso ficar sozinha no meu quarto?- Não obtive resposta, e pude ficar só novamente.

 Com o decorrer do dia a noite chegou e com ela um barulho dos infernos, com certeza os Addams realizam festas melhores que os lobisomens. Eu não sabia muito sobre essa espécie já que pouco se tem conhecimento e os livros feito por lobisomens ficam em bibliotecas particulares de ter acesso, sei disso porque já tentei invadir a mansão Sinclair e é difícil entrar sem ser pega com uma espécie que tem um nariz extremamente bom.

 Fui até o cemitério que ficava no meu jardim para ter um pouco de paz quando encontrei minha mãe sentava em um banco admirando a luz do luar.

-Wandinha, como vai querida? Andou sumida no dia de hoje.

-Não consegui ter um dia muito bom com essa agitação toda dos nossos vizinhos.

-Bom, se eu fosse a senhora Sinclair também estaria eufórica, fazia muitos anos que eles não viam a filha mais nova deles.

 Engoli em seco ao olhar a lápide do meu irmão mais novo Pubert, ele nasceu quando eu tinha oito anos e morreu poucos meses depois com a invasão dos padrões enfurecidos na nossa antiga casa, todos estávamos bem com a morte dele, o que deixa minha mãe enraivecida é o fato dele ter morrido de uma maneira muito covarde e muito novo.

-Mãe porque você não entra? Papai já deve estar louco te procurando.

-Wandinha, deixe ele se martirizar enquanto me procura, não aprendeu ainda como os Addams amam? Um dia você terá alguém louco por você também.- Fiz uma careta e mamãe riu.

-Sou fã de tortura, mas essa eu passo.

-Querida ninguém está totalmente livre disso, deveria ter se conformado já.

 -Cara mia!- Meu pai apareceu, minha mãe ofereceu sua mão e ele a beijou.

-Gomez, porque demorou tanto?

-Gosto de como você fica linda nessa luminosidade da lua.- Se eu pudesse vomitar eu o faria, meus pais a cada dia se tornavam mais insuportáveis.

 Continuei andando pelo cemitério até que eu vi uns túmulos diferentes e percebi que estava na propriedade dos nossos vizinhos, suas criptas estavam tomadas por poeiras e matos do tempo, eles não cuidavam daquele lugar?

 Estava tudo bem até que ouvi um choro leve e quase imperceptível vindo de uma cripta, aquilo me deixou intrigada e decidi seguir por aquele barulho, até que debaixo de uma estátua de um lobisomem imponente havia uma garota frágil demais para ser realidade.

-Enid?- Ela se virou em minha direção, seus olhos azuis pareciam cinzas de tão claros e suas lágrimas tomavam seu rosto inteiro, odiaria confessar, mas aquela cena fez meu coração bater apertado e por incrível que pareça odiei a sensação.

-Wandinha. Wandinha Addams?- Ela abriu um sorriso e veio até a minha direção abrindo os braços, me afastei e ela sorriu mais ainda. -Oh pela deusa da lua, é você mesma! Quanto tempo!

-O que faz aqui, não deveria estar em sua festa?- Seu semblante animado mudou para um sério.

-Seu irmão já chegou? Deveria perguntar a ele o que aconteceu.- Eu não entendia o que ela queria me dizer, o que meu irmão teria haver com aquilo?

-Meu irmão estragou sua festa? Não pode ser, admito que estou orgulhosa, mas confesso que não esperava.

-O que? Não.- Ela começou a rir sem parar. -Só você mesma para me fazer rir depois disso, minha mãe criou essa festa para tentar encontrar um companheiro digno para mim.- Ela bufou e depois continuou. -Só que ela viu seu irmão e o expulsou da festa, minha prima achou ruim e discutiu com ela, eu tentei intervir e não foi uma boa ideia, só sei que sai do salão com raiva e chateada pela postura da minha mãe.

-Primeiro: Por que teria que haver uma festa para te encontrar um companheiro, não consegue achar sozinha? E segundo: Só eu posso humilhar meu irmão diante de uma festa em família.- Confesso que estava com raiva, já estava andando em direção a mansão daquela cadela ridícula, quando senti alguém segurar minha mão.

-Por mais que eu admire seu ato de defender seu irmão, não posso permitir que brigue com minha mãe, isso causaria uma guerra entre os lobisomens e sua família, pois eles encarariam como uma invasão e afronta direta a um membro dentro do nosso território.

-Bom, com certeza ganharíamos essa possível guerra.- A lobisomem riu na minha cara e eu desfiz nossas mãos e a empurrei para longe com um chute em seu estomago. -Não deveria ter dado risada da minha cara.

-Uau você é bem forte. Wandinha você não conhece uma matilha de lobisomens, deixe isso para lá, eu conheço minha mãe ela gosta de humilhar as pessoas é uma característica podre dela, vai por mim e deixe isso.

 Eu reconsiderei as ações que tinham acontecido naquela noite e realmente deveria ser melhor deixar isso para trás, mas se não importava mesmo porque ela estava chorando?

-Por que estava chorando?

-Bom, porque eu estava com tanta saudades de casa que não me lembrava como realmente era viver aqui.

-É tão ruim assim morar aqui?

-O problema não é o lugar em si. Enfim, preciso voltar, acredito que passei muito tempo aqui fora, até mais Wandinha, foi legal te ver de novo.

-Gostaria de poder dizer o mesmo.- A mesma sorriu.

-Talvez morar aqui não seja tão ruim assim como a recepção que tive, até mais Willa.- A mesma teve a audácia de piscar em minha direção antes de sair e meu coração bateu de novo daquele jeito esquisito.

-O que foi isso?- Mãozinha saiu de trás de uma cripta e insinuou coisas e eu o peguei. -Se repetir isso de novo eu jogo fora todos os seus cremes. -Ele se assustou e eu sorri sádica o levando até nossa casa.

 Chegando lá passei pelo quarto do meu irmão e os mesmo estava sorrindo bobo.

-Credo, tem um sorriso no seu rosto, aconteceu algo muito grave naquela festa mesmo.

-Wednesday, ela me beijou.- arregalei meus olhos desesperada.

-Quem?

-Lucille Sinclair.

-Que nojo Feioso! Você está parecendo nosso pai, recomponha-se!

-Eu acho que ela me ama!- Olhei para ele com uma expressão estranha e sai dali correndo com medo de pegar essa doença, só poderia ser uma praga, na minha cabeça só vinha minha mãe falando sobre como isso acontecia com todos e como eu deveria aceitar que um dia aconteceria comigo, impossível! Eu sou superior a isso que os mortais comuns chamam de amor, tenho certeza.

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