apresentando vossa alteza real...

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Capítulo 01


[...] E um par de pernas desceu de um cavalo branco, deixando com que o som de seus passos ecoasse pelo palácio conforme adentrava o recinto. Nanjo tinha apenas 24 anos e já era conhecido nos mais diferentes territórios que pudesse imaginar. Cavaleiro e viajante, sempre em seu cavalo, sem rumo certo e ganhando dinheiro com pequenos serviços que fazia conforme era necessário. 

Já havia feito centenas de entregas, desde envelopes com cartas de suma importância até pacotes com produtos considerados ilícitos... Mas a "entrega" de hoje seria a mais inusitada entre todas as que já levara até hoje (e, provavelmente, a mais importante de sua vida). 

O rei em pessoa havia convocado sua presença após a devida seleção entre os cavaleiros mais famosos do reino, e considerou o esverdeado o perfil ideal para lhe confiar uma missão tão importante quanto aquela: Nanjo seria o encarregado de levar sua filha até o palácio Shindo. 

Os Sakurayashiki e os membros que compõem a antiga geração da família Shindo vinham tendo excelentes relações comerciais nos últimos anos e, como forma de firmar esse acordo e selar, de uma vez por todas, essa parceria, fora arranjada uma união matrimonial: os Sakurayashiki ofereceriam a mão da filha mais velha, que havia acabado de completar 19 anos, ao filho único da família Shindo, que comemoraria seu aniversário de 28 anos no próximo mês. Um casamento arranjado, mas que já vinha sendo planejado há anos e que se concretizaria dentro de alguns dias. 

Infelizmente, por razões de enfermidades na família real, a presença do rei e da rainha eram de suma importância para apaziguar os ânimos de seus súditos durante os períodos de crise; o que tornava inviável a viagem do casal para o reino vizinho. Diante disso, a solução mais adequada seria que a jovem princesa viajasse sem o restante da família, e o homem mais qualificado para levá-la estava bem ali, à disposição da família Sakurayashiki. 

A viagem duraria 3 dias e 2 noites, mas, como o rei estava disposto a pagar bem, o cavaleiro não hesitou em aceitar. 

Nanjo já estava saturado de ouvir aquele longo e maçante discurso por parte do rei: o pagamento antecipado, a exigência inflexível de ter de parar para descansar todos os dias antes do pôr do sol em função dos horários de dormir da princesa, sua preocupação em não deixá-la sozinha com desconhecidos e blá-blá-blá... Aparentemente o rei não se cansava de falar quando se tratava de sua filha... Nanjo torceu para que a princesa não falasse tanto quanto o rei; caso contrário, preferiria esfaquear as próprias orelhas com um punhal. 

Após as devidas repetições (que fizeram com que Nanjo acreditasse que fosse capaz de repetir aquele discurso inteiro de cor e salteado), o rei finalmente se calou. Observou o esverdeado de cima a baixo, observando a camiseta branca de mangas longas que o rapaz vestia, que valorizava sua pele ao mesmo tempo que ressaltava seus músculos. Sem dúvida, o cavaleiro era forte, mas o esverdeado já havia dito de antemão que brigar não era seu principal hobbie; preferia apenas não se meter em confusão. No entanto, apesar dos sapatos gastos, cabelos bagunçados e falta de armadura, havia algo naquele rapaz que fazia com que o rei acreditasse que sua filha estaria em boas mãos. 

O monarca olhou nos olhos rubros de Nanjo, que os encaravam de volta sem entender bem o que de fato estava se passando na cabeça alheia, e respirou fundo antes de lhe dar um abraço. O esverdeado se surpreendeu, mas deixou que aquele abraço unilateral se estendesse; afinal, ninguém é louco de recusar um abraço vindo da realeza. Ao final do gesto, o rei se afastou e lhe fez um último apelo: 

O sol da meia-noite (MatchaBlossom)Onde histórias criam vida. Descubra agora