FOGUEIRAS

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Yuqi disse que eu parecia ter visto um fantasma.

E acho que foi exatamente o que vi naquela tarde.

Eu jamais imaginei que Yeri estava trabalhando na Blanc & Eclare, no departamento de produção musical e cenários.

Mas o que me deixou atordoada foi o desprezo que vi naqueles olhos que um dia foram tão singelos para comigo.

Eu amava tudo o que Joohyun amava e com Yeri não era diferente. Eu sempre fazia de tudo para ver aquele sorriso largo aparecer.

Tratava Yeri como se ela fosse a irmã menor que eu não tinha.

Eu não sabia o que de fato eu teria feito de tão ruim, mas posso imaginar que é por conta dos boatos sobre mim naquela empresa.

Se eu descobrir quem é que conta essas mentiras... eu não vou perdoar!

Não que eu não merecesse, mas, Yeri talvez, se sentiria melhor se estivesse ao lado de um cadáver em estado de putrefação do que na minha presença.

Mal sabe que eu morri no dia em que descobri que sua irmã não morava mais naquela casa.

As palavras dela sobre arrogância, mulheres e tudo o mais, foram como um verdadeiro soco na boca do estomago, porém, não machucaram tanto quanto saber que a Sra. Bae havia falecido.

Bae Hayuna era a melhor amiga de Joohyun, sua filha.

Ela era a mãe de todos naquela rua. Todo mundo via a Sra. Bae como a mãe descolada e jovem, enxergávamos a casa dos Bae como nosso refúgio quando algo dentro de nossas próprias casas davam errado.

Foi ela quem acolheu Moonbyul quando, sua mãe ameaçou expulsá-la de casa quando soube de sua sexualidade.

No fim, a mãe de Joohyun foi até a casa dos Moon e acolheu os pais dela que também estavam confusos e no calor da emoção, acabaram soltando essa bomba mas que, logo foi desarmada com muita conversa e amor.

As pessoas tendem a rejeitar e maltratar aquilo que não entendem.

Hayuna era a mãe do grupo, era ela que nos buscava no shopping, que nos explicava tudo sobre as dúvidas que a adolescência traz e sim, ela também nos dava broncas necessárias.

Toda vez que Solar excedia na bebida, ela fazia questão de levar a menina para casa para que na manhã seguinte, ela pudesse dar a bronca e contar a verdade para os pais da garota.

Não era maldade, era zelo.

Os homens daqui, geralmente, em sua maioria, são machistas e perigosos até.

Eles acham que todas as mulheres devem ser submissas.

É cultural. Arcaico, mas cultural e ainda há um longo caminho para mudar esse pensamento.

Engraçado que, quando nossos pais não conseguiam se comunicar corretamente conosco, eles sempre procuravam por ela, justamente por essa facilidade em nos explicar coisas que hoje parecem obvias, mas antigamente não.

Ela trabalhava muito e por muitas vezes, precisava viajar a trabalho e lembro como Joohyun explodia de felicidade quando sabia da volta de sua mãe para casa.

Eram os momentos em que eu me separava de Joohyun com todo o gosto pois eu sabia o quanto Hyun amava a mãe e como tudo aquilo era recíproco.

A Sra. Bae certa vez conversou uma tarde inteira comigo quando, descobri que eu gostava de meninas e ela foi muito sutil e gentil nessa conversa.

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